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A instituição de cotas raciais, em 2005, no vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi um divisor de águas para Veridiane Cíntia de Souza Oliveira, 25 anos. Para o estudante Giovane Pasqualito Fialho, a implementação deste sistema na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2008, também afetou diretamente sua vida.

Fialho é justamente o estudante que move o Recurso Extraordinário 597285, um dos processos em pauta no STF. Filho de pai negro e mãe branca, Fialho se diz prejudicado pela política da UFRGS. "Eu não sou negro, nem branco", diz. No vestibular de 2008, havia 160 vagas para o curso de Administração. Fialho teve a 132ª melhor nota. De acordo com a advogada dele, Juliana Magalhães de Bem, Fialho foi justamente o primeiro cortado para as vagas universais, por conta das reservas.

"Meu pai é negro e de família pobre. Estudou a vida toda em escola pública e conseguiu passar em concurso público sem cotas. Com esforço, conseguiu me dar condição de estudar em escola particular. Agora, estou sendo prejudicado por isso", afirma. Fialho chegou a estudar por um ano na UFGRS até que a decisão de primeira instância favorável a ele foi derrubada. Hoje, sonha, ainda, em voltar ao curso de Administração. Enquanto isso, está fazendo licenciatura em Música numa faculdade particular.

Já a história de Veridiane é oposta à de Fialho. "Eu vejo as cotas como uma oportunidade", afirma. Filha de uma empregada doméstica, estudou em uma escola filantrópica. Fez magistério enquanto trabalhava, tentou vestibular três vezes e, quando pensava em desistir, passou. O ano era 2005, o primeiro das cotas raciais da UFPR. "Eu não tinha dinheiro nem para pagar a inscrição, mas recebi ajuda. Consegui uma bolsa e fiz cursinho por seis meses", conta. No último ano do curso de Pedagogia, em 2008, Veridiane apresentou um projeto para ser admitida no mestrado e foi aprovada. "Foi uma vitória. Além de não ter sido por cotas, eu fui a única da minha sala que passou", conta.

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