Simone Tebet e Ciro: pré-candidatos estiveram juntos em cortejo cívico na Bahia.| Foto: MDB/Divulgação
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Faltando menos de três meses para as eleições, aliados do ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT) e da senadora Simone Tebet (MDB) ensaiam uma estratégia para unir as duas pré-candidaturas ao Palácio do Planalto. A medida seria uma forma de tentar dar musculatura para a chamada terceira via diante do cenário de polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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No último fim de semana, por exemplo, Ciro e Tebet estiveram juntos em uma agenda em Salvador (BA), onde posaram para fotos durante o tradicional cortejo cívico do dia 2 de julho, feriado estadual conhecido como a Independência da Bahia. Segundo aliados dos dois pré-candidatos, o encontro já estava previamente agendado e seria uma forma de mostrar unidade na defesa da democracia.

"Eu e Simone Tebet nos encontramos há pouco, nas ruas, envolvidos pelo calor do povo baiano. Democracia é isso: convivência harmônica e respeitosa", publicou Ciro nas ruas redes sociais. Na mesma linha, a senadora defendeu a civilidade do encontro. "Democracia e civilidade. Adversário não é inimigo. O Brasil precisa de tolerância e respeito", escreveu Tebet.

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Interlocutores das duas campanhas passaram a conversar há cerca de um mês no intuito de sondar a possibilidade de uma composição. A estratégia ocorre, segundo integrantes do MDB, como uma forma de ampliar a viabilidade tanto de Tebet quanto de Ciro diante das pesquisas eleitorais. Último levantamento do instituto FSB mostrou o pedetista com 8% das intenções de voto, à frente de Tebet, que somou 3%.

Além do encontro em Salvador, os dois pré-candidatos também buscaram mostrar sintonia no discurso durante sabatina da Confederação Nacional da Indústria (CNI) no começo deste mês. Cercados de empresários, os dois pré-candidatos sinalizaram que uma das prioridades em um eventual governo seria a reforma tributária, o fim da reeleição e a criação de um programa de distribuição de renda universal.

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Cotado para vice de Tebet, Jereissati é entusiasta da composição com Ciro

Até então cotado para ser vice de Simone Tebet, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) é apontado como principal entusiasta de uma aproximação da senadora com Ciro Gomes. O movimento ocorre em meio ao impasse dentro do PSDB em fechar uma coligação para apoiar Simone Tebet. De acordo com interlocutores de Jereissati, o senador já sinalizou que não irá aceitar ser vice de Tebet caso os impasses entre PSDB e MDB nos estados não sejam sanados.

O principal entrave ocorre no Rio Grande do Sul, onde o diretório estadual do MDB tem travado um embate com a Executiva nacional do partido. Recentemente, a Executiva nacional do MDB aprovou por unanimidade o indicativo em favor da aliança com o PSDB e o Cidadania para a disputa do governo do Rio Grande do Sul. Nesse caso, o partido de Tebet defende o apoio ao nome do ex-governador Eduardo Leite (PSDB). No entanto, o diretório estadual do MDB reforçou o apoio à pré-candidatura própria do deputado estadual Gabriel Souza.

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"O MDB continua firme no seu propósito de apresentar ao povo gaúcho uma opção que dê o próximo passo no projeto inaugurado pelo governador José Ivo Sartori [MDB]. Tenho compromisso com essa missão", reafirmou Souza nas redes sociais.

Diante do impasse entre PSDB e MDB, Jereissati passou a defender uma aproximação maior entre Ciro Gomes e Simone Tebet. Apesar de reconhecerem "dificuldades" para uma formalização de chapa, aliados dos dois pré-candidatos admitem que a estratégia pode ganhar força nas próximas semanas.

"Eu e o Ciro nos damos bem. Estamos no mesmo campo democrático, contra a polarização ideológica, que está levando o Brasil para o abismo. Combinamos de conversar a qualquer hora, em breve e no momento certo", afirmou Tebet sobre o encontro com Ciro na Bahia.

Plano econômico é visto como a principal divergência entre Ciro e Tebet

Na avaliação de integrantes do MDB, a principal divergência entre Simone Tebet e Ciro Gomes se dá no campo econômico. Enquanto a emedebista pretende defender em seu plano de governo a privatização de diversas estatais, Ciro já sinalizou que poderia reverter a venda Eletrobras, por exemplo.

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Já sobre a Petrobras, ambos já sinalizaram ser contrários à venda da empresa. Contudo, Ciro quer recomprar ao menos 60% das ações da estatal que estão nas mãos de acionistas minoritários, enquanto a emedebista defende um diálogo entre a direção da empresa com os seus acionistas.

Simone Tebet reconhece que, por ela ter um viés mais liberal do que Ciro, há obstáculos para se aliar com o pedetista. No entanto, a pré-candidata do MDB afirmou que, "no momento oportuno" se sentará junto com Ciro.

"Nós temos uma divergência de como tirar o Brasil da crise. Sou mais liberal na economia. Não é o momento de rever as reformas nem discutir a autonomia do Banco Central. [Mas] vamos estar sentados no momento oportuno. Democracia se faz no diálogo", afirmou Tebet.

Ainda de acordo com senadora, uma composição poderia ser feita "desde que cada um possa ceder ou chegar a um meio termo em relação a suas propostas". "Quem sabe podemos ter o PDT dentro da nossa frente democrática", completou Tebet durante o evento da CNI.

Metodologia de pesquisa citada na reportagem

O Instituto FSB Pesquisa ouviu, por telefone, dois mil eleitores entre os dias 24 e 26 de junho de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pelo banco BTG Pactual e está registrada no TSE com o protocolo BR-05022/2022.

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