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ex-ministros Bolsonaro
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello concorre a deputado pelo Rio de Janeiro.| Foto: Carolina Antunes/PR

Não é só o presidente Jair Bolsonaro (PL): ex-ministros de seu governo também concorrem nas eleições de 2022. Há antigos representantes da gestão disputando vários cargos.

Os ex-ministros da Cidadania Onyx Lorenzoni (PL) e João Roma (PL), por exemplo, disputam os governos do Rio Grande do Sul e da Bahia, respectivamente. No Paraná, Sergio Moro (União Brasil) tenta eleger-se senador. Tereza Cristina (ex-ministra da Agricultura) e Luiz Henrique Mandetta (ex-ministro da Saúde) também disputam uma cadeira no Senado, nesse caso pelo Mato Grosso do Sul.

Outros ex-ministros e ex-ocupantes de altos cargos no governo Bolsonaro vão tentar uma cadeira de deputado federal nas eleições de outubro. Veja abaixo quem são eles (por ordem alfabética):

Abraham Weintraub (PMB)

Concorre a deputado federal por São Paulo. Ele foi ministro da Educação no governo de Bolsonaro durante 14 meses, de abril de 2019 a junho de 2020. Antes, participou da criação do programa de governo de Bolsonaro e da transição, além de ter ocupado o cargo de secretário-executivo na Casa Civil.

O candidato deixou o MEC (Ministério da Educação) depois da divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020, em que afirmava que colocaria “esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF [Supremo Tribunal Federal]”.

Investigado pelo Supremo, Abrahan Weintraub deixou o país antes de entregar o cargo de ministro. Morando nos EUA, ocupou o cargo de diretor-executivo do Conselho do Banco Mundial. Voltou ao Brasil em janeiro deste ano.

Sua gestão no MEC foi cercada de polêmicas. Em 2019, o governo foi alvo de protestos depois de promover um bloqueio de 30% na verba de universidades federais. Weintraub também afirmou que instituições de ensino têm plantações de maconha, e que há “consumo exagerado, fora de controle, de drogas nas faculdades”.

Nas redes sociais, o ex-ministro insinuou que a China poderia se beneficiar da pandemia de Covid-19, trocando o “r” pelo “l” em referência pejorativa ao sotaque de chineses. Após ser criticado, Weintraub apagou o post, mas acabou sendo investigado por racismo pela Procuradoria-Geral da República. O inquérito foi arquivado.

Fora do governo, Weintraub se tornou crítico de Bolsonaro. Recentemente, afirmou que irá “tampar o nariz” e votar pela reeleição do presidente.

Alexandre Ramagem (PL)

Ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Ramagem esteve no centro de um dos conflitos entre o presidente Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal.

Em abril de 2020, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu a nomeação dele para a diretoria-geral da Polícia Federal. À época, Moraes entendeu que havia indício de desvio de finalidade na nomeação.

O caso ocorreu depois de o então ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmar que Bolsonaro queria interferir politicamente na PF, tendo "uma pessoa" de seu contato pessoal no comando da corporação para "colher informações e relatórios de inteligência".

Delegado da PF, Ramagem havia sido coordenador da segurança de Bolsonaro nas eleições de 2018, depois que Bolsonaro sofreu um ataque a faca em Juiz de Fora (MG). Agora, ele disputa o cargo de deputado federal pelo Rio de Janeiro.

General Pazuello (PL)

No Rio de Janeiro, é o ex-ministro da Saúde quem tenta uma vaga como deputado federal. Ele comandou a pasta entre maio de 2020 e março de 2021, durante a pandemia de Covid-19.

A gestão de Pazuello acompanhou polêmicas que cercaram a resposta do governo federal à pandemia. Em sua temporada como ministro, por exemplo, o governo chegou a lançar um aplicativo sugerindo a prescrição de medicamentos sem eficácia comprovada para a Covid-19. Também houve a crise de falta de oxigênio hospitalar em Manaus (AM), quando doentes morreram asfixiados.

Depois de deixar o ministério investigado em um inquérito da Polícia Federal a respeito do caso em Manaus, Pazuello passou a ocupar o cargo de secretário de Estudos Estratégicos do Palácio do Planalto.

Marcelo Álvaro Antônio (PL)

Concorre à reeleição como deputado federal por Minas Gerais. Ele foi ministro do Turismo no governo de Bolsonaro entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020.

Marcelo Álvaro Antônio foi demitido pelo presidente depois de afirmar que o então ministro da Secretaria do Governo, Luiz Eduardo Ramos, queria que o presidente entregasse a pasta do Turismo ao chamado Centrão, em troca de apoio no Congresso.

Antes disso, porém, o então ministro já enfrentava desgaste por causa de um escândalo envolvendo candidaturas "laranja" em Minas Gerais nas eleições de 2018.

Segundo as investigações, o PSL, ao qual Álvaro Antônio e Bolsonaro eram filiados, teria lançado candidaturas de fachada para desviar dinheiro do fundo eleitoral. O partido negou irregularidades.

O caso explodiu em abril de 2019, mas Bolsonaro decidiu manter o ministro no cargo mesmo assim.

Mario Frias (PL)

Foi secretário especial de Cultura no governo de Bolsonaro, entre junho de 2020 e março de 2022. Ele assumiu a pasta depois da saída da atriz Regina Duarte. O candidato disputa uma vaga como deputado federal em São Paulo.

Ator, Mario Frias acumulou polêmicas em seu período no governo. Em fevereiro deste ano, o então secretário fez uma viagem de cinco dias a Nova York, no valor de R$ 39 mil, para tratar de um projeto cultural envolvendo o lutador de jiu-jitsu Renzo Gracie, um apoiador de Bolsonaro. Os valores foram pagos pelo governo.

O candidato também insinuou, em uma live, que o ator Paulo Gustavo não morreu de Covid-19. Além disso, foi fotografado indo armado para seu gabinete na Secretaria Especial da Cultura.

Osmar Terra (MDB)

No Rio Grande do Sul, ele busca reeleger-se como deputado federal. Foi ministro da Cidadania no governo de Bolsonaro entre janeiro de 2019 e fevereiro de 2020. Depois, foi substituído por Onyx Lorenzoni (PL), que, em 2022, tenta se eleger governador no Rio Grande do Sul.

Osmar Terra deixou o ministério em meio a uma série de mudanças promovidas por Bolsonaro no primeiro escalão do governo. Médico, ele chegou a afirmar, em abril de 2020, que a epidemia de Covid-19 acabaria em São Paulo “em menos de 30 dias”, chamando a quarentena de “inútil”.

Ele também previu que a doença mataria menos do que a gripe H1N1. Em 2009, a gripe provocou 2,1 mil óbitos. No Brasil, desde o início da pandemia, a Covid-19 matou 682 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde.

Ricardo Salles (PL)

O ex-ministro do Meio Ambiente disputa uma cadeira na Câmara dos Deputados por São Paulo. Advogado, ele comandou a pasta até junho de 2021. Foi exonerado depois de ser alvo de uma investigação por suposta atuação ilegal para beneficiar madeireiros.

No vídeo da reunião ministerial ocorrida em abril de 2020, Ricardo Salles apareceu afirmando que o governo deveria aproveitar a pandemia de Covid-19 para “passar a boiada” na legislação ambiental, ou seja, flexibilizar as normas de proteção ao meio ambiente.

Sua gestão foi marcada pelo aumento nos índices de desmatamento e das queimadas na Amazônia. Também houve o derramamento de óleo na costa brasileira e a paralisação do Fundo Amazônia, destinado a programas de conservação ambiental.

Sérgio Camargo (PL)

Foi presidente da Fundação Palmares, uma instituição do governo federal voltada à promoção e à preservação de valores decorrentes da influência negra na sociedade brasileira. Ele concorre a uma cadeira na Câmara dos Deputados por São Paulo.

O candidato sempre se definiu como de direita, e se posiciona contra pautas do movimento negro. Durante a gestão de Camargo, a Fundação Palmares tirou 27 nomes da lista de personalidades negras homenageadas. Entre eles, a deputada Benedita da Silva (PT), os cantores Elza Soares, Gilberto Gil e Martinho da Vila, e a escritora Conceição Evaristo.

Sérgio Camargo também já deu declarações polêmicas. Nas redes sociais, afirmou que a escravidão foi terrível, “mas benéfica para os descendentes”. Ele também disse que o Brasil tem uma espécie de “racismo nutella”, enquanto o “racismo real” existiria nos EUA.

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