A senadora Soraya Thronicke (MS), possível candidata à Presidência pelo União Brasil| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senad
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O União Brasil lançou nesta terça-feira (2) a senadora Soraya Thronicke (MS) como pré-candidata do partido à Presidência da República. A parlamentar substituirá no posto o presidente nacional da agremiação, o deputado federal Luciano Bivar (PE), que desistiu da corrida ao Palácio do Planalto no último domingo (31). Caso seja efetivamente confirmada candidata, Thronicke enfrentará nas urnas aquele que foi uma de suas inspirações para o ingresso na política e de quem ainda é vice-líder no Congresso Nacional: o presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Thronicke foi eleita ao Congresso em 2018 como uma representante da "onda conservadora", que levou Bolsonaro para o comando do país e deu mandato a uma série de pessoas que, até então, estavam distantes da política. Ela disputou a sua primeira eleição naquele ano e não era favorita até poucos dias antes da votação. No Congresso, porém, foi aos poucos se distanciando de Bolsonaro, e o afastamento culmina agora nesta possível candidatura presidencial.

Para que Thronicke seja efetivamente a candidata do União Brasil, precisa ter seu nome homologado na convenção nacional da agremiação, agendada para sexta-feira (5). Alguns segmentos do partido ainda demonstram resistência à candidatura. Não necessariamente por serem contrários à senadora, mas por preferirem que o partido adote uma postura de neutralidade.

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O União Brasil foi formado pela fusão de PSL e DEM e conta com muitos apoiadores de Bolsonaro entre seus membros. Os governadores Wilson Lima (AM) e Marcos Rocha (RO), que são candidatos à reeleição, anunciaram publicamente que votarão em Bolsonaro e farão campanha a favor do presidente.

Da "imagem do Brasil" ao enfrentamento na CPI da Covid

Thronicke foi eleita para o cargo pelo PSL, partido pelo qual Bolsonaro concorreu em 2018, e permaneceu na sigla mesmo após a debandada da agremiação do presidente e de sua base mais próxima, ao final de 2019.

Ao ficar no PSL, Thronicke fez um ato de distanciamento de Bolsonaro que acabaria indicando um novo momento de seu mandato – postura contrastante com a adotada por ela meses antes. Em outubro de 2019, ela chegou a apresentar um projeto de lei para a criação do que chamou de "A imagem do Brasil", um programa de TV que teria veiculação obrigatória cujo conteúdo seria a exibição de realizações do governo federal. "Infelizmente, num momento em que nós não podemos mais confiar em parte da mídia, porque as informações são manipuladas ou não são levadas até vocês, nós precisamos fazer algo que seja justo", afirmou, na ocasião.

O ápice do deslocamento entre Thronicke e a gestão Bolsonaro se deu durante a CPI da Covid. Criada e conduzida por parlamentares oposicionistas, Thronicke se juntou aos críticos de Bolsonaro na ocasião, questionando o tratamento precoce defendido pelo presidente e cobrando agilidade para a compra de vacinas. Na época, ela disse que foi atacada nas redes sociais por apoiadores de Bolsonaro por ter publicado uma mensagem em que prestava solidariedade às vítimas do coronavírus. Durante a CPI, senadoras de diferentes correntes ideológicas atuaram de forma conjunta, e a principal diretriz da bancada feminina foi de questionamento ao governo Bolsonaro.

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À época, a senadora afirmou à Gazeta do Povo que seu comportamento na comissão era resultado das informações apresentadas e da documentação a que teve acesso. Mas expôs que sua postura combativa não representava um rompimento definitivo entre ela e o governo. Thronicke alegou que se mantinha defensora das propostas conservadoras tratadas como prioridade por Bolsonaro e que sempre foi "muito clara com o governo". Seu cargo de vice-líder do governo no Congresso não foi questionado, e ela permanece na função até os dias atuais.

Vice e coligação

A pré-candidatura de Thronicke ao Planalto começou a ser costurada ao longo da semana passada, após Bivar sinalizar que poderia desistir de seu plano presidencial. O deputado e outras lideranças do União que são favoráveis ao nome de Thronicke apostam que ela, ao divulgar o nome do partido na corrida presidencial, poderia contribuir para que o União receba mais votos para outros cargos em disputa.

Outros dois componentes são também apresentados como vantagens: um é o fato de o investimento na pré-candidatura poder ser interpretado como uma ação em benefício de uma candidatura feminina, o que é positivo inclusive em termos jurídicos; e o segundo ponto é que o mandato de Thronicke vai até o ano de 2027, então não há prejuízo no caso de uma eventual derrota.

O nome de Bivar não chegou a cair nas graças do eleitorado. O deputado ficou com 0% nas intenções de voto nas pesquisas mais recentes dos institutos PoderData e FSB, divulgadas respectivamente nos dias 20 e 25 de julho. Bivar e seu entorno entendiam que havia poucas chances de vitória e tratavam a pré-candidatura como uma forma de divulgar o partido e o projeto de imposto único, uma das principais bandeiras políticas do parlamentar. Bivar deve concorrer à reeleição à Câmara.

Com o lançamento de Thronicke, o União Brasil intensificará as negociações para trazer mais partidos para o projeto. O Podemos foi sondado. No último fim de semana, dirigentes do partido defenderam que o senador Alvaro Dias (PR) concorra ao Palácio do Planalto. Ele foi candidato a presidente em 2018 e ficou na nona colocação. Ao jornal O Globo, ele declarou que não vê a possibilidade de o Podemos indicar o candidato a vice em uma chapa encabeçada por outro partido.

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Metodologia das pesquisas citadas

O Instituto FSB Pesquisa ouviu, por telefone, dois mil eleitores entre os dias 22 e 24 de julho de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pelo banco BTG Pactual e está registrada no TSE com o protocolo BR-05938/2022.

O levantamento do PoderData, que contratou a própria pesquisa, ouviu 3 mil eleitores em 309 municípios das 27 unidades da federação entre os dias 17 e 19 de julho de 2022. As entrevistas foram feitas por telefone, para fixos e celulares. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. Foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-07122/2022.