A eleição para a prefeitura de São Paulo deste ano foi a mais disputada das últimas dez eleições realizadas na cidade desde a redemocratização, em 1988. Mesmo com mais de 98% das urnas de São Paulo apuradas, às por volta das 20h desse domingo (6), ainda não era possível saber quem seriam os candidatos que disputariam o segundo turno na capital paulista.
Com 99,88% das urnas apuradas, ficou definido que o prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), com 29,48% dos votos, vai para o segundo turno com Guilherme Boulos (Psol), com 29,07%. Pablo Marçal (PRTB) estava em terceiro lugar, com 28,14% dos votos, e não entrou no segundo turno por uma diferença com Guilherme Boulos menor que 100 mil votos.
Pela primeira vez houve um trio de candidatos que disputaram voto a voto até o final da campanha eleitoral. Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (Psol) e Pablo Marçal (PRTB) foram os protagonistas do primeiro turno mais concorrido na capital paulista.
Desde a primeira realização do segundo turno em São Paulo, em 1992, todas as eleições municipais tiveram uma disputa eleitoral em segundo pleito, com exceção de 2016, quando João Doria (PSDB) surpreendeu com a vitória em primeiro turno. Em todas as eleições passadas - incluindo 2016 -, as pesquisas eleitorais indicavam dois candidatos como favoritos para avançarem ao segundo.
Confira como foi o segundo turno em São Paulo desde 1992
- 2020 - Bruno Covas (PSDB) X Guilherme Boulos (Psol) - (Covas venceu)
- 2016 - Não houve; vitória de João Doria no 1° turno
- 2012 - Fernando Haddad (PT) X José Serra (PSDB) - (Haddad venceu)
- 2008 - Gilberto Kassab (DEM) X Marta Suplicy (PT) - (Kassab venceu)
- 2004 - José Serra (PSDB) X Marta Suplicy (PT) - (Serra venceu)
- 2000 - Marta Suplicy (PT) X Paulo Maluf (PPB) - (Marta venceu)
- 1996 - Luiza Erundina (PT) X Celso Pitta (PPB) - (Pitta venceu)
- 1992 - Paulo Maluf (PDS) X Eduardo Suplicy (PT) - (Maluf venceu)
Pesquisa três dias antes indicava empate triplo na liderança da disputa
O instituto Datafolha divulgou na quinta-feira (3) uma pesquisa1 que mostrava como estava a disputa pela prefeitura de São Paulo (SP) nas eleições municipais de 2024. Os dados foram publicados pela Folha de S. Paulo e pelo G1. O instituto indicava um empate tecnicamente triplo na liderança entre os candidatos Boulos, Nunes e Marçal.
Esse era o cenário da pesquisa estimulada, quando os nomes dos candidatos são apresentados para o eleitor. Na pesquisa espontânea, Boulos empatava tecnicamente com Nunes e este, por sua vez, empatava tecnicamente com Pablo Marçal no limite da margem de erro de dois pontos percentuais.
Outras pesquisas divulgadas na semana que antecedeu o 1º turno refletiram o mesmo empate técnico triplo e a mesma intensa disputa entre os principais candidatos e a incerteza sobre o resultado da eleição à prefeitura de São Paulo, como a Paraná Pesquisas de 1º de outubro de 20242, a Quaest divulgada no dia 30 de setembro4, e a RealTime Big Data5, também do dia 30 de setembro.
Datafolha: pesquisa para a prefeitura de São Paulo divulgada em 3 de outubro1
Estimulada
- Guilherme Boulos (Psol): 26%
- Ricardo Nunes (MDB): 24%
- Pablo Marçal (PRTB): 24%
- Tabata Amaral (PSB): 11%
- Datena (PSDB): 4%
- Marina Helena (Novo): 2%
- Bebeto Haddad (DC): 0%
- Ricardo Senese (UP): 0%
- João Pimenta (PCO): 0%
- Altino Prazeres (PSTU): 0%
- Branco/nulo: 6%
- Indecisos: 3%
Espontânea
- Guilherme Boulos (PSOL): 24%
- Ricardo Nunes (MDB): 20%
- Pablo Marçal (PRTB): 16%
- Tabata Amaral (PSB): 6%
- Marina Helena (Novo): 2%
- Atual prefeito/no atual: 2%
- Datena (PSDB): 1%
- Ricardo (sem especificar): 1%
- Candidato do PT/No PT/candidato do Lula: 0%
- Branco/nulo: 6%
- Não sabe/recusa: 18%
Metodologia1: 1.806 entrevistados pelo Datafolha entre os dias 1 e 3 de outubro de 2024. A pesquisa em São Paulo foi contratada pela Folha de S. Paulo e pela Rede Globo. Confiança: 95%. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-09329/2024.
Metodologia das demais pesquisas citadas na reportagem
Metodologia2: 1.500 entrevistados pelo Paraná Pesquisas entre os dias 27 e 30 de setembro de 2024. A pesquisa em São Paulo foi contratada pelo próprio Instituto Paraná de Pesquisas e Análise de Consumidor Ltda. Confiança: 95%. Margem de erro: 2,6 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-04763/2024.
Metodologia4: 1.800 entrevistados pela Quaest entre os dias 27 a 29 de setembro de 2024. A pesquisa em São Paulo foi contratada pela Globo Comunicação e Participações SA/TV/Rede/Canais/G2C+Globo Globo.com Globoplay. Confiança: 95%. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-01233/2024.
Metodologia5: 1.500 entrevistados pelo Real Time Big Data entre os dias 27 e 28 de setembro de 2024. A pesquisa em São Paulo foi contratada pela 3 Poderes Mídia e Comunicação. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-05171/2024.
Eleição em São Paulo bate recorde com 11 debates no primeiro turno
A eleição para a prefeitura de São Paulo deste ano atingiu o recorde de 11 debates entre os candidatos. O recorde anterior foi registrado nas eleições de 2016, com seis debates na capital paulista. Além do alto número de encontros entre os candidatos para discussão de propostas, a disputa de 2024 é marcada pela escalada da violência nos debates, com troca de acusações e ofensas até culminar em episódios de agressões físicas.
O último dos encontros ocorreu na TV Globo na quinta-feira (3). Temas como: cracolândia, recorde da população de rua em São Paulo, concessão de cemitérios e envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC) foram abordados nos quatro blocos do debate.
Confira os próximos debates em caso de segundo turno em São Paulo:
- TV Bandeirantes: 14 de outubro, às 22h15
- UOL/RedeTV!: 17 de outubro, às 9h30
- TV Record: 19 de outubro, às 21h
- UOL/Folha de São Paulo: 21 de outubro, às 10h
- TV Globo: 25 de outubro, às 22h
Lula e Bolsonaro foram padrinhos discretos no primeiro turno em São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram padrinhos políticos relativamente tímidos durante o primeiro turno da campanha a prefeito de São Paulo. Contrariando expectativas para essa reta final de uma das eleições municipais mais disputadas na maior capital brasileira, Lula cancelou agendas com o seu apadrinhado, o candidato do Psol, Guilherme Boulos. Já Bolsonaro, que inicialmente gravaria vídeos de campanha com o prefeito Ricardo Nunes, também desistiu da ideia.
Lula visitou São Paulo apenas duas vezes durante toda a campanha. No sábado (5), o presidente esteve na Avenida Paulista com Boulos e Marta Suplicy (PT) para tentar uma “arrancada final”. O petista também esteve na capital paulista em 24 de agosto, quando participou de dois comícios, um na Zona Sul e outro na Zona Leste. O comício foi alvo de críticas após a intérprete cantar o Hino Nacional com linguagem neutra. Após esse primeiro encontro, Lula cancelou viagens para São Paulo e lives no Instagram com Boulos.
Apesar de ter escolhido o vice para a chapa de Nunes, o coronel Mello Araújo (PL), Bolsonaro chegou a declarar, durante a campanha, que o candidato à reeleição não é o candidato dos sonhos, apesar de ter reiterado o apoio a ele. A campanha de Nunes contava com Bolsonaro para gravação do material de campanha, o que não se concretizou.
Bolsonaro não apareceu na capital paulista nos últimos dias antes do fim da campanha para o primeiro turno. O ex-presidente optou por focar na reta final da campanha no Rio de Janeiro, onde o filho Carlos Bolsonaro (PL) conseguiu a reeleição à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.
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