O ex-ministro do STF Celso de Mello fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
O ex-ministro do STF Celso de Mello fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL).| Foto: Carlos Moura/ SCO/STF.

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello afirmou nesta terça-feira (26) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem "aversão" à democracia e não está "à altura do cargo que exerce". A declaração consta em uma carta encaminhada pelo ex-ministro ao ex-procurador-geral de Justiça de São Paulo Luiz Antônio Marrey. Mello também cita que precisará cancelar sua participação no lançamento da "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito" por motivos de saúde.

O ato vai acontecer no dia 11 de agosto na Faculdade de Direito da USP, onde o ex-magistrado iria ler o documento no Pátio das Arcadas. Mello pediu para ser incluído entre os signatários da carta. O ex-ministro ressalta que é necessário "insurgir-se contra as tentações autoritárias e as práticas governamentais abusivas". Para ele, Bolsonaro demonstra "profunda aversão à ideia eticamente superior de democracia constitucional – traduz, em sua trajetória política, a imagem de um governante que não está, como jamais esteve, à altura do cargo que exerce, pois lhe faltam estatura presidencial e senso de estadista".

"Necessário, pois, reagir aos pronunciamentos de um político menor (e medíocre) que busca permanecer na regência do Estado, mesmo que esse propósito individual, para concretizar-se, seja transgressor do postulado da separação de poderes e revelador de uma irresponsável desconsideração das instituições democráticas de nosso País!", disse.

"Bolsonaro, além de sua distorcida visão de mundo, sustentada e exposta por quem ele realmente é, desnuda-se ante a Nação como um político medíocre e que, além de possuir desprezível espírito autocrático, também expôs-se, em plenitude, em sua conduta governamental, como a triste figura de um Presidente menor, sem noção dos limites éticos e constitucionais que devem pautar a conduta de um verdadeiro Chefe de Estado, capaz de respeitar a autoridade suprema da Constituição da República", afirmou Mello na carta a Marrey.

Celso de Mello se aposentou da Corte em 2021 e foi substituído por Kassio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro.