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Laboratório da BBF, onde o óleo de palma vem sendo desenvolvido como potencial combustível.
Laboratório da BBF, onde o óleo de palma vem sendo desenvolvido como potencial combustível.| Foto: Photograf/BBF/Divulgação

Óleo de dendê, macaúba, bambu e até amônia são algumas das matérias-primas que vêm sendo desenvolvidas como alternativas de matéria-prima para fornecer energia limpa.

O Grupo BBF (Brasil BioFuels) aposta no óleo de palma – também conhecido como óleo de dendê, usado na culinária baiana – como principal matéria-prima para produção de biocombustíveis em substituição ao diesel fóssil.

O foco é a produção de diesel verde e combustível sustentável de aviação (conhecido pela sigla em inglês, SAF). O grupo está investindo R$ 2,2 bilhões em uma biorrefinaria para produção dos dois combustíveis em Manaus. A previsão é de que a operação comece em 2026.

O combustível de aviões produzido com o óleo de palma será fornecido para a Vibra Energia (antiga BR Distribuidora). A nova planta terá capacidade de produzir cerca de 500 milhões de litros por ano de SAF e diesel verde.

O óleo de palma – também conhecido como óleo de dendê – é extraído do dendezeiro, uma palmeira originária da África.
O óleo de palma – também conhecido como óleo de dendê – é extraído do dendezeiro, uma palmeira originária da África.| Pixabay

Óleo de palma é "pré-sal verde", diz CEO da BBF

Além da culinária, o óleo de palma é usado nas indústrias de cosméticos e higiene. O Brasil produz 2% do óleo de palma do mercado mundial. Cerca de 95% da produção – cerca de 90 milhões de toneladas por ano – está concentrada na Indonésia, Malásia e Tailândia.

Milton Steagall, CEO da BBF, considera o óleo de palma um “pré-sal verde” por seu potencial de expansão no Brasil. O Grupo BBF cultiva a planta em 75 mil hectares na Floresta Amazônica entre os estados do Pará e Roraima.

“Com os 31 milhões de hectares disponíveis [no Brasil], temos a oportunidade de gerar 1,1 bilhão de barris de óleo de palma por ano, para ser utilizado no desenvolvimento de biocombustível para atender o setor aéreo", diz Steagall. "Isso é mais do que é extraído pela Petrobras no nosso pré-sal, por isso, digo que temos um verdadeiro 'pré-sal verde' no nosso país."

Acelen aposta na produtividade da macaúba

A empresa de energia Acelen investe na clonagem de espécies superiores da macaúba, uma planta de alto teor energético, para desenvolver combustíveis renováveis. A primeira fase do projeto já começou. É em parceria com a MulticanaPlus, empresa especializada em pesquisa e desenvolvimento de protocolos de micropropagação vegetal e clonagem de plantas elite de macaúba.

O objetivo é criar cópias geneticamente idênticas de plantas com características desejadas, como resistência a estresses e alto potencial produtivo. Clonar as espécies que dão maior retorno é uma forma de ser mais assertivo na aposta.

“A macaúba é uma planta brasileira com alta produtividade de óleo por hectare, muito competitiva em relação a outras culturas, oferecendo maior eficiência no uso da água e nutrientes, apoiando a conservação e recuperação do bioma local”, diz Marcelo Cordaro, vice-presidente de novos negócios da Acelen.

Com investimento de R$ 12 bilhões nos próximos 10 anos, a Acelen plantará macaúba e dendê em 200 mil hectares, privilegiando áreas degradadas. Com isso, planeja produzir 1 bilhão de litros de diesel renovável e querosene de aviação sustentável por ano.

Econew testa bambu como fonte de biomassa

A Econew, em parceria com a Universidade de Viçosa e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), começou a plantar cinco espécies de bambu em agosto de 2022 para analisar quais se desenvolveriam melhor como fonte de biomassa.

O CEO da Econew, Leonardo Simões Zica, explica que o bambu não é matriz energética, mas uma matéria-prima alternativa na produção de biomassa, de briquetes de carvão vegetal e do biocarvão, que são substitutos “verdes” para o carvão mineral.

O carvão tem diversas aplicações, em áreas como agropecuária, saneamento e construção e nas indústrias farmacêutica, cosmética, alimentícia e têxtil. A biomassa de bambu tem sido usada em maior escala nos países asiáticos, como Índia e China. No Brasil, existem algumas iniciativas no Centro-Oeste.

Segundo Zica, o bambu é mais sustentável que o eucalipto, se adapta bem ao clima tropical e tem maior eficiência no acúmulo de carbono, ajudando no processo de descarbonização.

“O bambu tem alta capacidade de rebrota ao ser cortado, pois seu ciclo de vida é de 50 a 70 anos, com cortes a cada dois ou três anos. Além disso, diferentemente do eucalipto, que é cultivado em sistema de monocultura, pode ser plantado em áreas degradadas, como reflorestamento, e compor com outras culturas”, acrescenta Zica.

O projeto da Econew ainda está em fase de plantio e os primeiros testes com o biocarvão de bambu devem ocorrer em dois anos.

Vale estuda amônia como combustível para locomotivas

Outra fonte alternativa no radar das empresas é a amônia. A Vale vai testá-lo como combustível para locomotivas. Em julho, a mineradora anunciou parceria com a Wabtec Corporation para desenvolver um motor a amônia que não emita gás carbônico.

A ideia é que, no futuro, as locomotivas usadas na Estrada de Ferro Carajás (EFC), hoje movidas a diesel, possam ser abastecidas com amônia, proporcionando uma operação limpa no trecho.

Ainda não foram realizados testes em veículos. Os primeiros estudos serão feitos em laboratório, para avaliar desempenho, redução de emissões e viabilidade da amônia como combustível.

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