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O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates: “Abaixar artificialmente o preço [do querosene de aviação] representaria a Petrobras subsidiar um setor”.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates: “Abaixar artificialmente o preço [do querosene de aviação] representaria a Petrobras subsidiar um setor”.| Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a companhia não vai reduzir o preço do querosene de aviação (QAV) para ajudar companhias aéreas como a Gol, que pediu recuperação judicial há poucos dias. Ele argumenta que o valor do combustível já caiu quase 41% desde o ano passado e que as empresas do setor terão “lucro bastante expressivo em 2023 em relação ao ano anterior”.

A empresa foi convidada a participar de um plano do governo federal de ajuda às empresas aéreas que deve incluir a criação de um fundo de financiamento de até R$ 6 bilhões. O setor ainda sofre as consequências da crise provocada pela pandemia de Covid-19 a partir de 2020.

“Chamaram a gente para ir lá porque somos o principal fornecedor, para entender a base do processo”, contou Prates, que participa de evento com investidores estrangeiros em Nova York, ao jornal “O Estado de S. Paulo”. “Dentro da tarifa de passagem aérea, tem várias coisas e uma delas é o combustível, que, por sua vez, tem vários componentes, e aí entra a Petrobras”, disse.

O combustível representa cerca de 40% dos custos de uma companhia aérea no Brasil. Para Prates, no entanto, o problema enfrentado pelas aéreas não diz respeito à companhia, embora ela possa colaborar com as discussões sobre o tema. “A gente baixou [o preço do QAV] 30% no ano passado e 10% neste, mais 0,5% a partir de amanhã [1.º de fevereiro]”, afirmou na entrevista, concedida na quarta (31/1).

“Se existe uma correlação entre uma coisa e outra, no mínimo tinha que estar parado ou baixando 20%. Ou existe a correlação, e isso é importante, ou não existe a correlação ou não é tão importante assim, e o problema está em outros lugares. E aí não cabe à Petrobras, não é a nossa função. A Petrobras foi convidada, vai participar da reunião. Tudo bem, a gente sempre colabora”, disse.

Segundo ele, a colaboração se dará, pelo menos, no aspecto instrutivo. “Nada de baixar mais preço”, afirmou. “Abaixar artificialmente o preço representaria a Petrobras subsidiar um setor. Para isso, eu teria de ter uma ordem direta cumprindo todos os trâmites e a devida compensação financeira segundo a Lei das Estatais”, acrescentou.

Em relação ao pedido de recuperação judicial da Gol, o presidente da petrolífera atribuiu “arranjos que dizem respeito ao negócio da companhia aérea, e não necessariamente a tentar espremer a Petrobras, o governo apertar para dar um subsídio por meio da empresa”.

Na semana passada, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse que pretendia discutir forma de reduzir o preço do QAV como parte de um plano de socorro ao setor aéreo.

“Nós estamos, nesses próximos dias, dialogando com as aéreas e com a Petrobras, vamos avançar o diálogo com o presidente Jean Paul, para que a gente possa, na próxima semana, efetivamente apresentar uma proposta”, disse o ministro após participar de reunião com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e com a presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Jurema Monteiro.

Em novembro do ano passado, Prates se indispôs com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, após uma cobrança pública sobre redução no preço de combustíveis.

Pelas redes sociais, o presidente da estatal disse que se o ministério quisesse “orientar a Petrobras os preços de combustíveis diretamente”, seria necessário seguir tanto a Lei das Estatais quanto as regras do estatuto social da companhia.

Na sequência, Silveira disse não ter compreendido as falas de Prates. “Eu não fiz nada mais do que ressaltar os compromissos do governo com o país assumidos com a eleição. Eu disse que os preços dos combustíveis são parte essencial da meta de inflação”, afirmou o ministro.

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