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Veja onde ficam as cidades que devem receber os primeiros jogos do Brasil |
Veja onde ficam as cidades que devem receber os primeiros jogos do Brasil| Foto:

Agências esperam 5,5 mil brasileiros na África

O torcedor brasileiro que quiser acompanhar a Copa do Mundo em um dos dez estádios sul-africanos terá de desembolsar pelo menos US$ 8.790 (cerca de R$ 14.900). Esse é o valor do pacote mais simples oferecido pelo pool de agências credenciadas pela Fifa para comercializar o Mundial. O módulo não permite acompanhar integralmente a competição. Porém tem a vantagem de garantir assento para a semifinal e a final.

Já quem optar por passar todo o período no país, com ingresso para os sete jogos e em acomodação individual, precisará tirar do bolso US$ 33.513 (R$ 56.900). São oito opções de pacotes diferentes, todos com passagem aérea incluída. Até o momento em torno de 3 mil brasileiros garantiram presença na Copa, a maioria na categoria corporativa – empresas compram o pacote e oferecem a funcionários ou em promoções. A expectativa é que esse número chegue a 5.500. O faturamento deve bater na casa dos US$ 41 milhões (R$ 69,7 milhões). "O torcedor não precisará se preocupar com nada. Agi­li­zamos toda a logística para facilitar ao máximo a vida das pessoas", explica Douglas de Presto, diretor do Grupo Águia para assuntos relativos à Copa do Mundo, empresa controladora da agência de turismo Stella Barros, uma das operadoras credenciadas pela Fifa. (CEV)

Entrevista

Calvyn Gilfellan, chefe do departamento de marketing da Cidade do Cabo na Copa 2010.

Qual a expectativa da Cidade do Cabo em relação à organização da Copa?

A cidade nunca teve tanto interesse por futebol quanto agora. Queremos desenvolver o futebol ainda mais, já que, tradicionalmente, o esporte sempre teve uma maior representatividade em países do norte do continente.

O que tem sido feito em termos de infraestrutura para o Mundial?

Muita coisa. Além do estádio, estamos investindo em transporte rápido por ônibus, na melhoria das condições do aeroporto. Haverá mais voos nacionais e internacionais também. Apenas na zona do aeroporto foram investidos 2 bilhões de rands (aproximadamente R$ 280 milhões) em oitos meses.

Quanto foi investido na construção do estádio?

De 3 a 4 bilhões de rands (de R$ 430 milhões a R$ 530 milhões).

Não teme que o Green Point possa se transformar em um grande elefante branco após a Copa?

Não. Teremos programas de utilização do estádio para eventos nacionais, internacionais, concertos de músicas... Os times da capital, como o Santos e o Ajax por exemplo, também já pediram para usá-lo. Podem ser realizados lá jogos de rúgbi e críquete. A capacidade também irá diminuir, de 68 mil para 54 mil pessoas

Quantos turísticas a Cidade do Cabo espera receber durante o Mundial?

Metade dos 400 mil turistas que devem chegar ao país.

Existe uma preocupação dos turistas em relação à segurança...

Mas a cidade é muito segura. Já organizamos outros eventos, dois mundiais de rúgbi e não tivemos reclamações. Pedimos a colaboração de oficiais de outros países durante a Copa. Problemas existem, mas nós estamos preparados para enfrentá-los. Como é no Brasil.

O que podemos esperar da seleção sul-africana na Copa do Mundo?

Se jogarmos o que jogamos na Copa das Confederações (eliminada pelo Brasil nas semifinais), estaremos na final enfrentando a seleção brasileira (risos).

Glossário

- Afrikaans – o idioma oficial local, juntamente com o inglês.

- Apartheid – política de segregação racial que vigorou na África do Sul até 1991. Três anos depois, o país se tornaria uma democracia. No regime, os brancos tinham o poder, enquanto os negros eram obrigados a viver separados.

- Bafana Bafana – apelido da seleção sul-africana de futebol.

- Egoli – é como passará a ser chamada, em afrikaans, Johannesburgo.

- Icapa – é como passará a ser chamada, em afrikaans, a Cidade do Cabo.

- Rands – a moeda local. Vale aproximadamente sete vezes menos do que o dólar e quatro vezes menos em relação ao real.

- Soccer City – é o estádio de Johannesburgo construído especialmente para a Copa. O cartão-postal do primeiro mundial na África.

- Soweto – abreviação para South Western Townships. É o subúrbio negro de Johannesburgo.

Foco da resistência contra o apartheid.

- Twisuani – é como passará a ser chamada, em afrikaans, a cidade de Pretória.

Bafana Bafana? Não, Banana Banana

"Não é Bafana Bafana. É Banana Banana". A frase de um operador da companhia de aviação South African reflete o que pensa boa parte dos sul-africanos. Os anfitriões da Copa estão receosos quanto à participação do país no torneio da Fifa. "Estamos mal. Falta espírito, de­­terminação aos jogadores", diz Gideon Munah, funcionário de um hotel credenciado para receber a torcida brasileira na Cidade do Cabo. "O time vem jogando um futebol muito fraco ultimamente", emenda Natasha Zilla, fazendo referência à campanha recente da África do Sul – oito derrotas nas últimas nove partidas.

O retrospecto ruim custou o emprego do técnico Joel Santana, trocado por outro brasileiro, Carlos Alberto Parreira. Nos bastidores comenta-se que Santana recebia 1,5 milhão de rands (aproximadamente R$ 400 mil) por mês, valor que teria sido aumentado na proposta a Perreira. A substituição é motivo para mais polêmica no país. "Trocou o treinador na hora certa, é o que estávamos precisando. A seleção é forte", afirma Maxwell Jodo, feliz também com o retorno do ídolo Benni McCarthy, afastado do time por causa de desavenças Joel.

Gideon Munah, porém, é da ala contrária. Ele ainda não aceitou a saída de Parreira em 2008. Na ocasião, o técnico alegou motivos particulares para voltar ao Rio de Janeiro. "O (Joel) Santana é um bom técnico, é só ver o que fizemos na Copa das Confederações. Uma pena ter ido embora. Sem contar que o Parreira abandonou o nosso país sem explicação", ressalta. (CEV)

  • O Soccer City, de Johanesburgo: pronto por dentro, mas em obras por fora
  • Parecida geograficamente com o Rio, Cidade do Cabo abriga o Green Point
  • Tradicional palco do rúgbi, o Ellis Park, em Johannesburgo, receberá sete jogos da Copa
  • A fachada imponente do novo estádio de Durban: gramado preservado logo no começo da Copa.
  • Grafite de alguns jogadores da seleção sul-africana: país desconfia dos Bafana Bafana

Johannesburgo, Cidade do Cabo, Durban e Umhlanga. Essas quatro cidades devem fazer parte do roteiro inicial da seleção brasileira na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010. As três primeiras são os prováveis locais das partidas da equipe de Dunga na fase de grupos do Mundial, confirmação a ser feita até o dia 4 de dezembro, quando serão sorteadas as chaves do torneio. A quarta será a base da torcida brasileira no país. Entre o fim de outubro e o começo de novembro, o repórter Carlos Eduardo Vicelli passou por esses quatro destinos (a convite da Stella Barros Turismo). Visitou estádios, roteiros fora do futebol e conversou com os sul-africanos sobre a expectativa para o que a África do Sul pode oferecer à Copa e aquilo que o Mundial pode trazer ao país.

Johannesburgo

30 de outubro - sexta-feira

O garoto africano, típico morador do Soweto, a região símbolo da resistência negra durante o apartheid, sorri encabulado ao ver a delegação de jornalistas brasileiros à porta do Soccer City. "Não dá para entrar, infelizmente", diz, saindo de lado, sem tempo para confirmar o nome e o sobrenome aos repórteres. O imponente estádio de Johannesburgo é o cartão de visitas da Copa da África do Sul, a primeira no continente. Palco da partida de abertura e da finalíssima, o complexo esportivo foi erguido em tempo recorde – 34 meses –, ao custo de 3 bilhões de rands (US$ 450 milhões). "O Ninho do Pássaro, em Pequim, demorou 54 meses. Wem­­bley, na Inglaterra, 56 meses. Vencê-los é um orgulho para os sul-africanos", conta a portuguesa Yolanda Sommer, há 43 anos em Joburg, a principal cidade do país, com pouco mais de 7 milhões de habitantes.

O Soccer City, porém, deve ser entregue apenas dois me­­ses antes de a bola rolar, na partida de inauguração do Mun­­dial, no dia 11 de junho. Se lá dentro faltam apenas retoques (95% da construção está pronta), do lado de fora há muito o que fazer. Operários se apressam para urbanizar o grande descampado que servirá como área de convivência. Por ora prevalece o tom alaranjado da terra, o mesmo que enfeita grande parte da calabaça (estrutura típica da região) ao redor do estádio. "Foram usados 9 milhões de tijolos, 3 mil toneladas de aço na estrutura...", lista Yolanda os números do vizinho famoso do Soweto, cotado para abrigar a estreia da seleção brasileira, no dia 14/6 – caso as especulações que dão conta de que o time de Dunga será cabeça de chave do Grupo E se confirmem. Neste caso, o Brasil ficará sediado em uma cidade alta da região, já que Joburg está 1.730 metros acima do nível do mar.

Johannesburgo terá ainda uma subsede. O Ellis Park abrigará sete confrontos na Copa, incluindo um jogo das quartas de final. O estádio é antigo, cuja construção começou na década de 20, e pode receber até 60 mil espectadores. Se assemelha à Arena da Baixada, mas carrega também aspectos da La Bombonera, o lendário alçapão do Boca Juniors. O complexo passa por uma recauchutagem, mas não esconde o peso da idade. Na arquibancada, poças de lodo atrapalham o tráfego de torcedores – incômodo que os sul-africanos pro­­metem resolver até o evento da Fifa.

O que não deve acontecer com o trem rápido que ligaria a cidade a Pretória. A linha não deve ficar pronta a tempo. O mesmo vale para os ônibus para o corredor do centro ao ae­­roporto – apenas parte do trecho até Soweto está funcionan­do.

Cidade do Cabo

31 de outubro - sábado

A cidade litorânea a duas horas de voo de Johan­nesburgo se parece com o Rio de Janeiro, recortada por mar e montanhas. Por isso foi escolhida como uma das duas bases da torcida brasileira na África do Sul (a outra é Umhlanga, colada a Durban). Uma das montanhas, a Table Mountain, é passeio obrigatório. Lá do alto, levado por bondinhos iguais ao do Pão de Açúcar na capital fluminense, pode-se ver o Green Point Stadium, erguido especialmente para o Mundial, a poucos metros do mar.

Há ainda outro aspecto que une a Cidade do Cabo ao Rio: próximo ao aeroporto (em fase final de am­pliação), uma imensa favela salta aos olhos. São 11 quilômetros ao lado da principal via de acesso ao ter­­minal. Em Kayalitha residem cerca de 850 mil pessoas.

1º de novembro - domingo

O turista pode aproveitar o intervalo entre uma par­tida e outra do Mundial para garimpar a história. A 30 minutos de carro do centro encontra-se o Cabo da Boa Esperança ou Cabo das Tormentas (responsável por batizar a região de encontro dos oceanos Atlântico e Índico). Paisagem memorável.

2 de novembro - segunda-feira

A África do Sul quer aproveitar os milhares de turistas que desembarcarão no país para divulgar os vinhos da região de Stellenbosch (Winelands), ao lado da Ci­­dade do Cabo. São 120 fazendas privadas produzindo a bebida em cerca de 100 mil hectares – atualmen­te o país é o nono produtor mundial, com 750 milhões de litros/ano. "São de 10 a 12 mil pessoas trabalhando na indústria do vinho", explica o guia Carlos Ciolfi.

Outros tantos operários correm para terminar as benfeitorias em frente ao Green Point. Árvores nativas estão sendo plantadas em um imenso jardim para fazer jus ao nome do estádio – pontes sobre o local levarão os torcedores às arquibancadas. "O governo investiu entre 3 e 4 bilhões de rands (de US$ 450 milhões a US$ 600 milhões", diz Calvyn Gilfellan, responsável pelo marketing da Cidade do Cabo na Copa 2010.

Do bar da piscina do hotel em frente do estádio, Maxwell Jodo acompanhou todo o processo de construção do complexo esportivo para 68 mil es­­pectadores. Fã do atacante Benni McCarthy, do Blackburn, da Inglaterra, ele ainda não sabe se po­­derá acompanhar in loco algum jogo do Mun­­dial. Não tem certeza se terá dinheiro suficiente para comprar o ingresso, em média ao custo de US$ 139 (aproximadamente R$ 236) – os bilhetes mais baratos, limitados a uma carga pequena, saem por US$ 20 (R$ 34). "Quero muito ir. Não posso perder a Copa", conta.

O hotel em que Maxwell prepara drinques dá bem a dimensão de outro problema que os sul-africanos – e o restante do mundo – precisarão lidar durante o torneio da Fifa: a inflação. A hospedagem no melhor quarto do local sairá por 7 mil rands (cerca de R$ 1.750) entre junho e julho do ano que vem – sete vez mais do que o valor atual.

Durban/Umhlanga

3 de novembro - terça-feira

Durban está a duas horas de voo de Johannesburgo. Cidade com a cara da África, dividida entre negros, índios e brancos (minoria). Os negros pertencem em grande parte à tribo zulu, responsável por um dos nove dialetos falados no país, além do inglês e afrikaans, os idiomas oficiais. É costume entre os zulus que homem se case com quantas mulheres quiser. "Basta juntar 12 vacas e dar como dote ao pai da noiva", explica Carlos Ciolfi.

A tradição ajuda a explicar o alto índice de contaminação por Aids entre os sul-africanos – na po­­pulação adulta, acima de 15 anos, a marca é de 20%.Uma visita ao Mercado Indiano, na área central de Durban, é passeio obrigatório para quem quer conhecer o artesanato local.

Umhlanga, a segunda casa dos brasileiros na Áfri­ca do Sul, é colada a Durban – no meio do ca­­minho encontra-se o novo aeroporto, construído especialmente para a Copa, com previsão de entrega para março de 2010. Os torcedores não terão di­­­­ficuldades para se divertir em shoppings e cassinos, além de ter à disposição uma lista extensa de bons restaurantes. A segurança, motivo de preocupação principalmente em Johannesburgo, é outro ponto forte da região, chamada pelos locais de Kwazulu-Natal.

4 de novembro - quarta-feira

Durban torrou 2,6 bilhões de rands (US$ 380 mi­­lhões) para erguer o Moses Mabhida Stadium, palco de sete jogos no Mundial, incluindo uma semifinal. Terá capacidade para 72 mil pessoas, mas que será di­­minuída para 56 mil depois do Mundial, se transformando em uma arena multiuso.

O estádio faz parte de um complexo dedicado aos esportes, chamado de Kings Park Sporting Precinct. No local, próximo ao mar, a população poderá praticar caminhadas, ciclismo, canoagem, patinação, rúgbi e críquete (as principais modalidades no país). A intenção é usar a área para convencer o Comitê Olímpico Internacional (COI) a entregar à África do Sul a organização dos Jogos Olímpicos de 2020 ou 2024, o que explica o Moses Mabhida ter sido concebido com características de estádio olímpico – além de Durban, Johannesburgo e a Cidade do Cabo disputam a indicação interna para ser a cidade da Olimpíada africana, a primeira no continente.

Dentro do estádio, marcado pelo luxo dos ca­­marotes, praticidade e modernidade, destaque pa­­ra as cadeiras coloridas, que vão do branco ao vermelho, e ao mirante de 350 metros (arco que corta o complexo ao meio). Lá de cima, após subir 550 degraus ou optar por um carrinho elétrico, o torcedor terá uma vista panorâmica do estádio e da cidade.

Faltam apenas reparos na grama para a inauguração, prevista para acontecer no dia 29 de novembro, no clássico local entre Amazulu e Maritzburg United. "Usaremos o estádio também para os grandes jogos de rúgbi e críquete", revela Julie-May Ellingson, chefe do setor de projetos estratégicos de Durban.

Em março, a nova estação de trens, ao lado do Mo­­ses Mabhida ficará pronta, o que facilitará o acesso do público.

Johannesburgo

5 de novembro - quinta-feira

Um ônibus, quase três horas de viagem, boa vontade e de­­­­­sapego ao sono. É preciso acordar cedo para chegar no Hluhluwe Game Reserve a tempo de encontrar os leões, elefantes e rinocerontes acordados. O safári africano merece ser incluído em qualquer programação turística. Destaque ainda para o churrasco improvisado pelos guias no meio da reserva (em local protegido do apetite dos leões, é claro) após mais de duas horas de passeio.

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