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Zagueiro João Leonardo entra no lugar de Danilo, que está suspenso. Jancarlos também é desafalque | Albari Rosa / Gazeta do Povo
Zagueiro João Leonardo entra no lugar de Danilo, que está suspenso. Jancarlos também é desafalque| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

"Você vai carregar a tocha do Pan?!? Mesmo? De qual modalidade você é?". Nenhuma, respondi. No semblante da professora e sua turma, a decepção era evidente. "Sou repórter da Gazeta", expliquei, sem efeito sobre a meninada que esperava um figurão. Apenas um "Bra-sil, Bra-sil" tímido e, gloriosamente desmotivado, iniciei os 400 metros tão cansativos quanto gloriosos de minha carreira esportiva – ou de jornalista esportivo, como queiram.

O fato é que por alguns (intermináveis) minutos, amparada pelo meu braço direito, a chama dos Jogos Pan-Americanos subiu ao céu perfeitamente azul da tarde de ontem em Curitiba. Pulou para o esquerdo. Voltou para o direito. E terminou no esquerdo. Ufa!

Parecia tranqüilo conduzir (nada de "levar a tocha") o artefato de pouco mais de 1,5 kg por cerca de quatro quadras. Não foi. A instrução era para que a mão ficasse quase na altura da cabeça, fugindo assim de uma eventual e vexaminosa chamuscada no cabelo, cílios e sobrancelhas – e isso judiou o ombro já castigado pela lida diária no computador.

Incômodo certamente reforçado em quem, como eu, inventou de cumprir o trajeto no "trotezinho". Durante a primeira parte, deslizei faceiro pela Rua Mateus Leme embrulhado no uniforme branco. Tirei onda de herói olímpico acenando para os populares, especialmente as crianças. O trânsito na região parou para que eu (quem?) passasse. Sem esbanjar, mandei até um sorriso para as câmeras à minha frente. Sem dúvida, empolgante.

Mas, vencidos 100 metros, o trote virou semi-cooper graças ao ritmo puxado da dupla de orientação que me acompanhava. Sem poder maneirar a velocidade, passada a metade veio aquela sensação de perda dos sentidos: a vista escurece, a cidade ficou muda, consegui apenas perguntar: "Falta muito?". Por sorte, já avistei a esquina, logo ali à esquerda. E no modo automático de condução entreguei o símbolo maior do evento são e salvo, rumo à Cidade Maravilhosa. Vai que vai.

Performance no máximo mediana para quem fora elogiado por um profissional. "Você está fininho, vai conseguir sem problema", incentivou o velocista paranaense Flávio de Souza Silva, antes do início do percurso. Isso porque eu havia combinado com ele uma transição estilo revezamento 4x100 metros – abortada pelo medo de apagar a chama (essa parte é brincadeira). Sem chance. No fim das contas, sobrou a satisfação de ter participado da festa, uma boa história pra contar e o alívio de ver a tocha partindo no horizonte.

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