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 | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Lucas Di Grassi tem 28 anos e nenhuma trava na língua. Instigado a falar sobre a rápida passagem pela Fórmula 1, em 2010, quando participou de 19 corridas pela inexpressiva Virgin, ele soltou o verbo. Não poupou o ambiente da categoria, classificado pelo piloto como "um mundo bem desonesto". Di Grassi também não tem medo de "bola dividida". Fala do sucesso atual de Sebastian Vettel e da comparação entre Nelson Piquet, Ayrton Senna e Michael Schumacher. Recém-contratado pela Audi para participar do WEC, categoria oficial da FIA de carros protótipos, o piloto falou com a Gazeta do Povo enquanto se preparava para correr as 500 milhas de kart, no balneário de Penha (SC) – a prova foi disputada no último dia 15. Acompanhe os principais trechos da entrevista:

Você surgiu como uma grande promessa do automobilismo nacional, chegou a ser titular da Virgin (atual Marussia) na Fórmula 1 em 2010, mas depois perdeu espaço. Que avaliação faz da sua carreira até o momento?

Eu estou como piloto de testes da Fórmula 1 até o final deste ano. Pela Pirelli, faço o desenvolvimento de todos os pneus. Fiz um pouco de tudo e fiz a Fórmula 1. Ano que vem eu vou me dedicar muito mais a fazer algumas provas importantes [foi contratado para ser piloto da Audi na WEC, uma categoria de protótipos criada pela Federação Internacional de Automobilismo].

A sua passagem pela F1 foi muito rápida. O que aconteceu?

Aconteceu que acabou o dinheiro. Fórmula 1 é, cada vez mais, só grana e patrocínio. Eu fui o melhor da equipe, terminei na frente da equipe no ano, melhor resultado, tudo, mas não consegui me manter pelo fator de patrocínio mesmo.

Então quer dizer que o dinheiro conta mais que o talento na F1?

Hoje em dia o dinheiro conta 80%, 90%.

Parece ter desistido da F1.

Não sei, não sei se eu penso em voltar mais. É uma questão de onde estiver...

Mas não é o sonho de qualquer piloto?

É, mas todo o piloto quer ganhar. Eu prefiro correr em outra categoria e ser campeão mundial do que ficar andando em décimo na Fórmula 1 em uma equipe que não vai levar a lugar nenhum. Então, se for voltar para Fórmula 1, é para ter a chance de fazer alguma coisa. Esse é o objetivo principal.

Por que o Brasil não consegue revelar um piloto que brigue de fato pelo título mundial na Fórmula 1? O que falta?

Falta uma equipe boa, falta o Brasil investir mais em automobilismo, pilotos...

Há muita "trairagem" nos bastidores da principal categoria do automobilismo?

Fórmula 1 é um meio muito complicado. Há bastante força política, bastante coisa por trás que ninguém sabe. Hoje em dia o aspecto financeiro manda muito. Então quem tem maior poder financeiro tem maior poder dentro da Fórmula 1. É um mundo bem desonesto.

Nelson Piquet, Ayrton Senna ou Michael Schumacher, quem foi melhor para você?

Senna.

Até onde o Sebastian Vettel, atual tricampeão da F1, pode chegar?

Se ele tiver o carro certo, ele pode vencer até os 40 anos. Depende só de estar no carro certo. No momento ele tem o melhor carro e é um ótimo piloto.

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