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Mané Garrincha, o anjo das pernas tortas, parte para cima de mais um “João” contra os ingleses: ponta foi o craque do Mundial | Arquivo/ Agencia Estado
Mané Garrincha, o anjo das pernas tortas, parte para cima de mais um “João” contra os ingleses: ponta foi o craque do Mundial| Foto: Arquivo/ Agencia Estado
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  • Em pé, da esquerda para a direita: Djalma Santos e Bellini em jogo do Robertão de 1968

O dia de hoje é especial para o futebol brasileiro. Há exatos 50 anos, no dia 17 de junho de 1962, o país superava a Tchecoslováquia de virada, por 3 a 1, no Estádio Nacional, em Santiago (Chile), e conquistava o bicampeonato mundial.

O feito fez com que a seleção se igualasse na época à Itália e ao Uruguai como os maiores vencedores da Copa. E elevou o Anjo de Pernas Tortas – apelido dado por Vinícius de Morais – à fama de Alegria do Povo.

Após a conquista, um jornal chileno chegou a estampar: "Qual planeta vem Garrincha?". O atacante, famoso pelos dribles, marcou quatro gols, foi eleito o melhor da competição pela Fifa e comandou um time abalado pela ausência de Pelé, que se machucou na segunda rodada.

"O ponta vestiu a farda de general e chamou a responsabilidade para si", conta o ex-ponta Pepe, um dos integrantes do grupo campeão, à Gazeta do Povo.

O astro do Botafogo também se envolveu em uma polêmica. Na semifinal, foi expulso – porém, graças as pressões políticas, jogou a decisão.

"Ele não dava pontapé e foi expulso sem ser expulso naquele jogo da semifinal. Acho que foi um problema de comunicação entre ele e o árbitro. Ainda bem que conseguiram revogar", pondera Zito, jogador também com papel decisivo. Ele fez o gol da virada contra os europeus na final.

"Quem tremia eram os adversários quando ficavam de frente com a gente", garante o meia santista. "Éramos um grupo de vencedores. Não importava quem estivesse em campo, o nosso time funcionava", lembra o ex-centroavante Coutinho, que era o caçula do grupo — com 19 anos.

A contusão de Pelé foi um momento de tensão e harmonia da equipe nacional. Naquele momento, surgiu a "sorte de campeão".

"Foi um momento complexo, pois Pelé e Garrincha eram os que desequilibravam. O Amarildo [substituto do camisa 10] ficou nervoso com a ideia de jogar, mas o Zito gritou e pediu para que ele levantasse a cabeça. Aí ele fez uma grande Copa", revela Mengálvio, meia que era reserva de Didi.

Garrin­­cha, morto em 1983 em decorrência do alcoolismo, era quem alegrava e unia o grupo. "Ele era engraçado demais e jogava muito", fecha Zito. "Era o cara mais alegre dentro e fora de campo. Criava um clima excelente. Fora de série", concluiu Mengálvio.

Futebol local fecha história de campeões

Patricia Bahr, especial para a Gazeta do Povo

Os gramados de Curitiba marcaram a despedida de dois personagens do bi mundial: o zagueiro Bellini e o lateral-direito Djalma Santos. Medalhões dos mais badalados no país, eles agitaram o então tímido futebol paranaense.

Ambos encerraram suas carreiras no Atlético do ex-presidente rubro-negro Jofre Cabral e Silva – uma aventura entre 1968 e 71.

O historiador Heriberto Machado – especialista na memória do Furacão – conta que o dirigente foi a São Paulo para montar um grande time. "Jofre falou com Djalma Santos, pedindo a indicação de alguns nomes. O melhor lateral do mundo à época disse: ‘Por que não oferece esse dinheiro para mim?’. A partir daí, as pretensões mudaram. Em seguida, ele foi ao Morumbi e também contratou Bellini", conta Machado.

Entre os companheiros do lendário time, uma imagem de profissionalismo. "O Bellini, uma pessoa das mais sérias, sentia mais a idade [tinha 38 anos na época], mas o Djalma, mais brincalhão, com quase 40 anos puxava a fila na física", relembra o ex-ponta do Atlético, Nílson Borges.

O defensor encerrou a carreira no dia que o homem chegou à Lua, em 20 de julho de 1969, num Atletiba, na Baixada. Ao final do jogo, deu a volta no campo, sendo aplaudido pelos dois times. "O capitão [da Copa de 58] chorou", relembra Borges.

O lateral tem no currículo a conquista do Paranaense de 1970. "No dia da final, em Paranaguá, estávamos sentados numa praça após o almoço, nervosos. E o Djalma na maior calma, fazendo barquinho de papel e brincando de afundar com pedrinhas", conta, aos risos, o ex-atacante.

Sicupira, outro ídolo do período, fala com saudosismo dos ‘galácticos’. "Convivi com ele também fora do futebol, fomos sócios numa lotérica", recorda. O lateral deixou os gramados em 21 de julho de 1971, contra o Grêmio e iniciou a carreira de treinador no próprio Atlético.

Hoje, o ex-camisa 2 mora em Uberaba (MG), trabalhando num projeto de escola de futebol. Bellini está em São Paulo.

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