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De olho no recorde brasileiro de ouros em Pans, Thiago Pereira, que cairá oito vezes na piscina em sete dias, está preocupado com a recuperação mais lenta nos 1,5 mil metros de altitude de Guadalajara | Wander Roberto/ Inovafoto COB
De olho no recorde brasileiro de ouros em Pans, Thiago Pereira, que cairá oito vezes na piscina em sete dias, está preocupado com a recuperação mais lenta nos 1,5 mil metros de altitude de Guadalajara| Foto: Wander Roberto/ Inovafoto COB

Rumo ao recorde

O maior medalhista da natação brasileira nos Jogos Pan-Americanos estreia hoje em Guadalajara em sua prova favorita. Thiago Pereira (foto) será o destaque dos 400 m medley. As finais estão marcadas para as 21 h (de Brasília). Mesmo participando de oito provas e sofrendo com a altitude local – 1.500 metros acima do nível do mar –, ele poderá ser o brasileiro maior vencedor da história dos Jogos, superando o mesa-tenista Hugo Hoyama, que acumulou nove ouros em suas sete participações em Pans. Pereira tem seis ouros na continental. Depois dos 400 m medley, ele competirá nas provas dos 200 m medley, 100 e 200 m costas, 200 m peito e em três revezamentos.

Antes de competir contra outros atletas, os brasileiros tem de vencer um adversário a mais nos Jogos Pan-Americanos de Gua­­dalajara: a altitude da cidade me­­xicana.

A partir das 10 horas (horário de Brasília) de hoje, começam as competições em 46 modalidades. O evento continental ocupa o calendário até o dia 30 de outubro.

O município fica a 1,5 mil me­­tros acima do nível do mar. Quase o dobro da altitude de Curitiba. Para turistas, os efeitos são praticamente nulos. Para os atletas, po­­rém, o desgaste é maior.

É a primeira vez, desde 1975 – a 2,4 mil metros, na Cidade do México –, que o evento é disputado nessas condições.

"A partir desta altitude o corpo humano começa a sentir sintomas mais sérios", destaca o médico clínico-geral do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Bruno Borges. "O que acontece é uma maior fadiga, já que o organismo precisa de mais trabalho para capturar o ar que precisa", completa o especialista.

Para atenuar o possível cansaço, as seleções de atletismo e natação investiram em um período de aclimatação em outra cidade me­­xi­­cana, La Loma – onde a al­­ti­­tu­­de é ainda maior: 1,9 mil metros.

"Assim, eles aumentaram o número de glóbulos vermelhos no sangue, o que permite armazenar mais oxigênio", diz Borges. Os efeitos, na prática, poderão ser vis­­tos a partir de hoje.

Thiago Pereira, por exemplo, cai na água a partir do meio-dia, nos 400 metros medley – mesma prova do londrinense Diogo Yabe –, no início de seu desafio pessoal de superar as seis medalhas de ouro, a prata e o bronze que conquistou no Pan do Rio-2007. É apenas a primeira das oito raias que disputará em sete dias.

"Será bastante cansativo, pois a recuperação é mais lenta em Guadalajara. Preciso acostumar meu corpo para as provas de meio fundo", avaliou Pereira.

Os mesa-tenistas brasileiros também tiveram dez dias para adaptação no México. Não física, mas na velocidade do jogo. "O atrito com o ar é menor e a bolinha fica mais rápida", explica o técnico Lincon Yasuda.

"Com a velocidade, a bola flutua mais. A dica é rebater mais na quina da raquete e não no meio dela. Todos erram, mas aqui vão errar mais do que o normal", assegurou Hugo Hoyama, recordista brasileiro em medalhas de ouro (nove) em Jogos Pan-Americanos. Ele foi o porta-bandeira do país na abertura do evento, ontem à noite.

Os ciclistas do BMX encontrarão a maior dificuldade: os 2 mil metros de altitude de Tapalpa, cidade vizinha a Guadalajara.

A equipe do atletismo, que en­­tra na disputa só a partir do dia 23, optou por se dividir. Cerca de 30 atletas, especialmente velocistas e fundistas, estão em La Loma desde o início de outubro, enquanto parte dos saltadores ainda treina em São Paulo. Para eles, o efeito da altitude pode ser positivo, pois a resistência do ar é menor.

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