• Carregando...
Adrian Maceda, da Espanha, brinca de equilibrar a bola na cabeça | Daniel Caron/ Gazeta do Povo
Adrian Maceda, da Espanha, brinca de equilibrar a bola na cabeça| Foto: Daniel Caron/ Gazeta do Povo

O espanhol Manoel Morais, 31 anos, trabalha como motorista de furgão entregando produtos de limpeza na região de Valencia. O uruguaio Sebastian Bazán, 24, por outro lado, ganha a vida como vendedor de doces em uma loja na pequena cidade de Trinidad. Já o brasileiro naturalizado americano Junior Pereira, 38, comanda uma empresa de instalação de televisão via satélite na Flórida.

Ao lado de outros 41 participantes, de 13 países diferentes, todos eles começam hoje, em Curitiba, a disputa da primeira etapa do Mundial de futevôlei – esporte nascido nas areias do Rio de Janeiro na década de 1960. Sem pretensão, muito menos pressão, o torneio é a melhor maneira que eles têm para evoluir no esporte. A final é amanhã, a partir das 14 horas, na arena montada no Jardim Botânico – as classificatórias são hoje, das 9 horas até o fim da tarde.

A realidade da maioria das 22 duplas inscritas é não ter a vitória como objetivo primordial – a acentuada diferença técnica dos brasileiros e paraguaios praticamente afasta essa possibilidade. Para quem ainda está longe de carregar o futevôlei como profissão, a missão é melhorar seu jogo e aproveitar cada instante.

"É uma oportunidade que nunca vamos esquecer. O mo­­mento é de aprender e desfrutar ao máximo", diz Morais, praticante há seis anos. "Na Espanha, hoje, não há chance alguma de ser profissional desse esporte", completa o auxiliar administrativo Adrian Maceda, 23, o outro integrante da dupla espanhola.

No Uruguai também não há condição de sobreviver do futevôlei. Os dois primeiros do ranking do país precisam dedicar parte do tempo livre, normalmente nos fins de semana, para os treinos. No rigoroso inverno dos Pampas, o frio é mais um adversário.

"Mas não é desculpa. Ten­ta­­mos treinar e competir da melhor maneira possível", argumenta Bazán, que participou no Mun­­dial 4x4, há uma semana, no Rio. "É difícil. Tanto Brasil quanto Paraguai estão acima de outros. Mas vamos aprendendo para um dia chegar...", emenda o professor de Educação Física, Cristian Beasley, 31.

Da Europa, Itália, Portugal, Rússia, França e Polônia mandaram representantes. Além do país-sede, Paraguai, Uruguai, Ar­­gentina e Chile defendem a América do Sul. Canadá e Estados Unidos completam os competidores.

A dupla norte-americana, porém, tem um ‘leve’ sotaque carioca. "É como o caso do Deco e Portugal. Nasceu aqui [Brasil], mas teve uma chance de representar aquela seleção", explica o estudante Carlo Meneghisso, 22, que mora em Deerfield Beach desde 2000. Ao lado do amigo Junior Pereira, invictos há 31 jogos nos EUA, eles foram convidados a representar o país onde construíram suas vidas.

"É mais um hobby do que profissão. Jogamos torneios de três em três meses e temos dificuldade em achar adversários para treinar e ainda dividir o tempo com o trabalho", conclui Pereira, simbolizando o amadorismo, no bom sentido, do futevôlei.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]