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Rubens Bohlen chora ao ler a carta de renúncia à presidência do Paraná. | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Rubens Bohlen chora ao ler a carta de renúncia à presidência do Paraná.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Após um tortuoso roteiro que terminou em caso de polícia, Rubens Bohlen renunciou à presidência do Paraná no final da tarde de terça-feira (24), em emocionado pronunciamento realizado em um hotel no Centro de Curitiba.

Às lágrimas e muito abalado, o dirigente alegou que tomou a decisão final após ser ameaçado por João Quitéria, ex-presidente da organizada Fúria Independente e integrante do grupo Paranistas do Bem. Por causa do incidente, que ocorreu na tarde de segunda-feira (22), no CT Racco, Bohlen registrou boletim de ocorrência na polícia.

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“Ontem [segunda-feira], quando acompanhava o treinamento, fui surpreendido por um dos membros do Paranistas do Bem que fez diversas ameaças para mim, inclusive à minha família. É por isso que estou me desligando desta instituição”, disse o agora ex-presidente.

Segundo o texto do BO Bohlen alega que Quitéria chegou ao CT aparentando “estar perturbado” e “lhe proferiu injúrias”, tais como “seu bosta”, dizendo que, caso o time caísse para a terceira divisão, Bohlen teria que “mudar de planeta”.

Ainda segundo o registro da polícia, Bohlen alega que Quitéria teria dito também: “sabemos onde você mora, onde seu filho trabalha“; “não me responsabilizo pelo que possa vir a acontecer”; e “vocês me conhecem, comigo a coisa é resolvida na bala”.

Boletim de ocorrência registrado por Rubens Bohlen na polícia contra João Quitéria.Brunno Covello/Gazeta do Povo

Agora, de acordo com o estatuto do clube, o vice-presidente, Luiz Carlos Casagrande, o Casinha, assumirá o posto deixado por Bohlen. A cerimônia de posse oficial de Casinha, como é conhecido o novo presidente, está programada para sexta-feira (27).

O dia da renúncia foi marcado por uma série de desencontros e mistérios. Ainda durante a manhã, Rodrigo Vissotto, presidente do Conselho Deliberativo, e Benedito Barboza, presidente do Consultivo, confirmaram a hipótese de Bohlen entregar uma carta de renúncia.

No início da tarde, às 14h30, o vice-presidente do Deliberativo, Oliveiros Machado, dirigiu-se até a sede social da Kennedy para uma reunião com o mandatário, mas ouviu de Bohlen para que marcassem um encontro no fim do dia, em um local supostamente secreto no Centro.

Bohlen deixou a sala da presidência, na Av. Kennedy, por volta das 15h30 e disparou, de forma irônica: “não vou deixar o cargo”. O local escolhido para o novo encontro foi uma confeitaria na Praça Zacarias, no Centro, onde Machado aguardava a chegada de Bohlen, por volta das 17h.

Neste momento, porém, a assessoria de imprensa do clube já havia convocado um pronunciamento do presidente em um hotel, sem o conhecimento de Machado, que teve de ser avisado pela própria imprensa, com quem caminhou lado a lado até o hotel.

Por fim, às 17h45, Bohlen proferiu as últimas palavras na condição de presidente do Tricolor. O agora ex-mandatário pediu a continuidade dos departamentos de marketing, jurídico e de futebol, alegou profunda dor em deixar o cargo e agradeceu à torcida. Após doze minutos de fala, Machado, com uma caneta vermelha emprestada, assinou o pedido de renúncia.

A pressão interna pela saída de Bohlen iniciou ainda no mês passado, quando os Paranistas do Bem ofereceram R$4 milhões de investimento em troca da renúncia do presidente. O cartola rejeitou e acusou os opositores de tentarem comprar seu cargo.

Na sequência, o empresário Carlos Werner, que custeava o CT Ninho da Gralha e liderava o Paranistas do Bem, alegou divergências com a diretoria para retirar o aporte financeiro, dando início a um processo de isolamento de Bohlen no clube.

Após isso, o dirigente resistiu ainda a três reuniões do Conselho Deliberativo e a uma do Consultivo quando, praticamente sozinho, defendeu sua permanência. Bohlen chegou a pedir 30 dias para apresentar um projeto para o clube, mas antes mesmo de expirar o prazo, admitiu não ter encontrado nenhuma solução e pediu renúncia.

O outro lado

João Quitéria confirma ter ido ao CT Racco na tarde de segunda-feira (23), mas nega ter ameaçado Bohlen. O ex-presidente da Fúria diz que foi ao local cobrar o gerente de futebol, Marcus Vinícius, e o supervisor, Fernando Leite, que estariam dizendo ao elenco que, caso os Paranistas do Bem assumissem, Quitéria poderia entrar nos vestiários quando quisesse para cobrar o time de forma violenta.

“Eles estavam fazendo terrorismo com o elenco para que apoiassem o presidente. Dizendo que eu poderia entrar no vestiário e dar porrada em todo mundo. Soube disso e fui defender meu nome, não fui em nome do Paranistas do Bem”, afirma Quitéria.

“Eu nem sabia que o presidente estaria lá. Quando soube, acabei falando com ele também. Mas o que o Bohlen falou é mentira e ele vai ter que provar na Justiça. Ele queria um motivo para sair como o coitado da história e acabou conseguindo”, complementa o ex-presidente da Fúria.

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