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Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar | Roberto Custódio/JL
Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar| Foto: Roberto Custódio/JL

Teixeira abre mão de eleição

Zurique – As facilidades que a Fifa deu ao Brasil para que receba, hoje, o direito de organizar a Copa do Mundo de 2014 não sairão baratas para a direção da CBF. Ao escolher o país como sede do Mundial, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, neutraliza uma eventual candidatura do presidente da Confederação, Ricardo Teixeira, à sua sucessão.

Teixeira já foi sondado para se apresentar como uma espécie de "candidato da nova geração", o que seria inviabilizado pelos compromissos com o Mundial. Em seu livro Falta, sobre os bastidores da Fifa, o escritor Andrew Jennings conta como Teixeira é "um dos piores pesadelos" de Blatter, já que representa o Brasil no futebol, é novo e ainda é o ex-genro de João Havelange.

Uma festa brasileira sem Pelé

Zurique – No mesmo dia em que o Brasil celebrará o direito de receber sua segunda Copa do Mundo, o maior símbolo do futebol nacional estará na Europa, mas não na festa preparada pela Fifa, em Zurique. Pelé não foi convidado pela CBF para participar do evento. Hoje, estará ocupado em uma feira de esportes, na cidade de Colônia, na Alemanha, onde promoverá uma empresa de grama sintética.

A ausência do Rei do Futebol na cerimônia causou estranheza. Michel Platini, ex-jogador e atual presidente da Uefa, manifestou-se publicamente a respeito do assunto no domingo, questionando repórteres brasileiros: "Por que Pelé não está envolvido na promoção da Copa no Brasil? Ele é o futebol brasileiro!". Os representantes da CBF na cerimônia são o presidente Ricardo Teixeira, o assessor de imprensa Rodrigo Paiva, o atacante Romário (embaixador da candidatura), o técnico da seleção, Dunga, e o escritor Paulo Coelho.

A posição da CBF é de que Pelé será utilizado na divulgação da Copa em momento oportuno. Mas o próprio ex-jogador estaria reticente em vincular seu nome à organização do Mundial. Sua principal preocupação é que possíveis problemas com questões financeiras, políticas e até administrativas acabem respingando em sua imagem vencedora.

Pelé e Ricardo Teixeira romperam relações por quase uma década, período em que o Rei acabou barrado dos sorteios das chaves da Copa do Mundo, mas voltaram a se falar pouco mais de cinco anos atrás. À época, o ex-jogador já havia deixado a cadeira de ministro extraordinário dos Esportes, que ocupou no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso na Presidência (1995-1998). O presidente da CBF, por sua vez, acabava de sair da investigação de duas CPIs.

Zurique – Poucas vezes um anúncio da Fifa ligado à escolha de sede para a Copa, como o que será feito hoje, às 12 horas (de Brasília), na sede da entidade, será tão previsível. Ao mesmo tempo em que conquistou o direito de realizar o Mundial de 2014, o Brasil caminha para a verdadeira competição envolvendo o torneio: a escolha das cidades que vão sediar os jogos. Um processo que será muito mais complicado do que aparenta e que envolve muito "lobby" na frente das câmeras e, sobretudo, nos bastidores.

De acordo com os planos da candidatura brasileira, 12 cidades sediarão os jogos – os inspetores da Fifa sugerem de 8 a 10 –, selecionadas de uma lista de 18, cujos representantes têm na ponta da língua os motivos para puxar brasas em direção às suas sardinhas. A julgar pelo roteiro da recente inspeção da Fifa e pelos óbvios motivos históricos, políticos e econômicos, Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre são presença certa na lista final, que será divulgada até dezembro de 2008. Salvador também pinta como boa aposta por conta do potencial turístico.

Outras cidades cotadas são Goiânia, Fortaleza e Curitiba. Mas há muitas vagas em aberto e mesmo estados sem tradição no futebol verde-amarelo sonham com uma chance. Sendo assim, uma verdadeira tropa de choque de políticos está em Zurique para aproveitar a atenção despertada pela Copa. Apenas ontem, transitavam pelo saguão do Hotel Marriott, uma espécie de quartel-general dos brasileiros, os governadores de Rio, São Paulo, Minas Gerais, Amazonas, Pará, Mato Grosso, Ceará, Distrito Federal e Acre. Todos com muita coisa para contar.

"Nós sabemos que a competição será dura e que outros estados até contam com mais história no futebol brasileiro. Só que é importante que seja a Copa do Brasil, não apenas a do Sudeste ou do Nordeste", disse o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi.

Maggi aposta no potencial turístico do Pantanal como um atrativo extra para que Cuiabá ganhe pontos junto ao Comitê Organizador do Mundial, que detém o verdadeiro poder na escolha das sedes – segundo uma fonte da Fifa, dificilmente a organização veta as escolhas locais. O Amazonas, claro, pega carona na fama da maior floresta equatorial do mundo, mas enfrenta a concorrência de um vizinho.

"O Pará organiza o Círio de Nazaré, uma das maiores festas religiosas do mundo. Só espero que a Fifa não seja machista", brinca a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa. Mas que também fala sério. "Ao contrário do Amazonas, o povo paraense tem muito mais paixão pelo futebol."

No entanto, um sinal claro da vantagem do vizinho é o fato de o governador do Amazonas, Eduardo Braga, ser o único político a ser incluído na apresentação da candidatura que o Brasil fará pouco antes da votação praticamente simbólica do comitê executivo.

Mas mesmo entre as vagas sagradas há ruído nas comunicações. Cariocas e paulistas chegaram a um acordo sobre quem ficaria com a partida de abertura e com a final, mas agora duelam para abrigar o centro de imprensa. E Brasília ainda não se considera derrotada na busca por papel mais importante na escala de jogos. Por isso o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, andou pleiteando a abertura. Para os azarões, nem tudo está perdido. Há rumores, não confirmados pela CBF, de que a turma de fora poderá receber como consolação uma partida pelas Eliminatórias do Mundial de 2010.

- Na TV: O Sportv transmite a cerimônia, a partir das 9h30.

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