• Carregando...
Bandeirada salvadora para Sebastian Vettel, que teve de suar o macacão para não ser ultrapassado por Lewis Hamilton. Britânico chegou apenas 630 milésimos de segundo atrás do líder da temporada | Alvaro Barrientos/AFP
Bandeirada salvadora para Sebastian Vettel, que teve de suar o macacão para não ser ultrapassado por Lewis Hamilton. Britânico chegou apenas 630 milésimos de segundo atrás do líder da temporada| Foto: Alvaro Barrientos/AFP

Rodrigo França

"Igual, mas...diferente!"

Certo, Sebastian Vettel venceu mais uma prova neste ano na F-1. Para quem não viu, esse re­­sultado parece indicar que a F-1 voltou aos tempos em que as corridas estão chatas, só um tem chance de vencer, etc... Mas não é bem por aí. Quem prestou atenção no GP da Espanha viu que a monotonia esteve longe da corrida disputada ontem, no circuito da Catalunha.

A começar pelo próprio traçado espanhol: a pista sempre re­­serva os momentos mais tediosos da temporada porque a possibilidade de ultrapassagem, mesmo com a longa reta do boxes, é muito pequena. Neste ano, nem mesmo com o uso da asa móvel (DRS, na sigla em inglês), esse fenômeno conseguiu ser evitado.

Em Barcelona, a nova regra de 2011 que se mostrou bem eficiente foi a dos diferentes tipos de pneu, produzidos pela Pirelli com a intencional ideia de gerar muita diferença de desgaste. Aí, sim, a corrida ficou dinâmica para o espectador, com estratégias diferentes, dezenas de pit stops e carros com performances desiguais (um usando macio e o outro, duro). Além disso, essa corrida movimentada trouxe a emoção de disputa na pista pela vitória nas voltas finais, no duelo de Lewis Hamilton com Vettel.

O inglês não conseguiu passar o alemão, mas chegou a poucos décimos de segundo do "até então imbatível" carro da Red Bull, mostrando que a esperança de uma briga nas próximas corridas atende mesmo pelo nome de McLaren.

Na batalha dos "coadjuvantes", o time inglês foi melhor, com Jenson Button em terceiro (recuperando-se de um começo de prova ruim), superando o companheiro de Vettel, Mark Webber, que ficou em quarto. O australiano foi bem nos treinos, inclusive fazendo a pole, mas se mostrou apagado na corrida e mais uma vez viu Vettel brilhar.

Situação pior que a de Web­­ber só mesmo a da Ferrari. Felipe Massa não foi competitivo em nenhum momento. Já Fernando Alonso fez uma de suas manobras geniais na largada, pulando de quarto para primeiro. Mas, mesmo com o incrível talento do espanhol, não é possível lutar contra a superioridade das ou­­tras duas equipes rivais do mo­­mento, McLaren e Red Bull. Foi emblemático o momento em que ele levou uma volta dos líderes– apenas os quatro carros destas duas equipes mostraram ter ritmo decente de prova. O resto terá de fazer a lição de casa se quiser melhorar nesta temporada.

A próxima etapa será no circuito mais inusitado do ano, em Mônaco, onde, no ano passado, a Red Bull fez dobradinha. Mas é justamente no Principado que as surpresas costumam aparecer, como a memorável vitória de Senna sobre o "carro de outro planeta", a Williams de Mansell, em 1992.

Rodrigo França, @RodrigoRF1

  • Massa entra nos boxes: a Ferrari do brasileiro não funciona com os novos pneus
  • Veja a classificação

O anormal seria se Sebastian Vettel não vencesse o GP da Espanha. Ele e o companheiro de Red Bull, Mark Webber, ocupavam a primeira fila no grid e os carros concebidos pelo projetista da sua equipe, Adrian Newey, somam, com a vitória de ontem, 11 triunfos em 21 edições da prova no Circuito da Catalunha. O que ninguém esperava era o ritmo espetacular da McLaren.

Lewis Hamilton fez Vettel suar o macacão para vencer. O inglês recebeu a bandeirada apenas 630 milésimos de segundo atrás de Vettel e seu companheiro de McLaren, Jenson Button, foi terceiro. "Esses caras [Hamilton e Button] chegaram de vez", definiu Vettel.

"Foi difícil. Eu me lembrava do GP da China. Como lá, no fim, meus pneus também já estavam desgastados, que alívio quando a corrida acabou", completou. Hamilton tentava ultrapassá-lo no fim da reta, da 54.ª à 66.ª e última volta. Em Xangai, restando seis voltas, o inglês conseguiu e venceu. Foi a única vez que Vettel não ganhou neste ano e, mesmo assim, terminou em segundo.

Dos 125 pontos disputados até agora, Vettel somou 118 e ampliou ainda mais a liderança da competição. Hamilton, o segundo, tem 77. Com o inexpressivo quarto lugar de ontem, Webber ultrapassou Button e assumiu o terceiro posto, com 67. Button, quarto, tem 61. Para quem foi o mais rápido na sexta-feira e estabeleceu a pole no sábado, acabar em quarto quase institucionaliza Webber como segundo piloto da Red Bull. "Perder o primeiro lugar para Fernando [Alonso] e o segundo para Sebastian na largada comprometeu minha prova", justificou-se o australiano.

Os pneus concebidos para resistirem a poucas voltas, o sistema de recuperação de energia (Kers), com seus 80 cavalos extra de potência, e o flap traseiro móvel – tudo planejado para facilitar as ultrapassagens – não tiveram o mesmo efeito das quatro etapas anteriores. "Apesar de estar a menos de um segundo de Sebastian, não tive, na verdade, nenhuma chance real de ultrapassá-lo", lamentou Hamilton, que pôde acionar o flap móvel e chegar à freada do fim da reta cerca de 18 km/h mais rápido que o inglês da McLaren. "Não dá para me sentir desapontado por não ter vencido", comentou Hamilton. "Nosso ritmo, hoje [domingo], esteve no mesmo nível da Red Bull. Demos um grande passo adiante com as modificações realizadas no carro."

Pneus confundem a estratégia das equipes

O que é melhor, visando a um melhor resultado no fim da corrida? Largar em sexto no grid, tendo utilizado os pneus à disposição, ou em último, por não ter disputado a classificação, sábado, e por isso contar com três jogos de pneus macios novos? A lógica seria apostar em começar a corrida o mais à frente possível. Mas, na Fórmula 1 atual, as equipes começam a pensar se não é mais negócio não usar pneus novos na definição do grid, largar atrás, e ter um trunfo no domingo.

Ontem, Nick Heidfeld, da Re­­nault, provou que ter pneus ma­­cios novos pode fazer a diferença. O alemão largou em último (24.º lugar), por não disputar a classificação – seu carro pegou fogo –, e cruzou a linha de chegada em oitavo. Se tivesse mais uma volta, al­­can­­çaria a sexta posição. "Eu não entendo. Larguei em sexto, estava em quinto no fim da primeira volta e terminei em 11.º. Já Nick [Heid­­feld] largou em último e se classificou na minha frente, em oitavo, quase sexto", disse Vitaly Petrov, companheiro de Heidfeld, inconformado.

O brasileiro Rubens Barrichello também destacou a importância dos pneus. Para ele, o item tem sido determinante. "Quem se adaptou aos novos [pneus] duros trazidos pela Pirelli, mais duros dos que usávamos, teve imensa vantagem. Foi pouca gente", explicou o piloto da Williams, 17.º colocado na Es­­pa­­nha. Esses pneus foram responsáveis por diferenças de três segundos, na média, entre algumas equipes, como entre Ferrari, muito afetada, e Red Bull e McLaren.

Sorte da Ferrari que a próxima eta­­pa será o circuito de rua de Mô­­naco, onde são utilizados os pneus supermacios e macios – que também vão para Montreal e Valência. "Graças a Deus", resumiu Felipe Massa, que abandonou a prova com a quebra do câmbio.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]