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Mano Menezes volta a comandar a seleção dia 10 de agosto, em amistoso contra a Alemanha | Hedeson Alves / Gazeta do Povo
Mano Menezes volta a comandar a seleção dia 10 de agosto, em amistoso contra a Alemanha| Foto: Hedeson Alves / Gazeta do Povo

Los Cardales, Argentina – O técnico Mano Menezes deu as últimas explicações sobre a campanha brasileira na Copa América em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (18) no Sofitel La Reserva Cardales, local da concentração da equipe durante a permanência na Argentina. Foi o último evento da agenda oficial, após a eliminação nas quartas de final da Copa América, com a derrota nos pênaltis para o Paraguai após o empate por 0 a 0. Nas respostas, o treinador garante que o Brasil chegará forte ao Mundial de 2014, disputado no Brasil, e diz que vai manter o trabalho da mesma forma.

O treinador volta a convocar a seleção no próximo dia 25, para o amistoso com a Alemanha, marcado para o dia 10 de agosto, em Stuttgart.

Confira os principais trechos da coletiva:

Pênaltis perdidosAs cobranças das penalidades máximas foram algo à parte, que merecem cuidado, interferências. Você sabe que nós treinamos, e os jogadores escolhidos foram entre aqueles que tiveram um bom desempenho, e ao longo de suas carreiras têm a referência de serem cobradores em momentos importantes. Você treinar em um estádio vazio, sem pressão, é uma situação diferente da que encontra no jogo. Não entendo que faltou controle emocional, sempre se bate nessa tecla. Houve um agravante, o local estava em péssimas condições. Você pode me dizer: mas o adversário se aproveitou melhor dessa situação. Cada um bate de um jeito. Todo mundo sabe que os jogadores brasileiros são mais técnicos. Mas falhamos. Não podemos esconder isso. Errar quatro não tem justificativa. Penso que não podemos deixar chegar numa situação como essa.

CríticasPenso que vou ser criticado como os técnicos são quando não vencem, mas me sinto confiante porque acredito que estamos fazendo o certo. A direção da CBF tem muito claro o que precisamos fazer, e vamos continuar até que se pense diferente. O Brasil não vai chegar em 2014 cambaleando, vai chegar firme. Se eu não tiver condições de chegar firme, vou dizer. Podem ficar tranquilos, continuar criticando, fazendo o trabalho de vocês [imprensa].

SequênciaMe parece que trocar não resolve o problema. A Argentina vem trocando nos últimos tempos e não se resolve. Enquanto as coisas continuarem na direção que estão caminhando, vou me sentir confortável.

Camisa 9Falar especificamente da camisa 9 é direcionar para alguns jogadores a missão de fazer gols e a responsabilidade por não termos passado. Não trabalho dessa forma. Penso que parte importante é criar. Pegamos a bola no primeiro minuto [do jogo contra o Paraguai] e partimos para o gol. Só paramos nos 30 minutos da prorrogação. É essa ideia que precisa estar presente. Essa é a transformação que fizemos em pouco tempo e o gol vai ser questão de tempo. Se continuarmos fazendo isso de forma cultural, certamente vamos fazer muitos gols e não vamos sofrer na frente como ontem. Substituir grandes jogadores é difícil. Ficou um vácuo [na posição] depois de algum tempo, que agora temos, com tranquilidade, de encontrar jogadores, dar confiança para a missão que é a mais importante do futebol sem dúvida nenhuma, que é fazer gols.

Esse é o time?Os jogadores estão sendo preparados para serem a seleção brasileira que todos queremos. Não podemos desconsiderar o que temos, precisamos valorizá-los, respeitá-los. A palavra que usamos no momento difícil é que tem de haver respeito. Pode haver crítica, conceitos. Se houver respeito, vamos chegar onde queremos.

Bom futebol ou resultado?Aceito as duas teses, desde que sejam coerentes, o que não é algo tão comum. Existem aqueles que consideram o resultado o principal, a parte mais importante. E existem aqueles que quando ganhamos de 4 a 2 [do Equador] nos criticam, de 1 a 0 da Romênia, nos criticam. Gostam do jogo bem jogado. Esses precisam nos elogiar hoje. Não existe time vencedor sem resultado, mas é pouco para o que o torcedor quer. Quer ver a seleção jogando bem, oferecendo o futebol que de novo aproxime aquele sentimento de amor por ela. Vamos atrás disso.

ObservaçõesA Copa América é referência no trabalho, uma etapa importante de avaliação, porque não teremos muitas competições oficiais até 2014, e ela segue os moldes da Copa do Mundo em seu sistema de disputa, guardadas as diferenças de característica de jogo entre a América do Sul e a Europa. As avaliações serão internas. As decisões que serão tomadas não levarão em conta jogador que perdeu pênalti, cometeu falha ou não esteve tão bem devido a circunstâncias especiais. Temos de tomar cuidado para não sermos injustos. Avaliações erradas levam a caminhos errados. Não pode acontecer isso porque podemos perder o rumo de um trabalho tão complexo.

Uruguai é o exemplo?Não acho que tenha faltado para a seleção brasileira determinação, entrega. Ontem [domingo] cansamos de ver os atacantes recuperando a bola no meio, fazendo o segundo papel mais importante, porque o primeiro é atacar. Não faltou isso. É diferente você defender 90 minutos e propor jogo durante 90 minutos. O Uruguai não vai jogar como o Brasil, e o Brasil não vai jogar como o Uruguai. Não podemos confundir isso quando o resultado não vem.

RenovaçãoFizemos uma transformação bastante grande para esse primeiro ano de trabalho. E você precisa fazer isso com cuidado, porque quando se sai de uma competição como saímos, a avaliação que se tem sobre jogadores que chegaram não é a mesma que se tivéssemos vencido. Agora vamos conviver com conceitos que não são os que acompanharam os jogadores até algum tempo. Vamos nessa linha, tomando o cuidado necessário para não fazer nada apressadamente. Sabemos por exemplos anteriores que o caminho é esse.

SubstituiçõesTirei [o Neymar] porque pensei que deveria tirar, é pertinente do meu cargo. Ele havia sofrido uma entrada muito forte no joelho, voltou mancando, e entendi que a partir daquele momento seria melhor ter dois homens por dentro [Fred e Pato], como fizemos algumas vezes. Deu certo, criamos duas oportunidades. Não vamos direcionar para uma substituição o empate. O Ganso estava muito marcado. Já tínhamos tentado resolver com essa formação. Eu tinha de propor algo diferente e foi o que tentei [com a entrada de Lucas Silva].

AtaqueA renovação na parte ofensiva está sendo feita com velocidade acima do adequado. Isso comprova a necessidade que temos. Talvez aqueles que pensávamos que estariam agora não estão pelos problema que todos conhecemos. Alguns com lesões graves, outros com problemas na carreira, um número grande de problemas individuais. Isso talvez explique sobressaltos, não aquela constância que queremos. No futebol, se tivermos boa vontade, encontraremos explicações sem terrorismo, terra arrasada, coisas que não são reais.

Ganso e NeymarEstamos construindo um time novo. Encontraram dificuldades que ainda não tinham encontrado tão grandes. Aqui não são alguns principais jogadores da América do Sul, são todos os principais, você passa a conviver com outro nível. A bola que bate de determinado jeito e passa pela mão de alguns goleiros, aqui não passa. Você aprende parâmetros, vai se transformando. Por isso a Copa América foi importante para a gente.

Camisa 10Penso que [o Ganso] é maduro taticamente, tem uma capacidade de leitura de jogo muito boa. Talvez precise melhorar um pouco a dinâmica, porque joga num setor de marcação muito dura, e ontem passei algumas orientações. Era a primeira vez que teria uma marcação individual, o [volante] Cáceres foi pensado para marcá-lo. Se comportou bem, com o entendimento de que muitas vezes teria de jogar para abrir espaço para outros jogadores. Fez bem isso, levou o marcador para outra faixa, abrindo espaço para o Robinho.

Kaká, Adriano, Luís FabianoNão é hora de direcionar para quem não esteve aqui. Tivemos um grupo equilibrado, com experiência e juventude. Usamos as duas coisas no seu ponto mais alto. Para a frente vamos pensar depois.

Próxima convocaçãoA convocação do dia 25 [para o amistoso com a Alemanha] vai respeitar algumas questões da Copa América, porque ficamos com os jogadores 35 dias. Alguns estão retornando para o início de temporada na Europa, alguns têm amistosos marcados muito próximos do nosso jogo. Vamos levar tudo em consideração, inclusive a Alemanha, um adversário forte, que fez uma excelente Copa [em 2010]. Mas quero que seja assim mesmo, exigência alta. Há muita chance de, contra adversários de expressão menor, fazer resultados. Mas não serve para medir capacidade. Queremos adversários fortes, mesmo com esse risco do resultado, que sempre cria uma pressãozinha externa maior. Entendemos que é importante. Vamos modificar o que achamos que devemos, sem grandes sobressaltos.

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