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Dizendo temer represálias, Júlio Cezar de Lima Santos desceu do carro, na frente da Federação, escondendo o rosto: bandeira teve traumatismo craniano moderado e um pequeno coágulo na cabeça. | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Dizendo temer represálias, Júlio Cezar de Lima Santos desceu do carro, na frente da Federação, escondendo o rosto: bandeira teve traumatismo craniano moderado e um pequeno coágulo na cabeça.| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

A arbitragem do futebol amador de Curitiba reagiu na noite desta segunda-feira à violência ocorrida na partida entre Caxias e União Ahú, sábado, no Boqueirão, válido pela Série B da Suburbana. Cerca de 50 integrantes do quadro local – o que representa quase a totalidade dos membros da ativa na capital -- assinaram um pedido de retirada da escala para a rodada de sexta-feira, sábado e domingo do futebol amador e categorias de base.

Minutos após o jogo no Estádio João Antônio da Silva, jogadores, simpatizantes e diretores do time visitante atacaram o trio que mediava o jogo. Um dos auxiliares foi levado à emergência do Hospital Cajuru com traumatismo craniano (já está recuperado). Esse tipo de incidente, segundo a categoria, vem ocorrendo com frequência nos encontros entre os clubes de bairro da cidade.

"São inúmeros os casos, sem dúvida alguma. O problema é a falta de policiamento. Ficamos desprotegidos o tempo todo. As viaturas de polícia apenas dão uma passada no local dos duelos", relata Anderson Scatola, juiz do tumultuado embate.

De acordo com vice-diretor do departamento amador da Federação Paranaense de Futebol, Genivaldo Santos, a entidade "implora de joelhos por mais segurança", postura semelhante aos clubes. A Polícia Militar, porém, alegaria falta de contingente para acompanhar todos os duelos do fim de semana. "A culpa é do estado", sentencia o dirigente.

Através da assessoria de imprensa, a PM alega que recomenda a marcação de confrontos em horários distintos para facilitar o acompanhamento. Mas o órgão iria verificar as solicitações encaminhadas pela FPF e só depois dar um parecer sobre qual o motivo da ausência de policiais nos locais das partidas.

Afonso Victor de Oliveira, presidente da Associação Profissional dos Árbitros de Futebol do Paraná (Apaf) e também da Comissão de Arbitragem, mediou todo o conflito estabelecido durante a noite de ontem na sede da FPF. Após reunião com a diretoria da entidade, o dirigente conversou por quase quatro horas com o grupo de apitadores que se insurgiu.

"Houve um ato de solidariedade da classe em torno do ocorrido. Agora vou levar essa decisão à presidência da FPF para saber quais medidas serão tomadas. Irei informar que não tenho gente de Curitiba para trabalhar. Através de um ato administrativo, pode-se trazer gente de outras localidades para suprir essa ausência, apesar de todo custo que isso representa. Vamos ver qual decisão será tomada", contou Oliveira.

Ele dá razão ao protesto. "Não há polícia em nenhum jogo do futebol amador. Não existe contingente suficiente para proteger os campos da cidade. As viaturas da região, quando podem, apenas passam pelo campo. A prioridade é cuidar de homicídios, outros crimes mais graves. Isso todo mundo sabe. Outro dia o (árbitro) Antônio Valdir Santos viveu uma tentativa de agressão no Capão Raso, assim como o Bruno Boschilla, que levou uma cabeçada do treinador do Nova Orleans", conta.

Procurado pela reportagem logo após a reunião, o presidente da Federação Paranaense, Hélio Cury, disse que conversaria com Oliveira antes de tomar alguma decisão definitiva. Porém, com base em dados preliminares sobre o encontro, disse considerar complicado a entidade bancar a vinda de trios de arbitragem do interior para apitar mais de 30 jogos na mesma semana. Esporadicamente, esse expediente já vem sendo adotado para cobrir lacunas nas escalas.

"É direito da classe dos árbitros tomar essa decisão, embora eu discorde desse caminho. Vou conversar com o Afonso e trocar ideias para ver o que faremos", comentou o presidente.

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