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Buenos Aires, enviado especial - O desenrolar da Copa América confirma um fenômeno que acomete, há algum tempo, os apaixonados por futebol na Argentina. Bem mais do que os rumos da Alviceleste, o principal tema discutido por aqui tem nome e sobrenome: Lionel Messi. E, sempre que se trata dele, uma pergunta é inescapável: por que o melhor jogador do mundo não é um ídolo argentino?

O craque do Barcelona é querido pelos compatriotas. No torneio continental, tem sido ovacionado por todo o estádio quando a bola rola. A impressão geral, no entanto, é de que falta algo para ser amado como Maradona e, até, Carlitos Tevez.

A falta de identidade é a primeira resposta. Aos 11 anos, Messi deixou Rosário, onde nasceu e cresceu em família de classe média, para tentar a sorte na Europa. Nunca atuou por um clube do país – não sabe o que é jogar um torneio local na Bombonera ou no Monumental de Nuñez.

"Isso impede a identificação dele com os torcedores. Eles o veem poucas vezes no ano, lhes parece um espanhol", diz o jornalista esportivo Ezequiel Fernández Moores, editor da agência italiana ANSA, colaborador de jornais como o New York Times.

Para piorar, Messi acabou flagrado, calado, durante a execução do hino argentino na Copa América. A atitude rendeu debate nacional. Na defesa do jogador, o fato de ele ter optado por defender a terra natal, mesmo assediado pela Espanha. "Este é um gesto que precisa ser destacado", ressalta Perugino.

Multicampeão no Barça, La Pulga também não possui um título importante com a Argentina. Venceu somente o Mundial Sub-20, em 2005, e a Olimpíada de Pequim, em 2008. "Ele ganhou tudo com o Barcelona e na seleção não foi bem no Mundial da África", diz Elias Perugino, diretor de redação da revista El Gráfico, uma das principais publicações do país.

Melhor ainda se o triunfo vier na adversidade. "Maradona conquistou a Copa de 1986, com dois gols sobre a Inglaterra, quando a ferida da Guerra das Malvinas ainda estava aberta. Depois, levou o Napoli, um clube pequeno da Itália, ao título. O Messi é campeão com o gigante Barcelona", compara José Garriga Zucal, antropólogo especializado em futebol.

"Diego foi para a Copa da Itália (90) com o tornozelo parecendo uma melancia. E assim, ainda eliminou o Brasil. Messi, na Copa da África, parecia não lutar quando o time não estava bem. Na eliminação, contra a Alemanha (4 a 0), não deu um chute a gol", completa Moores.

A personalidade do baixinho é outro ponto que o impede de se transformar em um ídolo tipicamente argentino. "É o oposto de Maradona, uma figura aberta. Não polemiza, não grita, não golpeia o peito", afirma Moores. "É muito tímido, quase não concede entrevistas. Lembra Diego antes de 86", acrescenta Zucal.

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