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Dunga sofre com pressão por resultados | Vanderlei Almeida / AFP
Dunga sofre com pressão por resultados| Foto: Vanderlei Almeida / AFP

Os mais novos, em busca de espaço, fama e glória, não pensam duas vezes em defender o trabalho do técnico Dunga na seleção. O risco sério de demissão do treinador se o Brasil tropeçar contra o Chile, no domingo, em Santiago, foi minimizado pelo grupo ‘mais próximo’, de menor bagagem no futebol. "Vamos vencer o Chile. Se pensarmos que o Dunga pode cair, automaticamente estaremos pensando numa derrota", explicou o volante Lucas.

O zagueiro Luisão, do Benfica, disse que domingo a seleção jogará "também pelo Dunga". E o goleiro Renan, titular da equipe na Olimpíada e agora reserva de Júlio César, defendeu seu "professor" preferido com um discurso enfático de que Dunga "faz parte de um grupo e o grupo é um todo". Ele chegou a dizer que todos estão tranqüilos na seleção. "Estão mesmo, Renan?" Pensou melhor, olhou ao redor e contou a verdade. "Não, tranqüilo, tranqüilo, ninguém está".

E esta terça-feira foi assim o dia todo, desde o desembarque de boa parte da seleção no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, até as atividades na Granja Comary, em Teresópolis. Os ‘queridinhos’ de Dunga sempre prontos a esclarecer que entram em campo, seja lá onde for, para aniquilar fantasmas, "manter o trabalho do grupo" e salvar a pele do comandante.

Já entre os mais experientes, a ênfase pró-Dunga não existia. A pergunta a Ronaldinho Gaúcho foi bem clara: "O técnico está com a cabeça a prêmio?" Observado por seguranças ao deixar um Fusion preto no aeroporto, o craque do Milan ajeitou os óculos escuros e estudou o tom da resposta. "Dunga sempre foi uma pessoa legal com os jogadores. Mas nós vivemos de vitórias".

Ronaldinho Gaúcho e Dunga tem uma história marcada por desavenças. Talvez a mais marcante tenha sido a decisão do treinador de deixá-lo no banco de reservas após a Copa de 2006. Dunga não queria levá-lo para Pequim e só aceitou convocá-lo após interferência do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira.

O meia Diego, cujas atuações na Olimpíada foram contestadas, já reclamou com amigos que jogou na China fora da posição com a qual se acostumou. Nesta terça, diante da insistência em falar algo que soasse como uma declaração de apoio a Dunga, mediu as palavras. "A confiança é a mesma na equipe, na comissão técnica. Confiamos nesse grupo e o Dunga faz parte do grupo". Depois, deixou escapar que o confronto com o Chile "será difícil, decisivo".

IRMÃOS

Os zagueiros Luisão e Alex Silva disputam a vaga de Juan, suspenso pelo segundo cartão amarelo. E prometem que vão respeitar a decisão de Dunga. Mais do que uma postura tradicional, os dois têm um motivo à parte para não reclamar, em hipótese nenhuma, da opção do treinador. São irmãos e pela primeira vez vão estar juntos na seleção.

"Sou o mais velho, se ele vier de graça, dou-lhe uns cascudos", brincou Luisão. "Ele vai acabar me dando a vaga", devolveu Alex Silva.

Casos parecidos com os de Luisão e Alex Silva têm registro na história do futebol brasileiro. Em 1939, Domingos da Guia e Mamédio alegraram a família ao defender ao mesmo tempo a seleção brasileira, O mesmo ocorreu em 1958, com o zagueiro Zózimo e o ponta Calazans.

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