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O martírio do General: como Thiago Heleno suportou seis meses de suspensão por doping
| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Entre a emblemática cobrança do último pênalti na final da Copa Sul-Americana, na Arena da Baixada, ao desembarque em Curitiba, há poucas semanas, com outra importante conquista do Athletico nas mãos – o troféu da Copa do Brasil –, o zagueiro Thiago Heleno, 31 anos, viveu 281 intensos dias.

Mais da metade deles em um martírio que está prestes a acabar, definitivamente, neste sábado (5), quando o General entrar na Fonte Nova, em Salvador, para o duelo com o Bahia, pela 23ª rodada do Brasileirão.

Flagrado em exame antidoping no dia 9 de abril, em duelo pela Copa Libertadores, Thiago Heleno pegou seis meses de suspensão pela utilização da substância higenamina. A ingestão aconteceu por meio de um suplemento indicado por um nutricionista do clube, demitido em julho junto com outros cinco profissionais.

O Athletico assumiu total responsabilidade no caso (que também afetou o volante Camacho, cuja suspensão termina no dia 24 de outubro), mas a pena é individual. Quem paga é o atleta.

“É um sentimento que machuca. Era uma fase que o Thiago estava bem demais, e o Athletico tinha chance de disputar e ganhar três competições”, afirma o empresário do defensor, Giba Brasil.

Proibido pela Conmebol até de frequentar as instalações do clube, no CT do Caju, o camisa 44 viu sua rotina mudar de um dia para o outro. Contratou um preparador físico para treinar em uma academia por pelo menos seis dias na semana, alguns em dois períodos.

“Ele fez o trabalho que tinha de ser feito. O clube ajudou, deu todo o suporte. Mas não foi fácil. Foi muito difícil. Difícil até para explicar o quão difícil foi”, relata o agente.

| Reprodução/Instagram

Luta contra a autosabotagem

“O primeiro impacto [do doping] é f... porque você tem que botar na sua cabeça o seguinte: você não pode se sabotar. Não pode se largar”.

A descrição acima é do ex-jogador e hoje comentarista Carlos Alberto. Amigo próximo de Thiago Heleno, companheiro de quarto do mineiro nas concentrações no Athletico em 2017, ele foi flagrado em 2013, em um caso similar.

Pegou um ano de suspensão, mas lamenta não ter recebido suporte suficiente na época, ao contrário do amigo. “Nos primeiros três, quatro meses eu não queria saber de nada... No meu caso também foi erro do clube [Vasco], mas botaram no meu”, recorda.

Carlos Alberto conta que conversou muito com o amigo durante a época da suspensão. Apesar de tentar não transparecer o momento difícil, o General sofreu bastante junto da família e amigos.

“Ele não é só um amigo, é um filho... [A situação] abala, claro que abala. Você fica pensando no futuro, abala até a família. O dia a dia, só quem passou sabe, é f... Ainda mais sem culpa. Ter que ficar vendo o jogo do seu time na televisão porque você está impedido de jogar”.

Responsabilidade total

Mesmo não tendo participado da campanha da Copa do Brasil, Thiago Heleno comemorou a conquista da mesma forma que teria feito caso estivesse em campo.

Internamente, o Athletico se preocupou em mantê-lo em contato com o grupo, inclusive recebendo todos os bichos e premiações do restante do elenco.

“O Athletico paga tudo. A responsabilidade foi total. Desde a ponta do pé até a cabeça”, garante o empresário.

“O clube trabalhou bem, conseguiu amenizar várias coisas. O Petraglia é um baita de um homem. Todo mundo no clube ajudou. Foi ruim, mas tudo na vida da gente tem um porquê. Acreditamos muito em Deus. Pagamos isso que Ele colocou como obstáculo e agora vamos pra outro dia”, acrescenta Brasil.

E se o caso de doping trouxe alguma lição positiva foi a união e o senso de responsabilidade criados a partir da ausência de dois companheiros. Esse comprometimento embalou o time na conquista da Copa do Brasil.

Futuro

Com contrato até dezembro de 2020, Thiago Heleno ainda não sabe como será seu futuro – só no Furacão já são quase cinco anos. Até o fim do ano, pelo menos, é um jogo por vez.

“Ainda tem tempo para o fim do contrato. Quando tivermos uma oportunidade, vamos sentar e conversar. Há uma possibilidade muito grande de ficarmos. É um clube que o Thiago aprendeu a amar, além de que Curitiba é uma ótima cidade, que ele planeja morar quando se aposentar”, acredita o agente.

Já o conselho de Carlos Alberto é aproveitar, de verdade, os últimos anos nos gramados. “Disse para ele curtir. Ele tem mais alguns anos para jogar, já está na fase final da carreira no futebol. Tem que aproveitar ao máximo e, quando parar, vai poder dizer que teve uma linda história pra contar”.

Próximos jogos do Athletico

  • Bahia x Athletico - 5/10, 19h - Brasileirão
  • Corinthians x Athletico - 10/10, 19h15 - Brasileirão
  • Athletico x Flamengo - 13/10, 16h - Brasileirão
  • Fluminense x Athletico - 17/10, 21h - Brasileirão
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