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Antes mesmo da vitória nas urnas, enquanto caminhava para retornar à Arena da Baixada, Mario Celso Petraglia já comemorava o triunfo e a retomada do poder dentro do Atlético | Marcelo Elias / Gazeta do Povo
Antes mesmo da vitória nas urnas, enquanto caminhava para retornar à Arena da Baixada, Mario Celso Petraglia já comemorava o triunfo e a retomada do poder dentro do Atlético| Foto: Marcelo Elias / Gazeta do Povo

Bastidores

Silêncio e provocação dão o tom da festa

O rosto do dirigente não escondia a satisfação de voltar ao topo do organograma atleticano, mas ele não quis falar antes de tomar oficialmente posse do cargo, hoje. Petraglia se limitou a dizer: "Ainda não sou nada". Sorriu, e saiu da sala de imprensa do clube com um papel na mão. E o grito na garganta: "O Furacão voltou!".

Fez questão de cumprimentar os correligionários no pátio da Arena. Ao som da bateria da torcida Os Fanáticos, completou a festa na Praça Afonso Botelho, com fogos de artifícios, o fim apoteótico para uma campanha que ultrapassou a casa de R$ 1 milhão em gastos.

O esforço foi além do financeiro. Petraglia passou horas de pé, no portão de acesso ao estádio, parando todos os carros. Apertando a mão de boa parte dos sócios. Sorrindo. E a poucos minutos do fim da votação, que ocorreu às 19 horas, foi cercado por dezenas de pessoas de seu grupo e puxou o coro. Punho em riste, cercado também por alguns dos jogadores campeões brasileiros em 2001, cantou o hino do clube, ouviu meio sem jeito um "ão, ão, ão, o Petraglia é do povão" e saiu satisfeito, além de cansado, cantando a versão da musica do Pink Floyd, Another Brick the Wall, com palavrões em português alusivos ao rival Coritiba. Foi descansar no seu comitê, em frente ao estádio, de onde saiu apenas no fim da apuração.

Após tomar posse hoje, o grupo de Petraglia promete anunciar novidades para o futebol já na semana que vem. A ideia é apresentar dois diretores de futebol, um para as categorias de base e outro para o profissional.

Mario Celso Petraglia, com 3.213 votos, só foi superado ontem pela abstenção. No total, 4.309 pessoas participaram do pleito, mas 3.379 sócios-torcedores preferiram não comparecer na Arena para preencher a cédula.

Aliança

Como ocorreu em 2002, Mario Celso Petraglia retorna à presidência do Atlético nos braços da torcida. Neste caso, mais especificamente nos braços da organizada Os Fanáticos, que fez muita festa com a vitória nas urnas do antigo desafeto – chegaram a brigar quando Petraglia proibiu a fac­­ção de entrar na Arena com instru­­mentos musicais. Mesmo antes de sacramentado o triunfo, o novo presidente entrou no esta­­cionamento do estádio acla­­mado pelos torcedores – e cantando junto com o grupo. Os hits "o Pe­­traglia voltou!", "o Petraglia é da Caveira!" e a "Vergonha acabou!", embalaram a alegria dos vitoriosos. A festa continuou na sede da CapGigante, com muita música e batucada.

  • O que os torcedores esperam da nova gestão do Atlético

Na maior disputa eleitoral da história do Atlético, a chapa CapGi­­gante saiu vencedora, com 3.213 votos (67% do total) contra 1.565 (33%) dos oponentes. O resultado foi divulgado ontem às 23 horas. O grupo liderado pelo ex-presidente e atual gestor das obras da Arena para a Copa, Mario Celso Petraglia, tem Antônio Carlos Bettega como novo presidente do Conselho Deliberativo – e outros 292 conselheiros. O grupo comandará o Rubro-Negro no triênio 2012-2014.

Logo após a primeira parcial da disputa (21h), o clima de "já ganhou" dominava entre os petraglistas.

O grupo centralizou toda a campanha em torno da figura de Petraglia, o maior vencedor desse processo. A eleição de ontem teve ares das mais acirradas disputas por cargos públicos. Com muito dinheiro em caixa, a CapGigante utilizou-se de vários expedientes para mobilizar os eleitores: telemarketing, carreatas, publicidade, além de uso intensivo da internet. Como trunfo na reta final, reaproximou-se da principal facção de torcedores do Rubro-Negro e reuniu ídolos atleticanos para angariar votos.

Nessa quinta-feira, durante todo o processo eleitoral, o dirigente se colocou novamente à frente dos correligionários. Ao longo do dia, boa parte do tempo po stado no portão de entrada do estádio, o local da votação, foi afável com eleitores. Tudo cercado por inúmeros fãs e apoiadores. Rejeitou, no entanto, qualquer contato com jornalistas. Negou-se, por exemplo, a comentar o triunfo esmagador nas urnas.

Ele será aclamado hoje mesmo, às 18h30, no Centro de Trei­­na­men­to do Caju, no Umbará, como presidente do Conselho Adminis­trativo, ou seja, o comandante-maior do clube, em uma assembleia protocolar. Além dele, serão empossados os outros integrantes do Administrativo, bem como os responsáveis pelo Conselho Fiscal e pela Comissão de Ética e Disciplina.

Aos 67 anos, o empresário retorna ao posto máximo do Furacão depois de quase três temporadas afastado do dia a dia do clube – chegou a afirmar que nunca mais exerceria um cargo diretivo no futebol atleticano.

Entre 1995 e 2008, ano em que passou o poder para Marcos Malucelli, sempre atuou diretamente na vida do time. Foi presidente do Conselho Gestor (atual Administrativo) em três ocasiões (1995-97, 1999 e 2002-03) e atuou na presidência do Conselho De­­liberativo e na diretoria de marketing nos outros anos.

Em 1998, cumpriu suspensão imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por ter o nome envolvido em um esquema de corrupção na arbitragem.

A partir de agora, Petraglia vai acumular dupla função, já que continua como gestor da comissão que comanda o projeto de conclusão da Arena para a Copa. Dessa forma, terá caminho livre para fazer o que achar melhor em relação ao estádio.

Pela frente, além da questão Arena, tem o desafio de recolocar o Furacão na Série A do Campeonato Brasileiro em um ano que o Atlético jogará longe de casa – Petraglia quer o Couto Pereira como alternativa. Além disso, a maior promessa feita durante a campanha, vale ser anotada: campeão mundial em 10 anos.

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