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Jogadores do Paraná reunidos no gramado da Vila: tapetão virou a salvação | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Jogadores do Paraná reunidos no gramado da Vila: tapetão virou a salvação| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Julgamento corre o risco de ser adiado

O julgamento do Rio Branco no TJD-PR está marcado para as 19 horas, mas pode nem acontecer. O advogado de defesa do time, Do­­mingos Moro, afirmou à Gazeta do Povo ter protocolado, no final da tarde de ontem, um agravo de instrumento questionando a in­­clusão do Paraná como terceiro interessado na ação, manobra jurídica que impediria a avaliação do caso. "Sei que as federações podem fazer tal solicitação com o processo em andamento, mas não sei se clubes podem. Quero abrir a discussão", explicou ele. Tal recurso, se acatado, terá de ser julgado antes da sessão que averigua o mérito da questão envolvendo a escalação irregular de um jogador por parte do time do litoral. "[Com o agravo] Eu teria de ser informado e fazer a defesa em até três dias", disse o advogado do Tri­­color, Alessandro Kishino, o que não havia acontecido até o fechamento desta edição. Assim, o julgamento do Leão – e a possibilidade de o Paraná re­­ver­­ter, no tapetão, o rebaixamento – levaria mais tempo para acontecer. "Caso a atual decisão seja mantida e a promotoria do TJD não re­­corra, como terceiro interessado, o Paraná poderá recorrer ao STJD [Su­­­perior Tribunal de Justiça Desportiva]", explicou Kishino.

Adriana Brum

O TJD-PR

A reportagem pesquisou nos clubes e também na internet para descobrir o time do coração de cada auditor do Tribunal.

2ª Comissão

Alexandre Zolet (presidente) - Torcedor do Coritiba

Sandro Rafael Bonatto - Torcedor do Atlético

José Carlos Faret - Conselheiro do Paraná

Adriano Soares Taques - Conselheiro do Atlético

Paulo Henrique de Andrade e Silva - Conselheiro do Atlético

Pleno

Peterson Muziol Morosko (presidente) - Conselheiro do Paraná

Octacílio Sacerdote Filho (vice-presidente) - Torcedor do Atlético

Davis Kung Bruel - Não identificado

Alessandro dos Santos Fernandes - Não identificado

Paulo César Gradelha Filho - Conselheiro do Atlético

Ivan Lelis Bonilha - Torcedor do Coritiba

Lis Caroline Bedin - Conselheira do Paraná

Adelson Batista de Souza - Torcedor do Coritiba

Vinícius da Silva Borba - Não identificado

Incapaz de se livrar do rebaixamento no Paranaense, o Paraná deposita suas esperanças no julgamento do Rio Branco, na sessão extraordinária do Pleno, instância máxima do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR), a partir das 19 horas de hoje.

Uma condenação do Leão da Es­­tradinha por escalação irregular do jogador Adriano de Oliveira Santos, inscrito como o quase ho­­mônimo Adriano Oliveira dos Santos, poderia gerar a perda de pontos do time parnanguara, fa­­vorecendo o Tricolor. O caminho para a salvação, contudo, pode es­­barrar, ou mesmo se debruçar, em algo que vai além da simples aplicação da lei: o amor pelos ti­­mes de futebol.

Levar essa paixão para o tribunal levanta questionamentos, principalmente se os julgadores estão ligados a clubes. É o caso de alguns membros do TJD-PR, que, além de torcedores, também são conselheiros de times da capital.

Na 2.ª Comissão, que julgou em primeira instância o caso do Rio Branco (e condenou a equipe a pagar multa por "erro grosseiro" no re­­gistro do atleta, não por escalação irregular), são cinco membros: três atleticanos (dois deles conselheiros), um coxa-branca e um conselheiro paranista.

Já o Pleno tem nove julgadores: o presidente, Peterson Mu­­ziol Morosko e outro membro do tribunal são do Deliberativo pa­­ranista, um é do conselho do Atlé­­­­tico. Outros dois são torcedores do Coritiba e um do Rubro-Negro – a reportagem não conseguiu indentificar a paixão clu­­bística dos três restantes.

O inciso 3.º do artigo 55 da Lei Pelé permite que membros de conselhos exerçam cargo ou função na Justiça Desportiva, mas proíbe que o julgador seja dirigente, ou seja, que participe do dia a dia da vida do clube.

Já na Justiça Comum, conforme o Código de Processo Civil, os juízes são impedidos de julgar várias situações, como nos casos em que é "amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes" ou quando é "interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes".

Mesmo devidamente autorizado pela Justiça Desportiva, a situação abre brechas para que os clubes exerçam pressão sobre os "julgadores-torcedores". Estes, porém, negam qualquer tipo de conflito de interesses.

"Estou há muito anos no TJD e temos autonomia como julgadores. Nunca me senti pressionado por uma decisão. Sou torcedor e sócio do Atlético, mas nem por isso deixo de condenar jogadores do Atlético", afirma o relator da 2.ª Comissão, Sandro Rafael Bo­­natto.

Outro conselheiro do Rubro-Negro, Paulo César Gradelha Fi­­lho, e membro do Pleno, diz que a lei deve estar acima de tudo. "Você tem de tirar a roupagem de torcedor e fazer o que a lei determina", explica.

Nem todo mundo, contudo, pensa da mesma forma. Há quem diga que o amor por uma camiseta pesa no momento do veredicto, de acordo com um integrante do tribunal que não quis se identificar. Para ele, a máxima de Sócrates de "um peso, duas medidas" são colocadas em prática em alguns casos, principalmente quando envolvem times de menor expressão. "O que pesa são os clubes mais pobres. Assinar uma multa de R$ 50 mil para o Coritiba é uma coisa, mas isso para o Arapongas pode acabar com o planejamento deles", revela.

Colaborou Adriana Brum

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