• Carregando...

Um piloto de apenas 15 anos terá hoje uma oportunidade de ouro para começar a ultrapassar as dificuldades de um ano difícil e iniciar a sua afirmação internacional no caminho rumo à principal categoria do automobilismo mundial. Em prova válida pela quarta etapa da temporada 2007 da F-BMW alemã, o curitibano Pedro Bianchini viverá o sonho de correr na mesma pista e diante dos pilotos, equipes e público da Fórmula 1. Em uma categoria que serve de escola para jovens pilotos e garimpa talentos para a montadora, Pedro participará da preliminar do Grande Prêmio da Europa de Fórmula 1, no circuito de Nürburgring, em Nürburg, na Alemanha, às 9 horas (de Brasília).

Apesar da idade, seu currículo indica potencial para um futuro promissor. Muitos pilotos de kart já comeram poeira atrás do adolescente "pé-de-chumbo". Campeão de três Copas Brasil, um Campeonato Brasileiro, quatro Sul-Brasileiros, único brasileiro campeão invicto do Pan-Americano de Kart (em 2006) e dono de vários títulos paranaenses, paulistas e catarinenses, Pedro deu um passo decisivo na sua carreira no ano passado, quando superou 60 pilotos e venceu a seletiva mundial da F-BMW, em Valência, na Espanha.

O êxito fez o fã de Michael Schumacher e Ayrton Senna se mudar para a Áustria, onde, amparado em um contrato de dez anos com a Red Bull (dona de duas escuderias na F-1, a Red Bull e a Toro Rosso), se aventurar em sua primeira incursão nos monopostos. Por enquanto, seu maior adversário é a falta de sorte. Durante um teste no início do ano, Pedro sofreu um acidente e quebrou a perna direita, o que o deixou fora das duas primeiras etapas da F-BMW. Na terceira, há um mês, levou um toque na traseira que quebrou a suspensão do seu carro e o fez chegar na 14.ª posição. Mas nada desanima o paranaense, que, da Áustria, deu entrevista à Gazeta do Povo por e-mail e garantiu dar a volta por cima.

Como você se sente prestes a correr em uma preliminar da Fórmula 1?

A expectativa é muito grande, mas não estou inseguro. Sei das dificuldades e das minhas limitações por estar no primeiro ano na F-BMW, mas vou dar tudo de mim. Correr antes da F-1 é uma grande vitrine, o sonho de todos os pilotos jovens. Tenho esta oportunidade agora, vou me agarrar nela e tentar somar o máximo possível de pontos.

Quais as principais dificuldades em morar sozinho, com apenas 15 anos e em um país tão diferente do Brasil, como a Áustria?

Meu tio, irmão da minha mãe, está morando comigo, o que ajuda a aliviar um pouco a saudade de casa. Mas se eu sonho em um dia chegar à F-1 tenho que apostar nisso. Nada vem de graça. Mas o pessoal da Red Bull me recebeu muito bem. Me sinto em casa. Sempre fiz curso de inglês e aqui quase todo mundo fala. E na Alemanha também. Mesmo assim tive que aprender algumas palavras do idioma (risos). Como eu sempre comi de tudo, também me adaptei bem à comida daqui. O problema é o frio. E eu ainda reclamava do clima em Curitiba.

Por quais categorias pretende passar para chegar à F-1? Em quanto tempo?

No meu contrato está a passagem pela Renault Européia, F3 e GP2 antes da F-1, com o período de permanência de um ou dois anos em cada uma. Claro que tudo isso vai depender do meu desempenho.

O inglês Lewis Hamilton aprimorou sua habilidade treinando em simuladores e videogames de última geração. Acredita que essa prática pode ajudar na formação de um piloto?

Eu sempre gostei de jogos eletrônicos. Na verdade, tudo ajuda. Quanto mais atividades relacionadas a corridas fizermos, melhor. Acho que todos os meus concorrentes aqui também estão fazendo isso, ainda mais depois dessa declaração do Hamilton (risos).

Como é a ajuda da Red Bull?

Eles bancam todos os meus custos para morar, estudar e treinar aqui, como equipe, equipamentos de pista (macacão, sapatilha, capacete, etc.), além de algumas roupas com a marca. Também recebo um salário, o qual não posso divulgar.

Como você conseguiu esse apoio?

Eles me ajudavam com uma cota pequena quando comecei a andar de kart. Com as conquistas que tive, o envolvimento foi aumentando. Tenho a agradecer ao empresário Jauneval de Oms, o Peteco, dono do Autódromo de Curitiba, que me abriu esta porta.

Você acha que seria possível chegar à F-1 sem uma ajuda dessas?

Sem dinheiro não se chega à F-1. Muito piloto bom ficou pelo caminho por falta de dinheiro ou patrocínio. E sem a Red Bull eu não chegaria nem à F-BMW.

Após o acidente que lhe tirou das duas primeiras corridas e a quebra na suspensão do carro na sua estréia, na terceira etapa, qual a sua meta na temporada?

Pois é, o acidente atrapalhou muito, mas não posso desanimar. Largar em sétimo na primeira corrida que participo no ano mostrou que tenho chances de terminar o ano andando entre os cinco da frente. A expectativa é chegar ao final do campeonato pelo menos entre os dez primeiros e no ano que vem disputar o título.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]