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Alguém, por acaso, se lembra da expressão "bola ao centro"? Era uma forma antiga de o árbitro confirmar que o gol valeu, e que a bola deveria ser levada ao centro do campo para nova saída. Eu, sinceramente, nunca ouvi isso, mas coleguinhas que escorregaram da lama do Dilúvio garantem que os apitadores da época tinham este hábito.

Pois bem, não sou do tempo da bola ao centro, do free kick, do corner, expressões que ficaram para trás, que pararam no tempo como os sobreviventes campeonatos regionais. Entra ano sai ano e a Penélope continua tecendo e desmanchando o sudário na espera de Ulisses. Pouca coisa, ou quase nada muda, seja aqui, no Rio, ou no Piauí.

Durante esta parada técnica de quase dois meses de férias, distante das arenas, grandes e pequenas, passou pela minha cabeça, literalmente, um festival de ótimos filmes e de outros segmentos de arte. A exposição de Wassily Kandinsky, por exemplo, pela primeira vez exibida no Brasil, foi um privilégio. Assim como a vida de Frida Kahlo e Diego Rivera, interpretada com refinado talento nos palcos cariocas. E uma dezena de filmes ótimos, que nesta época do ano são filtrados para concorrer ao Oscar.

Mas, o que é que tem a ver cinema, teatro ou pintura com o futebol? Tudo. O futebol também é uma arte. É impossível desassociar o entrelaçamento das artes, desde que o artista que a protagoniza esteja acima da média, ou, no mínimo – no caso do intérprete –, que seja fiel ao personagem. Kandinky foi o que foi, porque ouviu o som das cores. Pintava, mas apreciava a música. Assim como as jogadas de Messi e Neymar, produzidas em câmara lenta, são verdadeiras obras de arte.

Sem delírio. Voltemos ao real. Neste sábado, tem Paraná e Prudentópolis, e aí eu me pergunto: existe algo além da simples obrigação profissional para ir à Vila comentar este jogo? Encontro ânimo para acompanhar o Campeonato Paranaense?

Digo-lhes com toda a franqueza e a experiência de quem esteve presente em grandes eventos: só aceito mais este desafio, porque ainda sou um apaixonado pelo esporte. Independentemente do nível. Não pelos organizadores.

Sangue novo?

O advogado Juliano França Tetto vai para o bate-chapa com Hélio Cury nas eleições da FPF. O atual presidente, que está no poder desde 2007, não alterou o estatuto da federação, o que significa a possibilidade de ficar mais oito anos no cargo. Desprestigiado pelas ligas (são apenas seis), sem trânsito no governo do estado, brigado com a CBF, e distante dos grandes clubes, Cury retrata a velha imagem do político tupiniquim: "daqui não saio; daqui ninguém me tira..."

A data final para as eleições será dia 31 de março. Ôpa, 31 de março? Neste dia apagam-se 51 velas desde o golpe de 1964. Que, aliás, não foi nenhuma grande ideia.

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