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Hole in one

US$ 3 milhões

Foi quanto Angela Park embolsou pelo vice-campeonato no US Open, o torneio mais importante do circuito mundial. A paranaense obteve o melhor resultado do país na história do golfe.

2 tacadas

Angela Park deu a mais que a norte-americana Cristie Kerr, campeão do US Open: 281 a 279. A paranaense liderou as duas primeiras rodadas do torneio, mas perdeu o ritmo na terceira.

Em um esporte de elite e pouco popular no país, a paranaense Angela Park, de 18 anos, mostrou-se uma vencedora, alcançando a segunda colocação no US Open, um dos mais importantes torneios de golfe do planeta. Por causa do feito, o Brasil entrou no mapa do esporte da bolinha.

Ao sagrar-se vice-campeã nos Estados Unidos, ela embolsou mais de US$ 3 milhões. Angela ficou no "quase". Ela liderou a competição nas duas primeiras rodadas. Na terceira, não jogou bem e caiu para a terceira posição. O troféu do US Open ficou nas mãos da norte-americana Cristie Kerr, que deu 279 tacadas.

A brasileira terminou com duas tacadas a mais, empatada com a mexicana Lorena Ochoa, atual número 1 do mundo.

Em prêmios, Angela já soma mais de US$ 500 mil e lidera com folga a corrida pelo título de Rookie of The Year (estreante do ano) – o maior objetivo dela na temporada.

Morando na Califórnia desde os oito anos de idade, a paranaense de Foz do Iguaçu, xodó dos norte-americanos, concedeu uma entrevista exclusiva à Gazeta do Povo. A mãe da golfista foi o nosso contato no Brasil. Ela é proprietária de uma loja de confecções em São Paulo.

Dona Angela (mesmo de batismo nome da filha) nos alertou para as dificuldades da jogadora com a língua portuguesa.

"Ela saiu daqui muito nova, por isso é melhor conversar em inglês porque assim a Angela entende tudo". E foi o que fizemos.

Angela, conseguimos o seu contato depois que falamos com a sua mãe. Ela nos contou que você sente dificuldade com a língua portuguesa e os hábitos brasileiros. No entanto, você faz questão lembrar sempre que nasceu no Brasil. Como é isso?Para mim, o mais importante é que nasci e fui criada no Brasil até os 8 anos de idade. Se não fosse por isso, eu não estaria aqui. Eu não tenho chance de falar em português no meu dia-a-dia. Não tenho dúvida, quando puder vou sim estudar português.

E aí nos Estados Unidos eles consideram você uma revelação legítima da terra do Tio Sam...É, me chamam de norte-americana, mas eu nunca me esqueço de onde vim. Sou uma mistura de Brasil, Coréia e Estados Unidos. Tenho orgulho de ser uma brasileira que está ganhando espaço num esporte consagrado no país deles.

Como foi o início da sua carreira?Bom, comecei logo que cheguei à Califórnia aos 9 anos, na escola. Depois não parei mais.

Quais as lembranças marcantes da infância em Foz do Iguaçu, onde você nasceu?Sinto falta da culinária brasileira, não tem nada que se compare a ela no mundo. O povo brasileiro é mais amável e generoso. Dizer que sou brasileira aqui nos Estados Unidos para mim é motivo de orgulho. O único problema, como já disse, é que não consigo mais falar português corretamente, preciso reaprender a língua. Vivo na Califórnia há mais de dez anos.

Como é a sua rotina de treinamentos?Não tenho uma rotina de treinos fechada. Pratico quase todos os dias, especialmente perto dos grandes torneios. Quando posso, vou à Igreja e saio com os amigos. Participo de competições desde criança. Foi uma troca que eu fiz: a infância pela disciplina do golfe. Eu fiz o melhor para a minha carreira. Assistia aos meus ídolos jogarem e pensava: "Um dia vou atuar ao lado de Tiger Woods, Ben Hogan e Annika Sorenstam". De repente, eles estavam ali na minha frente. Às vezes é difícil de acreditar que aconteceu mesmo.

Você teve a chance de disputar algum torneio em solo brasileiro?Sim, aos 13 anos eu disputei o Brasil Open e acabei ficando com o segundo lugar. Espero, com boas campanhas, ajudar a divulgar o golfe no país.

Por falar nisso, o presidente da Confederação Brasileira de Golfe (CBG), Álvaro Almeida, comparou o seu sucesso ao fenômeno Gustavo Kuerten no tênis. Ele acredita que, graças ao seu destaque mundial, o golfe pode se transformar numa febre, como aconteceu com o tênis na "Era Guga". Você acha isso possível?Sinceramente, acredito. O golfe, embora não pareça, é um esporte popular em muitos países (no Brasil, são 25 mil praticantes, segundo a Confederação Brasileira). Por que não no Brasil? E não um esporte caro como muitos dizem.

Aonde vai chegar a Angela Park após o segundo lugar no US Open?Olha, agora a cobrança aumentou. Esperam muito mais de mim por aqui. Mas, com muita dedicação, espero conquistar o título de Rookie of The Year. Não será fácil, por isso venho treinando sério. Estou liderando e espero que fique assim até dezembro.

Com a boa fase, digamos que a sua conta bancária cresceu depois das conquistas. Como você lida com isso?Meu pai vive comigo na Califórnia. Ele me auxilia neste parte. A minha mãe tem o trabalho dela no Brasil e sei que ela não pode parar. No começo foi difícil, como tempo aprendi a me virar sozinha.

Qual o próximo desafio?Em Ohio, neste fim de semana. Preciso somar pontos para não perder a liderança do Rookie.

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