• Carregando...
Paulo Cézar Caju, campeão do mundo em 1970, participou recentemente de um evento beneficente em Curitiba: aversão aos brucutus | Walter Alves/ Gazeta do Povo
Paulo Cézar Caju, campeão do mundo em 1970, participou recentemente de um evento beneficente em Curitiba: aversão aos brucutus| Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo

Nem Mano Menezes, nem Felipão, nem Parreira. A solução para a seleção brasileira é o ex-técnico do Barcelona, Pep Guardiola. Palavra de Paulo Cezar Caju, campeão do mundo no lendário time de 70. O reserva de Rivellino no tricampeonato, no México, esteve em Curitiba a convite do meia Alex, do Coritiba. E, aos 63 anos, mantém a língua afiada para definir que a seleção apresenta "futebol de várzea" e que a arrogância do time vai levar o país, agora comandado por Luiz Felipe Scolari, à derrota na Copa de 2014. Por isso, adianta: vai torcer para a Espanha.

"O futebol brasileiro parou no tempo, tanto que faz dez anos que não ganhamos de ninguém. Continuamos com a prepotência de que somos os melhores. Não somos. Já perdemos para times africanos, asiáticos, do Leste europeu, para todo mundo. Somos fregueses do México há sete anos e continuamos com essa arrogância de que somos os melhores", dispara Caju.

Para ele, os brucutus do futebol brasileiro têm origem conhecida: o Sul do país. "É um estilo meio alemão, meio italiano de futebol. O estilo é feio, do futebol pegado, do pontapé, do carrinho, da marcação".

"Não tem nenhum clube brasileiro que escape a isso. Sou botafoguense, mas não é o futebol que eu gosto. Gosto do Barcelona. Acompanhei o trabalho que o [Johan] Cruyff introduziu no Barcelona, era o que ele admirava no futebol brasileiro e que o Guardiola seguiu. Também gosto do Arsenal, onde o Arsène Wen­­ger mudou a maneira de jogar, baseada no toque de bola", diz.

Assim, fica fácil entender porque a ex-estrela do Botafogo defende um estrangeiro no comando da seleção brasileira. Mas o torcedor aceitaria tal proposta? "Não me interessa o que acha o brasileiro. O Parreira não trabalhou em seleções de fora? O Scolari não comandou Portugal? Por que não podemos ter um intercâmbio e trazer um treinador de fora para cá?"

Se Caju não vê chances de voltar a ver nos gramados nacionais o toque de bola das seleções de 70, 74, 78 e 82 (a última rica em craques, diz), ele ainda ressalta que o país produz jogadores talentosos. Mas não são as estrelas do time nacional. Fã confesso de Paulo Henrique Ganso e de Hernanes, diz que Alex teria lugar certo em sua seleção. "Ele é diferenciado, teve de sair daqui porque não teve chance. [Os da seleção] colocam quatro volantes e não colocam o Alex, não escalam o Ganso. É uma coisa absurda. E não vai mudar. Hoje, o cara que dribla, que é criativo, é preterido. Quem pensa, toca a bola, não pode; o brucutu, pode", fala o ex-jogador do time de 70, definido como a segunda melhor de todos os tempos.

"O primeiro foi o de 1958, que tinha Garrincha, Pelé, Didi, Nilton Santos. Depois, a de 70. Nesta ordem", arremata o ex-atleta, que prefere contar os causos da vida enquanto jogava no Marseille (França) a comentar os 15 anos de uso de cocaína após se aposentar do futebol (embora o tema das drogas sirva para dar palestras por todo o país).

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]