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Na carta-renúncia, Camêlo afirma que não é traidor por ter denunciado familiares de Petraglia | Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo
Na carta-renúncia, Camêlo afirma que não é traidor por ter denunciado familiares de Petraglia| Foto: Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo

O advogado José Cid Campêlo Filho apresentará na manhã desta quinta-feira (25) sua renúncia dos cargos de conselheiro e de vice-presidente do Conselho Deliberativo do Atlético. Antes, ele já havia renunciado aos cargos de membro do Conselho Administrativo e diretor jurídico da CAP S/A, que gerencia as obras na Arena.

A carta será encaminhada ao presidente do Conselho Deliberativo, Antônio Carlos Bettega. Campêlo denunciou semana passada a participação de parentes do presidente do Atlético, Mario Celso Petraglia, na contratação de serviços nas obras da Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014.

"Não posso participar da agremiação que se formou dentro do Atlético. É verdade que são poucos os seus integrantes, mas não consegui derrotá-los. Participando dela eu estaria infringindo princípios que me são caros e obrigatoriamente devem ser respeitados por todos, especialmente porque estão inseridos na Constituição Federal", declara o advogado na carta-renúncia que será entregue a Bettega.

O Conselho Deliberativo, na reunião desta quarta-feira, em que Petraglia levou os modelos das três empresas finalistas para provar que o produto comercializado pela empresa de seu filho é a melhor opção para a Arena, decidiu instaurar um processo interno no Conselho de Ética do clube para averiguar a conduta do advogado nas denúncias. A instauração do processo foi aprovada por 181 dos conselheiros presentes na reunião.

Abaixo, a íntegra da carta de José Cid Campêlo Filho ao presidente do Conselho Deliberativo:

Sr. Presidente do Conselho Deliberativo do Clube Atlético Paranaense:

Por meio do presente e-mail informo que no dia de hoje (25/10/2012) estou renunciando aos cargos de conselheiro e vice-presidente do Conselho Deliberativo do Clube Atlético Paranaense.

Ao mesmo tempo, quero pedir minhas escusas tanto aos associados do Atlético que sufragaram ou não o meu nome no último pleito, bem como a toda torcida atleticana, pela minha saída antecipada. Não se abandona a luta no meio do caminho.

Mas aqui tenho o dever de renunciar, pois não se trata do bom combate. Não posso participar da agremiação que se formou dentro do Atlético. É verdade que são poucos os seus integrantes, mas não consegui derrotá-los. Participando dela eu estaria infringindo princípios que me são caros e obrigatoriamente devem ser respeitados por todos, especialmente porque estão inseridos na Constituição Federal.

Se me perguntarem quem são essas pessoas direi, se for chamado, às autoridades competentes. Por enquanto, usarei as mesmas palavras que certo diretor do clube disse na semana passada: "Falo a quem quiser vestir a carapuça".

Por outro lado, não aceito, não admito, rebato, rejeito, recuso e repilo veementemente a pecha de traidor das causas rubro-negras.

Tenho dentro de mim e sempre terei o sentimento da indignação. Não posso concordar com práticas que acontecem, no nosso Atlético, ainda mais que os estatuto do CAP, obriga os membros do Conselho Administrativo atuarem com diligência e lealdade, sempre visando o benefício do Clube (art. 75).

Traidor, portanto, não sou, mas apenas um insurgente contra a situação de fato instalada no Clube.

Ninguém, ninguém mesmo, vai me tirar um dos direitos mais importante do meu patrimônio pessoal, o de ser sócio do Atlético. O Atlético é dos associados, dos torcedores, é meu, é de todos nós. Se houver movimento com esse objetivo, confio no Poder Judiciário, pois ninguém pode ser punido por agir com diligência e lealdade.

Não pode haver nem prepotência, nem bajulação.

De uma forma ou de outra sempre ajudarei o Atlético, inclusive propagando o meu entendimento no sentido de que quando atacam a legislação federal, estadual e municipal com a intenção de paralisar as obras, ditas leis não trazem nem vício de incompetência ou de forma, e não contem objeto ilegal, falta de motivo ou desvio de finalidade. Além disso a concessão de incentivos não é vedada por lei. Como já se disse em decisão judicial os motivos da legislação estão bem explicados: Curitiba sediará os jogos da Copa do Mundo de Futebol e uma entidade particular internacional (FIFA) escolheu o estádio Joaquim Américo.

O governo brasileiro (e aqui se fala em interesse nacional, que sobrepuja inclusive o interesse da União) se empenhou com afinco para fazer do Brasil a sede da Copa em 2014. Alcançado esse objetivo, repita-se, de interesse nacional, o país tem de viabilizar, nos locais da competição, a construção do estádios, aeroportos, rodovias, etc..

Aqui, a Prefeitura de Curitiba aderiu a um plano de interesse nacional. E o estádio Joaquim Américo foi escolhido por outrem que não a Prefeitura, tornando, assim, a concessão do incentivo perfeitamente com o objetivo almejado, sem desvio. Ademais, alcançar esse objetivo é do interesse local, da Prefeitura, assim como é para o Estado e para o país. Há resultado positivo para todos, Poder Público e particulares.

Desejo À nação rubro-negra (na qual me incluo) que o sonho imediato seja realizado: a confirmação, o quanto antes, da nossa subida para a 1ª Divisão do Campeonato Brasileiro, e, logo depois, o término das obras da Arena.

Curitiba, 25 de outubro de 2012.

José Cid Campêlo Filho

Sócio do Clube Atlético Paranaense- com muito orgulho -

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