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A arena de Brasília custou R$ 1,2 bilhão em recursos públicos: investimento foi todo do governo do Distrito Federal | Albari Rosa, enviado especial/Gazeta do Povo
A arena de Brasília custou R$ 1,2 bilhão em recursos públicos: investimento foi todo do governo do Distrito Federal| Foto: Albari Rosa, enviado especial/Gazeta do Povo

Estádio mais caro entre os 12 que vão receber jogos do Mundial de 2014, o Mané Garrincha estreia e despede-se hoje da Copa das Confederações. Enquanto as demais cinco sedes da competição vão abrigar três jogos cada uma, Brasília ficou apenas com a partida inaugural. No ano que vem, contudo, a capital federal será palco de sete confrontos – incluindo o terceiro da seleção brasileira na primeira fase.

A arena custou R$ 1,2 bilhão e foi bancada integralmente com recursos públicos do governo do Distrito Federal. Com capacidade para 72 mil pessoas, é a segunda maior do Brasil, atrás do Maracanã, para 76 mil espectadores. Também foi a única que não contou com financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O gasto, de acordo com a administração local, será totalmente coberto com a venda de terrenos públicos. Na prática, o governo acaba beneficiado e ao mesmo tempo fomentando a especulação imobiliária. "Ao não aceitar o crédito do BNDES e gastar por conta, o governo escapou da fiscalização que o banco faria", descreve o professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, Frederico Flósculo.

Inaugurado no final de 2012, o mais novo bairro da cidade, o Noroeste, tem apartamentos mais caros do que os localizados nos lugares mais nobres de São Paulo. Na zona nobre brasiliense, o preço do metro quadrado fica em torno de R$ 12 mil – até 30% mais caro do que nos Jardins, segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe).

Indiretamente, os gastos com o Mané Garrincha também caem na conta dos contribuintes de fora de Brasília. Um terço do orçamento de R$ 31,9 bilhões do Distrito Federal para 2013 sai do Fundo Constitucional, aporte da União para as despesas com segurança pública, saúde e educação. "Esse câncer de desperdício que se forma aqui é alimentado por dinheiro de outros estados", complementa Flósculo.

A princípio, o orçamento estimado para a obra era de R$ 696 milhões. O contrato, entretanto, passou por 19 aditivos, que chamaram a atenção do Tribunal de Contas do Distrito Federal por suspeitas de sobrepreço.

Além dos gastos que já foram realizados, a maior dúvida sobre o que será feito do estádio depois de 2014. Segundo estudo do Tribunal de Contas da União divulgado no ano passado, o Mané Garrincha e os estádios de Cuiabá, Manaus e Natal são os que têm mais chances de se transformarem em elefantes brancos.

Em entrevista à Gazeta do Povo em janeiro, o secretário extraordinário da Copa do Mundo em Brasília, Cláudio Monteiro, disse que já estão garantidos eventos esportivos, culturais e congressos até 2019. Além disso, informou que a administração do estádio deve ser concedida à iniciativa privada antes do Mundial de 2014.

No primeiro evento-teste com times "importados", Santos e Flamengo empataram por 0 a 0 na primeira rodada da Série A de 2013. O jogo, assistido por 63.501 torcedores, arrecadou quase R$ 6,9 milhões e quebrou o recorde nacional de bilheteria de futebol.

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