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Cartolas têm a capacidade imensa de estragar grandes jogos. Por aqui mesmo, dirigentes de Atlético e Coritiba fizeram muita força, nos últimos anos, para atrair os holofotes do clássico da pior maneira possível. Basta lembrar da guerra de notas oficiais motivada pela tentativa rubro-negra de jogar no Couto Pereira enquanto a Arena da Baixada era reformada para a Copa, ou das intermináveis discussões sobre torcida única.

Por causa desse histórico, torna-se mais notável o movimento das duas diretorias antes do Atletiba deste domingo. Os dirigentes foram os protagonistas do clássico nos últimos dias. Em entrevista ou indiretamente, falaram do jogo. Em absolutamente todas as intervenções, contribuíram para o espetáculo. Seja falando da importância de os rivais caminharem juntos para crescer. Seja empunhando a bandeira da paz entre as torcidas. Seja alinhavando parcerias comerciais. Fizeram, talvez pela primeira vez, todo o necessário para promover o espetáculo dentro de campo – quando, eles mesmo dizem com toda a razão, a trégua terá um intervalo de 90 minutos.

A questão é o tamanho do espetáculo que se apresentará quando os dirigentes saírem de cena. O Coritiba é um time ainda em formação. Perdeu as antigas referências, segue buscando as novas. O grande seguro deste time é o trabalho de montagem sempre bem feito por Marquinhos Santos. O problema é que os frutos maduros deste trabalho ainda vão demorar um pouco a aparecer.

Do lado do Atlético, é mais um time sub-23 em fase de consolidação. O torcedor que vai ao estádio ainda precisa sacar o celular do bolso, buscar o perfil do elenco e fazer um cara-crachá para saber quem está com a bola. É um ciclo repetido dos dois anos anteriores, que teve o Atletiba como ponto de inflexão. Tanto com o bom futebol mesmo na derrota por 2 a 1 em 2013, que catapultou aquele time de Arthur Bernardes, como no 3 a 0 do ano passado, na Vila Capanema.

Não há candidatos prévios a heróis. Rafhael Lucas, Negueba, Mazinho, Vaná, Cryzan, Caíque, Marmentini, Matteus. Todos ainda escrevem as primeiras páginas no clássico. Ainda carregam mais a desconfiança do "será que ele é o cara certo para o meu time?" do que a fé de estar ali o salvador para as partidas mais encruadas.

Um cenário de pobreza técnica que é reflexo direto da capacidade inata dos dirigentes de fazer bobagem. As guerras de notas oficiais, as brigas por torcida única, as provocações sem categoria pariram esse Atletiba de nível técnico duvidoso. Se o quadro desenhado a partir deste clássico for duradouro, será inevitável que, em breve, o Atletiba volte a valer a pena pelos 22 jogadores em campo. Impossível? Depois de os nossos cartolas aprenderem a fazer gol, não duvido de mais nada.

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