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A Fifa e a CBF passaram pela minha casa. Curitiba recebeu a visita solene que merece título em latim. Você há de pensar que sou um latinista. Como não conhece o meu histórico escolar, não sabe que, apesar de professores excelentes como Arns, Martenetz e Zawadski, não fui um aluno aplicado de latim no emblemático Colégio Estadual do Paraná. Minha distância do latim tornou-se pública quando chegou a hora de prestar o exame vestibular para o curso de direito da Universidade Federal do Paraná. Tempo de grandes e incontáveis recordações.

A União Curitibana dos Estudantes Secundários estava em congresso e participei como representante do CEP. Aproveitei o momento e reuni assinaturas de colegas vestibulandos, como eu, solicitando a exclusão do latim como matéria obrigatória do exame vestibular da UFPR. Fundamentei o abaixo-assinado (com ou sem hífen depois da controversa reforma ortográfica?) e encaminhei o documento ao querido professor Ildefonso Marques, diretor da Faculdade de Direito.

Fidalgo, humano e paternal, o amigo e querido mestre levou o assunto ao Conselho da instituição, que aprovou nossa reivindicação. O exame de latim caiu e fui mais confiante para o vestibular. Ao usar a expressão latina para titular a coluna, recorri a uma consagrada e forte verbalização do latinismo, que, traduzida para o português, quer dizer "a sorte está lançada".

E está mesmo. A passagem por Curitiba dos representantes da Fifa e da CBF só é menos importante do que o dia em que forem anunciadas as 12 cidades brasileiras da Copa de 2014.

É uma disputa acirrada, colocando em confronto aspectos sociais, financeiros, urbanísticos, turísticos, econômicos e políticos. Curitiba é tão fantástica que dela só me afastei para cumprir o meu mandato de Constituinte. Fiz de tudo para não gostar de Brasília. Também deixei em segundo plano convites para trabalhar em outras capitais de estados brasileiros e até na capital dos Estados Unidos.

Curitiba, onde nasci, é a minha paixão. E dela me orgulho pelos prefeitos que teve e pela obra edificante que o Beto Richa está realizando.

Já fiz cobertura de Copa do Mundo – aqui na Gazeta do Povo – e sei que falta bastante para o ideal. Copa do Mundo exige uma estrutura de níveis elevadíssimos. Não se resume a um bom estádio. Transcende, e muito, o local dos jogos. Obras caras, que, para serem projetadas e concluídas, consomem muito tempo físico e dinheiro farto. Mesmo assim, parece irreversível a realização da Copa no Brasil. Os marqueteiros estão vendendo suas ideias e a cabeça do povo é feita pela maciça onda de convencimento público.

Particularmente, entendo que o Brasil tem prioridades sociais para receber o dinheiro que será despejado na preparação do país para o grande evento internacional. Politicamente, não nos convém mostrar e universalizar fragilidades, em troca da vaidade de fazer a Copa. É uma escolha a ser feita, avaliados com tranquilidade custo e benefício.

"Alea jacta est" e que tenhamos condições e competência para sermos merecedores da sorte que lançamos.

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