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Nenhum jogo dos paranaenses nos últimos dias pelo Brasileiro conseguiu mais impacto do que uma extraordinária declaração do presidente do Atlético, advogado Marcos Malu­celli. "A Copa de 2014 no Brasil é um absurdo". Declaração lúcida, corajosa, patriótica, altamente responsável. E Malucelli poderia ser um apologista do evento em Curitiba. O estádio do clube que preside será beneficiado. Sincero, disse que o Atlético tem muito mais a perder do que ganhar com o Mundial. A Arena está praticamente pronta e sem ajuda de nenhum órgão público o Ru­­bro-Negro termina o estádio com re­­­­cursos próprios. Malucelli considera um absurdo o governo aplicar bilhões de reais em estádios desprezando outras e importantíssimas prioridades. Acrescenta o mentor atleticano que a Copa é problema de Curitiba e do Paraná. Certíssimo, presidente. Nosso povo não tem educação pública de qualidade, é refém da bandidagem, não conta com as­­sistência médica pública que inspire confiança. Nossas estradas são esburacadas, os portos e aeroportos estão devendo qualidade, os salários são baixos e a corrupção corre solta sem o combate efetivo das autoridades.

Escrevo esta coluna ainda mais convicto de todas quantas já redigi manifestando minha opinião enfática contra a Copa no Brasil de tantos problemas. O Brasil precisa de gente que tenha noção meridianamente clara do que é justo e imprescindível para o povo. A Copa do Mundo não o é. Satisfaz a vaidade de governantes e a volúpia dos que gananciosamente estão em busca de dinheiro fácil e de origem duvidosa. A entrevista de Malucelli à Rádio Transa­mérica e transcrita com exatidão por Robson De Lazzari neste jornal é um marco na vida do futebol brasileiro.

Sempre disse que minha posição contrária à Copa no Brasil em 2014 nada tem contra o Atlético, como alguns apressados imaginam, com grande dose de maldade. Minha opinião está consolidada sobre os pilares de formação política e de cidadania. Aos que dizem que Curitiba vai receber benefícios públicos, quero dizer que é dever da União aplicar dinheiro nas obras que necessitamos. Não é favor, é nosso direito e obrigação constitucional do governo federal. Estranho é aplicar dinheiro público em um evento organizado por uma entidade bilionária co­­mo a Fifa com a participação da CBF, outra entidade de cofres abarrotados, enquanto os clubes do país es­­tão cada vez mais pobres. Malucelli, meu respeito por você é ainda maior. E aos que não sabem revelo que nas disputas judiciais em que o Atlético de Petraglia e eu nos envolvemos, o advogado do Atlético foi Marcos Malucelli e nem por isso em algum dia faltei com a ética e com o respeito ao me referir ao presidente do Atlético. Não cultivo o ódio, tenho minha consciência tranquilíssima.

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