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É notável acompanhar o desenvolvimento de uma criança e sua possível formação profissional. Os pais, mais experientes, procuram orientar e, às vezes, induzir filhos e netos a tomar o rumo do futuro profissional. Nem sempre dá certo. Muitos desses jovens chegam a começar um curso superior e no meio do caminho descobrem que não era aquilo que realmente gostariam de ser. É uma situação difícil de ser administrada pelos adolescentes, seus pais ou responsáveis. Este colunista passou por situação semelhante.

Meu pai gostaria que eu fosse médico. Mas, ainda no tradicional e bem conceituado Colégio Estadual do Paraná, constatei minha aversão por física e química. Como iria enfrentar o vestibular de medicina? Saí do curso científico e fui fazer ciências sociais, formação adequada à formação de advogado que escolhi para minha graduação superior. Ingressei no curso de Direito da Universidade Federal do Paraná. Aprendi muito e fiz grandes amizades.

Mas o meu sonho de menino era outro: trabalhar em rádio, ser narrador de jogos de futebol, escrever e alcançar outros patamares na profissão. Para não deixar de cumprir um compromisso que assumi com os meus pais, ambos falecidos prematuramente, recebi com cerimônia e pompa o meu diploma de bacharel em Direito, ingressei na Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Paraná – e recebi a carteira de advogado número 4.655. Montei escritório para " acomodar" o meu corpo. Minha cabeça estava em outro lugar, dentro de um estúdio de rádio.

Meu amor pelo rádio começou muito cedo, a partir dos seis anos de idade. No colo do meu pai, embalado por uma cadeira de balanço, ouvíamos, ambos, programas esportivos, especialmente pela Rádio Nacional do Rio. Gostávamos da famosa dupla Antonio Cordeiro e Jorge Curi, dois ícones da história da radiofonia brasileira. Morávamos na Avenida Silva Jardim, 337, e o meu estúdio particular era o único banheiro da casa. Nossa modesta casa virou um inferno pela narração de jogos imaginários com direito a gol, pênalti, expulsão e emoção. Um pouco mais tarde fui o narrador "oficial" dos jogos de botão que nosso grupo de amigos fazia.

O meu sonho de menino permite, agora, a inserção do meu nome e da minha profissão na Enciclopédia do Rádio Esportivo Brasileiro na companhia dos maiores locutores de todos os tempos. Também por esta razão lamento a morte prematura do meu pai, com quem aprendi a ouvir rádio na infância e desenvolver minha vocação para conquistar meus objetivos.

Obrigado aos ouvintes que me prestigiam quando completo 54 anos de rádio. Minha gratidão a todos os companheiros que estiveram ao meu lado e fazem parte do meu ser, transformando um sonho infantil em realidade comovente.

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