O texto que lerá é da egrégia lavra do Luiz Fernando Pereira, cracão de bola das lides jurídicas. Tema? Treinador, importância/desimportância. Os parênteses &negritos são meus, CAP.

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Diz você que técnico de futebol importa muito pouco ou, em crônicas mais amargas, coisa nenhuma. Certo na tese, ruim na explicação (das galerias espoucam vários não apoiados). Acho que o tema merece aclaração. Aí vai.

Técnicos importam pouco na lógica do jogo. E por uma razão matemática. Singela. Armando Nogueira falou em 30%, incluídos quesitos estranhos ao escopo original da profissão – liderança, comando. Acho muito, mas vá lá. (O mestre surtou: o objeto é refratário a medições, mas não aos conceitos.)

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A questão não é definir (impossível) o percentual. O problema é que técnicos se parecem (são japoneses como afirmei anos atrás no programa de tv comandado pelo Fernando Gomes); os da primeira divisão não se distinguem. Nesta banda de 30%, sugerida por Armando, o time que tem o melhor treinador arruma 28%; o pior 23%.

Com pequenas ressalvas, tudo se parece (do Oiapoque ao Chuí se faz tudo sempre igual): o "esquema de jogo", as "idéias" na escalação/substituições. Daí a importância do técnico rondar cinco pontos percentuais! Nada além disso. Pouco mais do que se reserva aos preparadores físicos (ou menos).

É certo que os técnicos ocupam lugar maior que lhes reserva esta lógica, real, matemática, do esporte. Não é assim que pensa a maioria. Ao técnico, no imaginário popular, se atribui o mérito pela glória do time e, noutra ponta, a culpa pelo fracasso! E é justo que assim seja. Se a glória é imerecida, que a culpa pelo fracasso seja a contrapartida desta falsa percepção de relevância.

Quer prova final da pouca importância dos técnicos? No meio dos campeonatos há sem-números de bem sucedidas substituições de técnicos consagrados por técnicos reconhecidamente piores. E o time melhora mesmo assim! (Xeque-mate, cara-pálida.)

É a "mexida" dizem os cronistas. Pode ser. Mas se trata da única profissão do mundo em que o "pior" sucede com êxito ao "melhor". Você substituiria seu cardiologista do Albert Einstein por recém-formado em Alfenas só pra dar uma "mexida" no seu problema do coração?

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O Romário tem razão: técnico bom é o que não atrapalha. (Tenho repetido; há três tipos de treinadores: os que atrapalham, os que não atrapalham, os que ajudam. Nos seguintes percentuais: 70%, 29%, 1%. Em todo caso, e radicalmente, treinador como árbitro não é essencial, é contingente. Sacou, cara-pálida?)