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Dizem que o homem tornou-se superior no reino animal porque pensa melhor, fala, tem habilidades manuais e encontrou meios de transmitir a herança cultural através dos milênios. Os não materialistas acham que o homem é superior porque tem alma, à "imagem e semelhança" de Deus.

Mas há um personagem que afirma: "O homem é superior porque tem dinheiro".

Esse personagem, muito apreciado pelas crianças que leem as revistas ou assistem aos desenhos animados de Walt Disney na televisão, e também por adultos que visitam a Flórida, foi criado para simbolizar o poder e a obsessão do dinheiro. Seu nome: Tio Patinhas.

Só que ele, apresentado como uma bem-humorada criatura que tanto entende de dinheiro quanto o ama, na verdade não pode ser considerado um perito no assunto.

Tio Patinhas ainda guarda seu dinheiro numa caixa-forte imensa, mas nada refratária aos ardis nem sempre muito honestos dos Irmãos Metralha – em seu mundo de ouro, notas e moedas, a rede bancária não existe. Ou ele ainda não confia nela.

Tio Patinhas carrega sacos de dinheiro – ou obriga Pato Donald a carregar – para fazer seus pagamentos. Ele também não usa talão de cheques e muito menos possui cartões de crédito.

Para o ranheta Tio Patinhas viver hoje em dia teria as proporções de uma tragédia e de uma heresia: o fim do dinheiro como objeto de pegar ou de ver. Ele insiste em manter-se no passado.

Ao contrário do velho usurário, que nesses tempos de violência deve andar com medo de mergulhar na sua piscina cheia de moedas e notas, os administradores dos nossos dias estão se acostumando com o dinheiro virtual. O sujeito sabe o que tem, mas não põe a mão na grana e apenas acompanha a movimentação através dos relatórios ou dos extratos bancários.

A metamorfose também chegou ao futebol e os dirigentes sabem que não podem mais manter os seus clubes vivendo apenas do resultado das bilheterias ou das vendas dos direitos dos jogadores revelados.

Todos descobriram que só haverá espaço para os grandes, aqueles que se organizaram, construíram os seus estádios, edificaram modernos centros de treinamentos, concentrações, e expandiram o quadro social.

Quem não criar uma infraestrutura gerencial e econômica certamente enfrentará tempos turbulentos diante da concorrência com aqueles que se prepararam antecipadamente e começam a colher os frutos da grande safra do novo futebol brasileiro.

Importantes empresas multinacionais e os fundos de investimentos mundiais estão ávidos por novos negócios e o mercado brasileiro, ainda pouco explorado, será o alvo preferido para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.

A mentalidade Tio Patinhas faz parte do passado e o dinheiro está à disposição de quem possui marca, poder, imagem, palco, lojas, craques, torcida, associados e calendário para faturar.

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