Como o ornitorrinco, o futebol paranaense é uma aparente aberração, formado pela surpreendente combinação de clubes endividados, quadros associativos esvaziados, dirigentes emocionalmente instáveis, planejamento estratégico estagnado, presença pífia de público nos estádios, desmotivação generalizada e desorganização em um campeonato estadual fadado ao fracasso.

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Com perspectivas pessimistas de boas campanhas na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro.

Apesar da constatação dos fatos que cercam os principais times, esse conjunto é tão real quanto o mais estranho dos mamíferos – um bicho ovíparo, com bico de pato, patas com membranas, rabo de castor e grande capacidade de movimentação na água.

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Diferença principal no ornitorrinco, o conjunto funciona. No atual futebol paranaense, a soma daqueles componentes resulta na síndrome de uma realidade em muito mau estado.

Na retórica dos cartolas a história é diferente, porém o dia a dia do noticiário de Atlético, Coritiba e Paraná desnuda a face cruel de um empreendimento que poderia apresentar bons resultados se fosse gerenciado com capacidade.

O Paraná viveu um turbilhão nas últimas semanas pelo perene caos econômico, a renúncia do presidente e o veto da Vila para o clássico de encerramento do turno. Aguarda-se o cumprimento das promessas de aporte financeiro feitas pelo grupo de conselheiros que emparedou o ex-presidente.

O Coritiba, que procurou reforçar o elenco apesar das dificuldades financeiras, lidera o campeonato e administra desconcertante crise de egos internos no chamado G-5, o seu grupo gestor. É bom frisar, também, que apesar do trabalho de Marquinhos Santos e da desenvoltura individual de alguns jogadores, a equipe esta distante do padrão exigido para tentativas mais ousadas nos torneios nacionais.

O Atlético tem sido um sucesso patrimonial, mas um fracasso futebolístico que já encheu as medidas dos torcedores. As arquibancadas esvaziadas na moderna Arena da Baixada e a redução do quadro social – pela ausência de um time competitivo – refletem o equívoco da diretoria na filosofia implantada no departamento de futebol profissional.

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Transformado em clube triste, pelo afastamento do público e falta de motivação geral, agravado por um rancor incompreensível que, entre outras coisas, expulsou do clube o ex-presidente Marcos Malucelli. O motivo alegado foi a contratação do jogador uruguaio Morro Garcia. Ora, ora, se todo dirigente que fez, faz e fará más contratações for expulso do clube, não vai sobrar nenhum no cenário futebolístico brasileiro.

Completando o anticlímax, no encerramento da primeira fase do Campeonato Paranaense, a maior curiosidade é saber se o Furacão será castigado pela inanição técnica do time e terá de disputar o Torneio da Morte.