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Estamos assistindo, com toda a clareza do mundo, ao resultado do futebol de resultados que foi implantado há 30 anos no Brasil. Desde que Telê Santana perdeu as Copas de 82 e 86.

Ganhamos dois mundiais, é verdade, mas o padrão técnico dos nossos times caiu muito e a seleção deu o maior vexame da história, nos 7 a 1 para a Alemanha.

O baixo padrão técnico do Campeonato Brasileiro é o reflexo do futebol de resultados que domina desde as categorias de base, desde a garotada das escolinhas. Está tudo aí, com toda a nitidez.

A arte do futebol nas campanhas do tricampeonato mundial, com aquela quantidade incrível de craques, foi desprezada pelos técnicos.

Dirigentes mal informados – que na maioria não passam de apaixonados torcedores ocupando cargos de mando nos clubes – e técnicos oportunistas que defenderam a teoria de que não adiantava jogar bem como a seleção de Telê e perder o título.

Estavam convencidos de que a qualidade do jogo e do jogador não importava mais, de que importava tão somente o resultado, nossos treinadores, que passaram a se denominar “professores”, optaram decididamente, definitivamente, pelo que ficou conhecido como futebol de resultados.

Curvamo-nos ao futebol dito de resultados desde jogadores muito jovens, meninos de 10 anos. Na idade em que o brasileiro desenvolvia sua habilidade inata, aprimorava sua aptidão, exercitava sua capacidade de criação e improvisação, a sua liberdade de jogar – logo nesse instante, os treinadores das divisões de base, com o beneplácito dos treinadores das divisões de cima, introduziram o menino no futebol de competição.

O que era brinquedo de infância virou negócio de profissionais, empresários, investidores e outros personagens sinistros que passaram a habitar o mundo da bola. E, para ganhar o jogo, vencer a competição, conquistar o título, em vez de jogar o menino teve que aprender a não deixar o adversário jogar.

A marcar, sempre marcar; cercar; obstruir; diminuir os espaços e fazer falta.

Jogar duro é uma coisa, mas ficar impedido de pensar, de criar e de tentar alguma jogada inspirada foi um crime cometido contra a habilidade natural do futebolista brasileiro.

Técnicos medíocres transformaram a grande maioria dos jogadores brasileiros num jogador comum. Temos um monte de cabeças-de-área e pouquíssimos meias de criação. Temos uma porção de atacantes paradões e raros atacantes dribladores e ousados na busca do gol.

Levou tempo, mas os “professores” conseguiram destruir um esporte tão rico de talento.

Ainda bem que existem algumas exceções, como Gabriel Jesus, que enchem os olhos dos cultores da arte do futebol.

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