Ao mesmo tempo em que comemorava o gol de Maradona contra a Inglaterra, que abriu as portas do segundo título mundial da seleção, a Argentina chorava a morte do seu maior escritor no século passado: Jorge Luis Borges.

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O grande Borges teve uma relação díscola com o esporte em geral e com o futebol em particular. O gigante das letras argentinas dizia, entre outras coisas na sua irascível relação com o futebol: “El fútbol despierta las peores pasiones. El fútbol es popular porque la estupidez es popular”.

Ele morreu um par de dias antes do antológico gol de Maradona na Copa do Mundo de 1986.

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Os intelectuais sempre circularam pelo futebol.

No começo do século passado, o escritor Lima Barreto, irritado com o caráter elitista e racista do esporte, anunciou a criação de uma liga de combate ao “foot ball”. Os petardos do autor de Triste fim de Policarpo Quaresma podem ter influenciado o alistamento do jovem Graciliano Ramos num ataque feroz: “O futebol não se adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo que não nos serve”.

Algumas décadas depois o escritor José Lins do Rego, homem divertido, torcedor do Flamengo, dizia que intelectual brasileiro não sabia bater escanteio.

Referia-se à dificuldade, quase desconforto ou repulsa, que os escritores têm pelo esporte mais popular do país.

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Lançado pelo jornalista Mário Filho, em 1947, O Negro no Futebol Brasileiro, discípulo confesso de Gilberto Freyre, marca uma mudança no discurso da Academia Brasileira de Letras. Foi o documento da integração do negro ao futebol espelhando a democracia racial no Brasil.

Mário Filho inventou o Fla-Flu, sendo torcedor do Flamengo que rachou e uniu a família no duelo de crônicas geniais com o irmão Nelson Rodrigues, fanático pelo Fluminense. Foram os dois que criaram a mística do clássico carioca e imortalizaram as glórias do Maracanã.

Entre os mais célebres autores paranaenses pouco se sabe sobre as preferências futebolísticas do entocado Dalton Trevisan, mas todos conheciam a paixão de Paulo Leminski pelo Atlético, como acontece com Cristovão Tezza nos dias de hoje.

E temos Ernani Buchmann que escreveu Cidade de Chuteiras, Quando o futebol andava de Trem, O Ponta Perna de Pau e foi a luta como vitorioso presidente do Paraná Clube no final da década de 1990.

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Publicitário e jornalista, o incansável criador consagrou-se com Heróis da Liberdade, que virou filme; o Livro do Truco, Onde me doem os Ossos, O Bogart Curitibano e muito mais.

Ernani Buchmann foi eleito presidente da Academia Paranaense de Letras e assumirá nesta segunda-feira (6) o comando da nossa veneranda casa de cultura.