Vitorioso como dirigente, porém profundamente desgastado pelo volume de denúncias de corrupção nos últimos anos, Ricardo Teixeira foi isolado pela presidente da República, Dilma Rousseff, e desprezado pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter. Ficou no mato sem cachorro.

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Passando mais tempo com os seus advogados de defesa do que tratando das questões que envolvem o futebol brasileiro e, sobretudo, a Copa de 2014, o presidente da CBF pode continuar no cargo, mas tem consciência de que nada mais será como antes.

Eleito há pouco mais de 22 anos nas asas do prestígio do sogro – o poderoso João Havelange, também denunciado por irregularidades no comando da Fifa – e surfando sobre as ondas da mais grave crise de cúpula vivida pelo futebol brasileiro – período de Octávio Pinto Guimarães, Nabi Chedid e outros –, Teixeira pecou pela soberba e demasiado apego ao poder.

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Correndo os olhos pelo noticiário nas duas últimas décadas em torno do presidente da CBF, é possível identificar muitas coisas positivas e muitas, mas muitas mesmo, coisas negativas, suficientes para preencher respeitável prontuário.

No campo esportivo, o saldo é significativamente satisfatório, afinal, nesse período, a seleção conquistou duas Copas do Mundo, um vice, várias Copas Américas e das Confederações, e os clubes brasileiros passaram a brilhar na Libertadores como jamais havia acontecido. Indicativo de profissionalização e modernização.

Entretanto, os inúmeros negócios que envolvem o futebol como produto de ponta no mercado internacional do esporte e lazer acabaram desconstruindo a imagem do senhor Ricardo Teixeira.

Desde o escândalo conhecido como o "Voo da Muamba", em 1994, processo no qual foi absolvido, tendo como advogado de defesa o paranaense Domingos Moro, até os recentes rolos que alcançaram a Fifa e minaram o seu prestígio como presidente do COL – Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014 –, o desgaste foi enorme.

Hoje em dia, como se diz no jargão aeronáutico, ele está com fadiga de material.

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Nem mesmo a nomeação do ex-jogador e atual deputado estadual carioca, Bebeto, foi suficiente para diminuir os rumores da eminente renúncia de Teixeira. Aliás, Bebeto juntou-se a Ronaldo, ocupando o lugar que estava reservado a Romário. O ex-craque e deputado federal carioca manteve posição critica sobre Teixeira e perdeu a vez para Bebeto, que até hoje é tratado como coadjuvante de Romário na conquista do Mundial de 1994, nos Estados Unidos.

A crise no reino do futebol é grave, tanto que Ricardo Teixeira foi virtualmente colocado para escanteio – o principal interlocutor nos assuntos do Mundial tem sido o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

Para o ministro, mesmo com o elevado custo e correndo o risco da mamata de sempre no trato do dinheiro público, não se poderia negar ao povo brasileiro uma de suas três maiores alegrias. Para o político com longa militância na esquerda as outras duas alegrias são o carnaval e o dia da eleição.

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