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A metade dos estádios e diversos aeroportos planejados para a Copa do Mundo estão inconclusos. Entre as arenas problemáticas, a que mais chama a atenção é a do Atlético, mesmo faltando apenas 10% para ficar pronta. O teatro que se faz em torno do Mundial compromete autoridades, políticos e cartolas do futebol.

As trapalhadas começaram quando a Fifa detectou impressionante atraso em todas as obras e o secretário-geral Jérôme Valcke ameaçou "dar um chute no traseiro de quem assumiu o compromisso de sediar a Copa". E teve muito mais, até o teatrinho armado, quinta-feira, em Zurique, com os salamaleques de Joseph Blatter para a presidente Dilma Rousseff.

Antes de embarcar para a Europa a presidente da República inaugurou pela segunda vez a arena de Natal, pois já havia ocorrido uma cerimônia semelhante no ano passado. E com direito a precipitação do presidente da Câmara Federal, deputado Henrique Alves, que colocou o estádio, ainda em obras, como opção se Curitiba fracassar e ficar de fora.

Pessoalmente não tenho dúvida de que todos os palcos estarão prontos em abril, pouco antes da competição. É assim que as coisas funcionam em nosso país, sempre pagando o pedágio por esbanjar dinheiro público, incompetência e impontualidade. Mas, como dizia o maestro Tom Jobim: "O Brasil não é para principiantes". Ou outra, tão boa quanto esta: "O Japão é um país paupérrimo, com vocação para a riqueza. Nós somos um país riquíssimo, com vocação para a pobreza".

A decisão inédita na história das Copas, de designar 12 cidades-sede, atendeu apenas a interesses políticos do então presidente Lula. O resultado é a construção de elefantes brancos, que ficarão como verdadeiros monumentos ao desperdício. É difícil imaginar que destino cidades sem expressão futebolística, como Cuiabá, Manaus e Brasília, darão a seus estádios. Mas o Brasil chegou a um patamar de desenvolvimento, somado a sua histórica tradição como maior vencedor de Copas, que comporta – ou até exige – sua inserção no circuito mundial de grandes espetáculos.

Desde o início Curitiba conduziu muito mal o processo para tornar-se uma das sedes do megaevento, tanto no plano político quanto administrativo. Para começar, a cidade não teria sido escolhida sem a obstinação do dirigente atleticano Mario Celso Petraglia, com as suas virtudes e defeitos que todos conhecem. O discurso entre o poder público e o clube jamais esteve afinado, ao ponto de as verbas terem sido liberadas com o freio de mão puxado, atrasando as obras, sob pressão de vereadores e deputados por interesses políticos ou meramente clubísticos, agravado pela liberdade de o clube tocar sozinho o empreendimento. Houve discórdia política em todos os escalões, potencializada pela proverbial antipatia que o presidente do Atlético faz questão de irradiar.

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