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No filme Feitiço do Tempo, de 1993, um repórter de televisão especializado em meteorologia – interpretado pelo espirituoso ator Bill Murray – vai a uma pequena cidade da Pensilvânia para cobrir a celebração do Dia da Marmota.

Nessa data, 2 de fevereiro, a reação do bicho ao sair da toca para a luz do dia indica se o inverno logo terminará ou vai durar pelo menos mais seis semanas. Essa é a crença tradicional de quem vive na cidadezinha americana.

Terminado o trabalho, o repórter quer partir, mas fica preso na cidade, numa armadilha de cenas repetidas. O noticiário político e econômico do Brasil é cada vez mais parecido com a história de Groundhog Day, título original do filme.

O governo continua maquiando suas contas de receitas e despesas, a inflação continua subindo, o desemprego aumentando, o dólar disparando e, agora, trocando de ministro da Fazenda. Os políticos seguem aprontando das suas, quando não acordam com o japonês da Policia Federal na porta da casa.

Se a gente sai do noticiário geral e clica em algum canal de esportes o filme se repete: dirigentes nacionais e internacionais fugindo do FBI, eleições arranjadas na CBF, nada de mudanças estruturais para recuperar o futebol brasileiro, a maioria dos jogos com péssimo nível de arbitragem e beirando a indigência técnica.

O que tem salvado os fins de semana é a coleção de jogos dos campeonatos europeus. Como os grandes times conseguem formar verdadeiras seleções, como Barcelona, Real Madrid, Bayern, PSG e outros, as atrações se multiplicam nos canais a cabo.

Interessante é que um novo fenômeno surgiu no horizonte do futebol mundial: o esvaziamento técnico e a perda de interesse nas partidas entre seleções nacionais. Sim, como os principais clubes contratam os maiores craques de cada país e reúnem escalações quase perfeitas, a diferença técnica tornou-se flagrante quando os escretes se defrontam apenas com os jogadores nativos.

Basta verificar a defasagem entre as apresentações de Barcelona e Real Madrid com as da seleção espanhola. Ou das seleções inglesa e francesa.

Como Bayern é a base do selecionado alemão, explicam-se facilmente os motivos que o tornaram campeão do mundo. Sem esquecer dos avassaladores 7 a 1 no Mineirão.

Mas o filme da repetição de cenas continua na tela do futebol local: vem aí novos campeonatos estaduais desinteressantes e deficitários, torneio Sul-Minas-Rio com poucas atrações e mais do mesmo, inclusive com a seleção que não empolga mais ninguém.

Como amante do futebol lamento ter que constatar essa dura realidade, mas tudo indica uma repetição modorrenta da história bem conhecida.

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