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As coisas sempre foram complicadas na cúpula do futebol paranaense.

Na verdade, não existe na prática essa instituição denominada futebol paranaense. O que existem são dos clubes conflitantes entre si.

E isso vem de longe. Para tanto, basta consultar a história e verificar quantas foram as discussões e as cisões através dos tempos.

Não surpreende o tiroteio verbal estabelecido entre os presidentes da Federação e dos três clubes da capital em torno do estádio a ser escolhido para servir como palco de jogos da Copa do Mundo de 2014.

Portanto, se a Copa vier para Curitiba temos uma equação difícil de ser resolvida, diante dos interesses dos quatro principais interessados. Claro que a Federação não deveria se meter nisso, porém é absolutamente legítima a defesa dos interesses de Atlético, Coritiba e Paraná.

O Pinheirão, pomo de tanta discórdia, por muito pouco não foi adotado pelo estado.

Aconteceu o seguinte: em 1966 o presidente da Federação, José Milani, aproximou-se do novo governador, Paulo Pimentel, apresentando-lhe o projeto do estádio que, na época, representava o máximo em concepção arquitetônica – era o tempo do Mineirão, Tartarugão, etc. O governador mostrou-se interessado em colaborar com o esporte e deu sinal verde para Milani que, em seguida, formou uma comissão de construção. Foram convidados para compor a comissão três esportistas, cada um representando o seu clube: Orestes Thá, do Água Verde; Gastão de Abreu Pires, do Atlético e Hipólito Arzua, do Ferroviário. A primeira reunião foi em um jantar durante o qual foi apresentada a maquete do Pinheirão e o detalhamento do cronograma de obras. Como repórter, entrevistei todos os presentes e notei a ausência do representante do Coritiba. Mais tarde, soube que ninguém do Coxa foi convidado porque, àquela altura, o clube já estava posicionado contra o Pinheirão.

Acontece que, desde 1958, o presidente Aryon Cornelsen vinha tocando as obras do novo Belfort Duarte – atual Couto Pereira – e, em 1966, foi inaugurada a primeira parte da grande arquibancada com marquise em um jogo amistoso entre a seleção brasileira de novos e o Coritiba.

Milani seguiu em sua cruzada, mas de forma atabalhoada e amadorística, cometeu alguns equívocos que levaram o governo a se afastar do projeto.

O governador e seus assessores devem ter percebido que, pela falta de consenso entre os principais clubes e pela maneira como a Federação tocava o projeto, o Pinheirão se tornaria uma bomba política.

Passaram-se sete anos para que Milani voltasse à carga, e daí com carga total, iniciando as obras no peito e na raça. Deu no que deu.

O tempo passou, o Pinheirão tornou-se um elefante branco; o Coritiba não conseguiu concluir o seu estádio; o Atlético partiu para a Arena da Baixada ainda inacabada e o Paraná voltou para a Vila Capanema.

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