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Refugiado em Assunção, capital do Paraguai, depois que um golpe militar que pôs fim ao seu segundo governo, em 1955, Juan Domingo Perón respondeu assim a um repórter que lhe perguntou sobre as preferências políticas dos argentinos: “São 40% radicais, 40% direitistas e 20% esquerdistas”. “E os peronistas ?”, insistiu o repórter, “Peronistas são todos”, respondeu o velho caudilho.

Essa passagem, que entrou para o folclore político argentino, ilustra bem o peronismo, que é muito mais um movimento do que um partido. Agora em baixa e derrotada nas urnas, a frente que vai da esquerda à direita, dos empresários aos “descamisados”, continua viva e imprevisível.

O Atlético é dominado há 20 anos pelo petraglismo, movimento liderado pelo atual presidente executivo Mario Celso Petraglia, que concorre ao cargo máximo na câmara deliberativa do clube.

Sou do tempo em que era difícil encontrar algum herói disposto a assumir o comando rubro-negro. Vivendo em permanente penúria financeira, basicamente das contribuições dos mecenas que mantinham o domínio das famílias tradicionais da cidade; além do tráfico de influência junto ao poder público para conseguir empregos aos atletas na época romântica do futebol.

O Atlético enfrentava a organização e o gigantismo do Coritiba e o suporte garantido pelos ferroviários, que tinham descontado na folha a contribuição como sócios do Ferroviário, um dos embriões do Paraná Clube. Os demais times eram apenas coadjuvantes.

Por isso, a velha Baixada era um estádio acanhado. Aconchegante para abrigar a paixão atleticana, porém sem qualquer tipo de conforto. E os títulos só eram comemorados de 12 em 12 anos.

Deu-se a virada, primeiro, com o surgimento da “Retaguarda Atleticana”, liderada por Valmor Zimermann; depois, com a revolução perpetrada por Petraglia. O resto é história.

Sábado (12), os associados escolherão entre a atual diretoria e uma oposição recheada de jovens empresários e liberais idealistas que pretendem canalizar a pujança do patrimônio construído com a formação de um time vencedor que volte a ser campeão.

Com o clima quente, depois das acusações desferidas por Petraglia, respondidas à altura pelos líderes oposicionistas Henrique Gaede e João Alfredo Costa Filho, espera-se, pelo menos, respeito às regras eleitorais no pleito.

Contrastando com o estilo belicoso e agressivo do atual presidente, o candidato da situação apresenta-se com incomum elegância, bom senso e boa educação. O médico Luiz Sallim Emed é um poço de tranquilidade e equilíbrio.

Bom para o Atlético. Afinal apesar das profundas diferenças de caráter, atitude e conceitos, todos são atleticanos.

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