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É fantástico o poder lúdico do futebol. Vejam só a inversão de posições entre Atlético e Paraná.

Há duas rodadas os rubro-negros estavam na fossa, a diretoria de mau com a torcida, o massagista Bolinha no exílio, o time inseguro e a ameaça de rebaixamento. Há duas rodadas os tricolores estavam otimistas, a diretoria em alta, o time confiante e o sonho de voltar a figurar entre os melhores.

Eis que os deuses do futebol resolveram intervir no processo. Os deuses de carne e osso e os deuses do Olimpo da bola entraram em ação. Foi o suficiente para o Paraná sofrer duas goleadas acachapantes, a diretoria ser colocada em xeque e o indesejado ingresso na zona de rebaixamento; foi o suficiente, também, para o Atlético sair do baixo astral com dois triunfos, a diretoria tomar algumas medidas que diminuíram a tensão com a torcida, Bolinha ser recebido com salvas de palmas, o time recuperar a confiança e sair do sufoco.

Este é um campeonato de poucas estrelas, mas de muitas emoções exatamente pelo nivelamento entre a maioria das equipes que, exceto o São Paulo, não conseguem estabelecer seqüência de vitórias por muito tempo.

Este é um campeonato esvaziado pelo baixo nível técnico dos times, tremendamente enfraquecidos pelo êxodo de jogadores para o exterior. O campeonato vive, única e exclusivamente, da superação dos jogadores e da rivalidade entre as torcidas, pois tornou-se difícil melhorá-lo na fórmula de pontos corridos, com distribuição desigual de jogos e arbitragens que agridem o bom senso e alteram resultados.

A síntese do campeonato é que, quando temos profusão de gols, observamos a fragilidade de algumas defesas e as falhas de determinados goleiros; quando temos emoção em campo, falta técnica por motivos que todos sabem, e já é cansativo repetir, mas vá lá: os nossos melhores jogadores estão fora do país.

A gente, nem sempre compreendido por cartolas e até mesmo por alguns torcedores, começa dando uma força, dourando a pílula, incentivando, tentando ver o lado bom das coisas. Mas a certa altura fica difícil segurar e começam as inevitáveis críticas e observações que mexem com a vaidade da moçada. É um Deus nos acuda. Telefonemas, mensagens eletrônicas, entrevistas coletivas, notas oficiais, como se o papel da imprensa não fosse o de abordar os temas do momento conforme a realidade dos acontecimentos.

Ninguém fala ou escreve para prejudicar alguém ou alguma instituição, apenas procuramos exercer a liberdade de imprensa, sem paixões clubísticas e rigorosamente dentro da experiência adquirida ao longo de mais de quatro décadas no futebol.

Chegamos ao fim e ao cabo com certa sensação de vazio. Aí é a hora de entrar em férias, coisa que farei a partir de terça feira.

carneironeto@gazetadopovo.com.br

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