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Estilo de maturidade é como se diz imprecisamente. O melhor seria dizer estilo de experiência, de vivencia ou de proximidade com o balanço da vida.

Mesmo correndo o risco de serem mal entendidos, certos autores preferem dizer estilo de velhice para caracterizar o estilo final de escritores que com o estilo se preocupam.

Se alguém é capaz de, num breve poema ou simples conto, abarcar o mundo inteiro e refleti-lo – o que é uma tentação arriscada e diabólica, luciferina, pelo orgulho de que ele se reveste – é inútil tentar escrever a Divina Comédia ou a Guerra e Paz.

Só se tem a grandiosa visão do minúsculo nas portas da velhice, quando se alcança o verdadeiro despojamento, vale dizer – o perfeito estilo de maturidade.

Na depuração e pureza das palavras os autores alcançam o cristalino amadurecimento da sua arte.

Observa-se, mesmo nos grandes como Machado de Assis no monumental Memorial de Aires, diferenças entre o modo de escrever na juventude e na maturidade. A primeira fase tem sua força na semântica e o segundo na sintaxe. Com o tempo, a fúria que caracteriza a mocidade se transmuda em precisão e simplicidade. De onde a afirmativa atribuída a Flaubert de que quando nada se destaca numa fase, ela está perfeita.

Num jovem, o prematuro estilo de maturidade é uma violentação de si mesmo, é aberração ou indício de mediocridade.

Só se aprende o valor das palavras na sua concretude interior.

À espera da serena maturidade de tendência, um homem escreve com naturalidade e algum talento.

Na idade madura o escritor, o cronista e o jornalista têm uma visão completa e depurada de sua época.

Bem, basta de divagações literárias e vamos às homenagens.

Na verdade gostaria de pedir licença aos caros leitores de tantos anos para registrar dois livros lançados por queridos companheiros da velha guarda: Carlos Alberto Pessoa e Firmino Dias Lopes.

O irrequieto Nego Pessoa nos brindou com o saboroso Livro Vermelho. Gozação em cima do Livro Vermelho de Mao.

Nego Pessoa é um estilista, algumas vezes barroco, outras vezes moderno, mas basicamente único. Texto enxuto, erudito, cirúrgico nas abordagens do seu abecedário. Tudo com generosas doses de bom humor.

O doce cearense Dias Lopes, jornalista especializado em esportes, viajou em torno de um mito do basquete brasileiro com o seu Mayr Facci, o gato selvagem.

Mayr jogou no Guarani, de Ponta Grossa e nas seleções paranaense e brasileira. A síntese do grande Mayr foi dada pelo melhor técnico do basquete brasileiro Togo Renan Soares, o Kanela: “Os três maiores craques que conheci foram Wlamir, Amaury e Mayr”.

Livros imperdíveis.

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