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O hábito de trocar o técnico é a principal válvula de escape dos cartolas na tentativa de esconder as suas mazelas ou, principalmente, a confissão de sua incompetência na gestão dos times de futebol. Tornou-se comum mudar o comandante da equipe – sete já caíram neste campeonato que ainda não chegou à sétima rodada, cabeças coroadas como Muricy, Luxemburgo, Autuori e Ney Franco –, mas chamou atenção o fato de Ricardo Drubscky ter sido dispensado pelo Atlético.

Esse profissional assumiu o time depois das desastradas experiências com Juan Carrasco – que perdeu o título estadual de forma direta, na partida em que escalou o zagueiro Manoel como atacante, e a diretoria o manteve no posto até o fim do campeonato – e Jorginho – aquele que achou o time tão ruim que fedia – e o conduziu de volta à Primeira Divisão. Não foi tarefa fácil, pois o elenco foi mal formado, carece de equilíbrio técnico para adquirir consistência tática, não conta com jogadores de ponta que resolvem a parada com lances geniais e as novas contratações não indicam que as coisas vão melhorar.

Com o afastamento de Ricardo Drubscky ruiu o projeto de longo prazo – com a maior pré-temporada da história e com o desperdício representado por um time sub-23 e mais de cem jogadores que estariam registrados na CBF – cantado em prosa e verso, e aclamado pela mídia chapa-branca próxima da diretoria. Faltou filosofia na montagem do grupo, que se espalha pelo campo de forma a facilitar as ações dos adversários, daí a secura de resultados satisfatórios, quase quatro anos sem vencer o Coritiba e, sobretudo, más campanhas nas últimas temporadas com a volta do fantasma do rebaixamento.

Insistindo em pensar mal o seu futebol, falta lógica ao Atlético, que só faz o torcedor sofrer. E isso vem de anos, com as raras exceções que apenas servem para confirmar a regra. Ou vocês acham natural que um clube tradicional, de massa e com recursos financeiros tenha passado 33 anos com apenas dois títulos de campeão – 1958 e 1970? Ou que atravesse décadas queimando dinheiro bom na formação de equipes ruins? Os dirigentes fazem promessas, investem mal em técnicos e jogadores e causam decepção ano após ano ao fiel torcedor.

O Furacão avança movido por lampejos esporádicos, sem uma sequência lógica de resultados satisfatórios, agravado pelo mau costume de desmontar os melhores times formados logo após a conquista de títulos.

Para quem se interessa pelas pulsões arcaicas e circuitos ocultos da nossa mente, a alucinação coletiva, estabelecida pelo atleticanismo – o termo foi por mim inventado há alguns anos – é um laboratório para poucos. Digo isso não só à luz do que está acontecendo agora, mas refletindo sobre o que assisti e relatei aos ouvintes e leitores nesses cinquenta anos em que acompanho profissionalmente o Atlético.

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