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A generosidade e o reconhecimento da torcida do Coritiba transformaram Krüger em personagem imortal no Alto da Glória.

Hoje, ao ser apresentada a estátua do jogador mais emblemático da história do clube, será prestada uma homenagem inesquecível a quem dedicou praticamente a vida inteira ao Coritiba Foot Ball Club.

A centenária associação teve jogadores da estatura técnica e mitológica de Pizzatto, Pizzatinho, Fedato, Renato Follador, Miltinho, Duílio, Caraazzai, Bequinha, Nico, Oberdan, Hidalgo, Aladim, Zé Roberto, Leocádio, Ely, Jairo, Rafael e tantos outros, mas o torcedor elegeu Dirceu Krüger como síntese do perfeito coxa-branca.

Tive o privilégio, como repórter da Rádio Guairacá e do jornal Tribuna do Paraná, de testemunhar a assinatura do contrato de Krüger com o Coxa. Foi em 1966, por volta das 11 horas da manhã, na antiga sede administrativa do clube na rua XV de Novembro.

Estavam presentes o também repórter Aloar Ribeiro, desta Gazeta do Povo, o lateral esquerdo Antero, que foi contratado no mesmo dia do Britânia, o secretário- geral “seo” Lúcio, o presidente Lincoln Hey e o diretor de futebol Elias Derviche. O Flecha Loira, apodo eterno criado pelo jornalista Albenir Amatuzzi, parecia um seminarista emocionado, jamais um superjogador de futebol.

Minha dúvida sempre foi se a bola procurava Krüger ou ele sabia onde procurar a bola. Pouco importa. Os dois sempre tiveram um encontro marcado no melhor lugar do campo. Às vezes, havia pequenos desencontros. Ele, apressado, chegava cedo; ela, caprichosa, chegava tarde. Mas se mantinham fiéis e o reencontro era inevitável. Ele foi artilheiro; ela era a mensageira. Levava a notícia de mais um gol ao endereço certo. Pontualmente.

Krüger tinha pernas velozes e raciocínio instantâneo. Foi a prova evidente de que o jogador pode correr e pensar ao mesmo tempo. Por isso, ele era tão bom na hora de marcar o gol quanto no momento de construir a jogada ou dar o famoso corte seco sobre o marcador, desconcertando todo o sistema defensivo adversário.

Era impressionante a sua movimentação como atacante perfeito. Fez gols de longe, de meia distância, de perto, de pênalti, de falta e até de cabeça, que não era bem a sua praia.

Sofreu graves lesões, flertou com a morte bem antes da hora, sobreviveu a tudo e continuou correndo, marcando gols, conquistando vitórias e títulos em marcha acelerada para o portal da glória.

Desejado por diversos clubes dos grandes centros foi trancado a sete chaves pelo presidente Evangelino Neves, que recusou todas as propostas. Foi preservado como joia rara.

Você merece a homenagem, Alemão.

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