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Vai demorar algum tempo para que o zumbido das vuvuzelas saiam de nossos ouvidos, que se apaguem em nossas retinas as bonitas imagens mostradas pela televisão, que esqueçamos o baixo nível técnico da maioria das partidas e, obviamente, a decepção com diversos jogadores apresentados como craques sem que possuam recursos técnicos para merecer tanta fama e ganhos tão elevados.

O futebol deixou de ser esporte transformando-se em fenômeno social e, sobretudo, um gigantesco negócio que movimenta bilhões de dólares por ano. Daí a necessidade da fabricação de ídolos para alimentar a ilusão dos consumidores.

Mais ou menos como procedem as religiões em suas frenéticas cruzadas na captação de novos fiéis.

Esqueçamos a final que deixou a desejar no plano técnico, mas pelo menos consagrou a equipe que foi menos violenta em campo. É como disse o técnico Vicente del Bosque da brava seleção espanhola, "una final no es para jugar, es para ganar".

Após a eliminação da seleção brasileira - na grotesca falha do goleiro Julio César que desencadeou o processo de desmantelamento emocional e técnico do time – lembramos das glórias passadas para tentar aplacar nossa frustração.

E a relação dos melhores jogadores da Copa do Mundo nos remeteu a algumas comparações que podem servir como consolo: Villa, goleador espanhol, anos-luz distante de Romário e Ronaldo, os últimos goleadores brasileiros em mundiais; Xavi, bom jogador, que lembrou Dirceu Lopes; Iniesta, o melhor do time, um Rivelino sem o canhão; Robben parece Mario Sergio que trabalhava bem com a canhota, mas que se movimentava pelo campo inteiro enquanto o holandês joga em faixa restrita pelo lado direito; Sneijder, este sim craque, lembrando mestre Gerson; Schweinsteiger, outro craque, com a mesma elegância de Falcão; Özil, alemão com arte, tipo Sócrates na saída para o ataque; Forlán, escolhido o melhor por falta de alguém que arrebatasse na fraca final, inferior a Rivaldo, injustiçado na eleição de 2002 que apontou, absurdamente, o goleiro Oliver Kahn; Messi, abaixo do nível técnico de Zico e sem o poder de finalização do "Galinho de Quintino".

Devemos reconhecer que o passado é profundo e acabamos misturando gerações, épocas e estilos no resgate dos grandes jogadores. Porém, é inegável que as duas últimas edições da Copa foram muito fracas.

Mal comparando, acredito que esta da África do Sul conseguiu ser, tecnicamente, melhor do que a da Alemanha.

Sinal mais do que evidente de que os craques rarearam, mas em compensação os ganhos aumentaram em fabulosa escala graças a mídia, aos investidores e patrocinadores que tomaram conta do futebol, certamente um dos melhores negócios do planeta no complexo de lazer, esporte e paixão popular.

O futebol mistura arte com fanatismo e religião. Fenômeno que merece estudo mais aprofundado.

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