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Enquanto a Fifa absolveu o Catar pelas suspeitas de corrupção na conquista da candidatura para a realização da Copa do Mundo de 2022, a CBF teme por um terremoto no futebol brasileiro ao final das investigações promovidas pelo Ministério Público de São Paulo na possível premeditação na queda da Portuguesa no ano passado.

Pelo jeito, a Fifa está ficando cada vez mais com cara de balcão de negócios, pois o relatório do seu Comitê de Ética na conclusão do inquérito sobre denúncias da compra de votos no processo de escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022 cita nominalmente o amistoso entre Brasil e Argentina, em novembro de 2010, em Doha. O jogo teria servido para repassar dinheiro para a AFA – Associação de Futebol Argentino – e mesmo assim absolveu a candidatura do Catar-2022. Alegaram os membros do Comitê que a propina paga para alguns eleitores do colégio da Fifa partiu de conglomerados financeiros daquele país e não dos cofres da confederação do Catar. Ah, bom.

Mas o investigador Michel Garcia abriu guerra contra a entidade máxima do futebol ao saber do resultado da investigação. Segundo ele, o informe omitiu dados fundamentais e manipulou conclusões chegando a resultados que não condizem com o que foi apurado. Eu, hein!

Claro que para um país que convive com políticos da estirpe de Paulo Maluf, por exemplo, práticas imorais não chocam tanto. Andamos tão decepcionados com o comportamento de autoridades públicas que a sociedade reage lentamente, especialmente nas urnas.

Nem Al Capone, em toda a sua glória, conseguiu reunir tanta e tamanha lista de acusações pessoais e públicas quanto o notório homem público paulista.

Políticos e jornalistas que espumavam de cívica indignação quando se falava de Maluf, emudeceram quando líderes políticos renomados e mesmo um ex-presidente da República visitaram a sua residência pedindo apoio para as eleições atirando-lhe incenso, ouro e mirra e estendendo-lhe o inevitável tapete vermelho para suavizar e ornamentar os seus caminhos travessos.

Ora, se um cidadão como esse merece da classe política brasileira a glória de um varão de Plutarco, não será o escândalo da queda da Portuguesa que conseguirá abalar as estruturas morais da nação. Mas, se no encerramento das investigações, for comprovado o envolvimento de dirigentes ou funcionários do clube na sua própria desclassificação em troca de suborno, a mancha no futebol será indelével.

Só que, além daqueles que teriam participado do complô para prejudicar a Lusa e ajudar algum outro clube, seriamente ameaçada pelo rebaixamento, será fundamental a identificação dos corruptores. Aliás, este é outro grande nó que só ultimamente começou a ser desatado através dos inquéritos policiais até chegar a Justiça para alcançar os donos do dinheiro: os corruptores.

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